quarta-feira, 29 de abril de 2009

propaganda enganosa

Uma grande amiga que leu o post abaixo me disse que esse bloguinho é de fazer qualquer um desistir de ter filhos. Disse também que mães em potencial deveriam fazer com Fofoquinha e Matraca-Trica um workshop durante algumas semanas antes de enfiar o pé na jaca-no estilo bootcamp encontra clínica de rehab.
Isso porque o mundo vende a maternidade como um comercial de absorventes íntimos: reparou como as modeletes estão sempre imaculadamente de roupa branca, sorriso cheio de dentes de catiguria "Ana Paula Arósio" e fazendo algum esporte tipo corrida ou aula de estepe? Agora, você mulher, me diga: não seria incrivelmente mais realista colocar uma mulher visivelmente com um humor do cão vestida com a roupa mais larga que ela tem em casa vegetando na frente da TV e comendo um pote inteiro de sorvete, com o requinte de deixar pingar bastante na camiseta velha que já está manchada de chocolate? Eu confiaria muito mais em um absorvente desses e pagaria qualquer preço por ele. Não preciso dizer que esses comerciais são, na minha opinião, criados por homens- que ficam ZERO vezes menstruados na vida.
Pois a maternidade nua e crua é assim:
A gravidez dá hemorróidas, estrias, varizes e dores generalizadas (ciático, lombar, pés etc). Isso sem falar que na hora do parto sua vagina é exposta ao público passante como uma estátua em praça pública. E manuseada com aquela delicadeza característica de açougueiros quando estão separando a gordura da peça de alcatra. Depois vem os pontos, os gases, a depressão. Meses de vigília aonde seu cérebro acaba do tamanho de uma noz. Amamentar dá muita dor no bico do seio. E o peito cai. Tá gostando até aqui? Eu não, vou parar- lista é muito, muito longa e já estou começando a ficar deprimida. 
Essa visão de maternidade que mais parece com o nascimento do Bambi-entre flores da primavera, gorjear de passarinhos e muitos bichinhos meigos e fofinhos-está tão perto a realidade como a Enterprise do Terceiro Quadrante. Se me duvida, basta sair perguntando para qualquer coitada com cara de sono empurrando carrinho de bebê pela rua. 
Eu estou fazendo minha parte: se passo por uma sílfide saltitante pela rua de calça branca, paro a moça e pergunto: você está menstruada?




quinta-feira, 23 de abril de 2009

noia

...e foi assim, meus queridos amigos, que eu me tornei uma chata de galochas. Arre, tem dias que nem eu mesma me aguento.
Oops, fiz de novo, não foi? Comecei pelo final. Então, já que faz parte da chatice repetir-se algumas vezes (mesmo que dentro de sua própria cabeça), vou contar minha saga (novamente):
A vida andava calma e em rotina-que agora morro de saudades-e um dia em que eu não coloquei tampões nos ouvidos, o relógio biológico começou uma lavagem cerebral em mim, uma cantiga doce e suave em ritmo de narrador de histórias para fazer boi dormir. Não precisou muito tempo para que eu ficasse a mercê de meus hormônios, e como uma doutrinadora fervorosa das Testemunhas de Jeová fui bater na porta de minha cara metade. O que poderia fazer o coitado? Em um ato de pura insanidade momentânea ele achou a idéia ótima e no mês seguinte Fofoquinha retirou a placa de "Vacancy" de meu útero. O resto é história.
A maternidade não é para todas, agora (e só agora, quando é tarde demais) eu sei. Um Matraca-Trica depois, perdi o que restava de meu senso de humor, minha leveza d'alma e meu espírito esportivo. Ganhei outras coisas em troca-muitas delas maravilhosas-mas o assunto não é esse agora e sim das coisas que não tenho orgulho algum, como stress e chatice. O ovo e a galinha. Ganhei TPM também, que antes não tinha e por isso vocês estão lendo esse texto agora. 
A chatice vem quando a gente transforma nosso lar em QG do exército: "Eu disse A-GO-RA! Escove bem os dentes, você esqueceu o lado de cima! Guarde os brinquedos no lugar deles! Hora de dormir!" etc. Não preciso me estender muito aqui, todas nós conhecemos mui bien essas frases. Alguém já viu algum militar rir? I rest my case.
Li outro dia que a mulher fala, em média, 3 vezes mais do que o homem. Deve ser porque a gente tem que repetir a mesma coisa 3 vezes antes que alguém nos ouça e obedeça.
Imagine você (no caso de não ter filhos ou ser homem) se comparar com uma vitrola quebrada dia sim, dia sim. Depois de alguns anos, no que isso transforma a gente?


