Querido diário,
Ser mãe é pagar mico. É fazer coisas que a gente não quer para não magoar sua cria. Mas como não somos de ferro, tem que sobrar em algum lugar. Neste caso, estou usando suas linhas como penico.
Tudo começou semana passada quando Fofoquinha recebeu um convite para festinha de aniversário de dois amiguinhos da escola que eu não conheço. Aliás, não sei quem são as mães também. A festinha ia ser na casa do tio Ronald. Ronald Macdonald´s.
Querido diário, estamos juntos faz tempo. Você me conhece como poucos. Com certeza já percebeu o meu mau humor com a coisa. Você sabe que fazia 13 anos que eu não entrava na casa do tio Ronald (vai ver que foi praga do número 13). Você sabe que eu já havia escrito em meu blog sobre o desgosto no dia em que Fofoquinha, depois de 5 anos, foi levada lá por amiguinhos. Mas eu não poderia deixar a menina se sentir excluída. Nós vamos, resolvi.
Junto com o convite, uma autorização para levarem as crianças depois da escola. Liguei para saber como ia ser a coisa. Uma das mães me respondeu que eles iam levar as crianças--19, se todos assinassem--em 4 carros. Deixa eu ver: 19 dividido por 4 dá 4.75 crianças por carro. Evidentemente sem cadeirinha ou cinto de segurança. Pode deixar, respondi. Eu levo minha filha. Perguntei se havia problema em levar Matraca-Trica, uma vez que íamos direto da escola. Tomar uma decisão estava acabando comigo: levar uma criança de 3 anos no tio Ronald ou ela se sentir excluída. A resposta da mãe decidiu por mim: ela foi do tipo "se você precisa mesmo, então tá". Em tom de enfado. Conversei com ele e ele entendeu que não poderia ir. UFA.
Lá fomos nós duas. Eu e outras 2 mães também foram separadamente. Cinco adultos para 19 crianças. De 5/6 anos.
Diário, você sabe que a casa do tio Ronald é aberta ao público. Estávamos nós e o entra e sai de estranhos na hora do jantar. O único brinquedo ficava do lado de fora--o aniversário foi na noite que fez 12 graus--no térreo. A porta para esta "sala" e a escada para cima, aonde uma salinha estava decorada para o aniversário eram ao lado da porta de entrada e saída. Dezenove crianças correndo para cima e para baixo descontroladamente. Duas moças que foram designadas para atender a festa, coitadas, uma tirando os pedidos e a outra olhando mais ou menos a zona. As mães responsáveis estavam na sala de cima batendo papo. Vamos combinar que se alguém quisesse pegar uma das crianças e sair pela porta rapidamente não ia ter o menor problema. Se uma delas quisesse sair e ir para o meio da rua, também ia se dar bem.
Depois de comerem um Mac lanche feliz cada uma, as crianças desceram para brincar. Tinham que tirar o sapato para ir no brinquedo. Além do frio, o chão de lá estava tão limpo como chão de banheiro de casa noturna sábado lá pelas 4 e meia da madrugada. Eu confesso que fugi sem nem me despedir assim que cortaram o bolo. Peguei Fofoquinha pelo braço, enquanto ela escolhia um prêmio/lembrança e voltamos para casa. Jurei para mim mesma que nunca mais.
Sabe querido diário, eu entendo que alguns pais não tenham dinheiro para dar uma festa de aniversário para o filho. Ninguém tem obrigação de oferecer um rega bofe ano sim, ano sim. A gente faz o que pode com o que tem. Para isso temos uma coisa chamada imaginação. Ia ficar infinitamente menos micho e muito mais simpático cantar parabéns em casa entre cachorro-quente, pipoca, bolo e a atenção dos pais. Não precisa mais nada: nem balão, nem mesa alegórica, nem brinquedos ou lembrancinha. Certamente ninguém merece a falta de atenção, carinho ou cuidado do tio Ronald numa ocasião tão especial.
PS: Diário, não posso deixar de escrever que não tenho absolutamente nada contra os pais e principalmente as crianças aniversariantes, muito pelo contrário. Crianças são inocentes e pronto. Sendo eu quem sou, você sabe que iria contar o ocorrido conhecendo as partes envolvidas ou não.
Um comentário:
concordo completamente com vc. ninguém merece!!!
bjbjbj
http://maeporacaso.spaceblog.com.br/
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