...e foi assim, meus queridos amigos, que eu me tornei uma chata de galochas. Arre, tem dias que nem eu mesma me aguento.
Oops, fiz de novo, não foi? Comecei pelo final. Então, já que faz parte da chatice repetir-se algumas vezes (mesmo que dentro de sua própria cabeça), vou contar minha saga (novamente):
A vida andava calma e em rotina-que agora morro de saudades-e um dia em que eu não coloquei tampões nos ouvidos, o relógio biológico começou uma lavagem cerebral em mim, uma cantiga doce e suave em ritmo de narrador de histórias para fazer boi dormir. Não precisou muito tempo para que eu ficasse a mercê de meus hormônios, e como uma doutrinadora fervorosa das Testemunhas de Jeová fui bater na porta de minha cara metade. O que poderia fazer o coitado? Em um ato de pura insanidade momentânea ele achou a idéia ótima e no mês seguinte Fofoquinha retirou a placa de "Vacancy" de meu útero. O resto é história.
A maternidade não é para todas, agora (e só agora, quando é tarde demais) eu sei. Um Matraca-Trica depois, perdi o que restava de meu senso de humor, minha leveza d'alma e meu espírito esportivo. Ganhei outras coisas em troca-muitas delas maravilhosas-mas o assunto não é esse agora e sim das coisas que não tenho orgulho algum, como stress e chatice. O ovo e a galinha. Ganhei TPM também, que antes não tinha e por isso vocês estão lendo esse texto agora.
A chatice vem quando a gente transforma nosso lar em QG do exército: "Eu disse A-GO-RA! Escove bem os dentes, você esqueceu o lado de cima! Guarde os brinquedos no lugar deles! Hora de dormir!" etc. Não preciso me estender muito aqui, todas nós conhecemos mui bien essas frases. Alguém já viu algum militar rir? I rest my case.
Li outro dia que a mulher fala, em média, 3 vezes mais do que o homem. Deve ser porque a gente tem que repetir a mesma coisa 3 vezes antes que alguém nos ouça e obedeça.
Imagine você (no caso de não ter filhos ou ser homem) se comparar com uma vitrola quebrada dia sim, dia sim. Depois de alguns anos, no que isso transforma a gente?
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