quarta-feira, 22 de abril de 2009

fofices do design: kidoodles


Nunca tive medo de melê. Fofoquinha e Matraca-Trica sempre tiveram liberdade de expressão dentro e fora de casa. Eles tem camisetas (minhas, velhas) para pinturas e outras melecas que nós inventamos. Não me importo que eles pintem a cara, o cabelo ou os braços- eles usam o corpo como tela com prazer. Nada que um banho não resolva mais tarde, certo?
Certa vez, quando tinha dois anos e pouco, Fofoquinha participou de uma pintura coletiva em um parquinho. Conhecendo meu eleitorado, deixei a fofa só de fralda. De natureza performática, ela pintou o castelinho feito de caixas de papelão, ela mesma, a fralda e de quebra a cabeça de um menino. De verde. A cabeça toda. Aconteceu evidentemente no nanosegundo em que eu virei de costas para pegar uma banana para o lanche. Nem preciso contar a expressão da mãe mau-humorada do menino quando viu o que tinha acontecido...
Enfim, essa novidade da Crayola é mais um motivo para eu não conseguir ter uma decoração cool em casa. O giz-de-cêra Kidoodles foi criado para ser usado em vidros e vem em 5 cores básicas. O mais importante-e o que eu não entendo por que não é feito no Brasil-sai fácil da roupa e da pele! Porque as canetinhas e giz-de-cêra não saem da roupa e dedinhos (e rosto e braços e joelhos) neste país??
 

terça-feira, 21 de abril de 2009

pergunta


Você e sua cria estão no tanquinho de areia do tamanho de uma quadra de vôlei. Todas as pazinhas e baldinhos espalhados, você convence a cria a fazer um bolo de areia. Vocês estão dentro do tanque de areia, você sentada na beirinha como toda mãe. A cria, de pazinha em punho, viaja até o a outra extremidade do tanquinho, pega areia com a pazinha e vem derrubando tudo pelo caminho. Coloca o que restou da areia no baldinho. Vai de novo até o outro lado e volta cambaleando com a pazinha e alguns grãos de areia que sobreviveram a turbulência. Meia hora depois o baldinho está 1/4 cheio. 
Se estão todos dentro do tanquinho de areia, porque as crias tem que viajar o mais longe possivel para pegar areia no qual elas estão pisando para encher o baldinho?

sábado, 18 de abril de 2009

fofices do design: escorregador

Aqui é o melhor lugar para guardar meus desejos quando for construir nossa casa própria. Não importa se vou ter 47, 55 ou 73 anos, um dia a minha escada vai ter um escorregador do ladinho, como nessa casa que não tenho a menor idéia de quem é para informar vocês. Ela está em meia dúzia de blogs bacanas que me levam a outros blogs e a origem, desconfio, perdeu-se pelo cyberspace.
E não pense que vou fazer isso para meus filhos ou netos. Vou fazer para mim mesma!

sábado, 11 de abril de 2009

de olho no futuro

De vez em quando me pega pensando no futuro de Fofoquiha e Matraca-Trica. Sabe como é, de vez em nunca sobra um tempinho para devaneios sem consequência. O que será que eles vão ser quando crescer? Se for para manter a tradição de ir contra a maré dos pais e deixá-los (a princípio) profundamente decepcionados, então com certeza um deles vai ser algo como dentista* ou advogado* e outro vai passar o resto da vida em uma baia em baixo de luz fluorescente e ar condicionado viciado em um cargo medíocre de middle management* para uma grande companhia qualquer. Não tem como evitar o clichê de se pegar pensando: "Docinho tem tanto jeito com bonecas, acho que ela vai ser pediatra". Também faço isso. Tanto que tenho uma lista de possíveis profissões que eles tem talento e expertise mais do que suficiente agora para se tornarem os melhores em suas áreas.

Fofoquinha se daria muito bem nas seguintes profissões:
  • atriz de novela mexicana
  • colunista de fofocas 
  • go go girl
  • diva
  • roteirista de ficção científica
  • cabelereira
  • designer de bijoux
  • pastry chef
  • critica de cinema para desenhos animados
  • promoter

Já Matraca-Trica, nessas abaixo:
  • dublê para cenas de alto risco
  • maquinista de trem
  • ator de novela mexicana (está nos genes, fazer o quê?)
  • piloto de avião-daqueles que fazem desenho no céu com fumaça
  • locutor de jogos em estádios
  • manobrista
  • atleta-especializado em atirar pesos e corrida de 200 metros rasos
  • ator (tanto o palhaço como algum dos equilibristas/contorcionistas) no cirque du soleil
  • soundtrack designer
  • candidato a cargo político/lobista

Vai ser divertido eles lerem essa lista em 10 anos...e eu ter que explicar o porquê.

* Gente, não tenho nada contra essas profissões, ok? Não é para se ofender, por favor.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

as pajens e eu: etiqueta

Caras Senhoras e Senhores,
O que vou contar agora é pouco ortodoxo e sei que nem todos acreditarão nos acontecimentos. Eu tive uma epifania neste final de semana e gostaria de dividir com quem tiver paciência para ler.
Coloquei uma toga de linho rústico e com o cabelo desgrenhado ao vento, subi à montanha neste domingo. Voltei hoje com as mãos calejadas e os pés sangrando, com duas tábuas de pedra esculpidas pela minha consciência. Nesta tábua estão os mandamentos sobre etiqueta entre mães quando o assunto é o emprego da pajem. Tá certo, exagerei na licença poética-tenho uma queda para o drama do tamanho das novelas mexicanas de quinta categoria.
Os mandamentos não são muitos e minha habilidade manual, nula.
Eis aqui, em primeira mão, o resultado de minha árdua labuta:
  • Não xavecarás a pajem alheia em baixo das barbas da atual patroa.
  • Não roubarás a pajem alheia. Alheia quer dizer: da melhor amiga, da vizinha, da outra criança da mesma classe, da prima ou de qualquer outra família que você conheça, mesmo que de passagem.
  • Não empregarás a pajem cuja criança você ou seus filhos conhecem e encontram com frequência-especialmente se a criança for pequena.
  • No caso de a pajem ser de uma criança da mesma escola, clube ou qualquer outra área social do que a sua, antes de empregá-la falarás com a mãe dessa criança para saber se há problema ou não. Se houver, respeite.
A razão para isso é simples: você gostaria que isso acontecesse com você? Porque eu ODEIO quando acontece comigo. O-D-E-I-O. Sabe quem tem que segurar a batata quente quando o filho vê a ex-pajem no pátio da escola levando outra criança? Quem tem que explicar umas 35 vezes, inutilmente, para uma criança de 2, 3 ou 4 anos porque a pajem que ela amava de coração não está mais tomando conta dela e sim do outro menininho no mesmo prédio? Pode acontecer de a criança não estar nem aí, mas se for uma pessoa querida, ela pode ficar muito, muito magoada por não entender os fatos da vida.
Portanto, senhoras e senhores, um pouco de decoro e civilidade não fazem mal a ninguém quando lidamos com assuntos tão delicados quanto os nossos pequenos. Cuidado nunca é demais e educação, um plus.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

little girl giant


Era uma vez uma pequena menina gigante. Certa vez, em um domingo ensolarado em um reino mágico e distante chamado Londres a Little Girl Giant acordou. Ela então tomou banho, foi vestida como uma princesa seria e foi passear no parque. O dia estava lindo e ensolarado. Como promete ser este final de semana.