Se você chegou agora, saiba que este é o segundo post sobre um texto entitulado "Sem crianças, por favor" do Fabio Santos no jornal Destak. Para ler a matéria na íntegra, é preciso navegar até ela-coisinha meio chata, mas não tem outro jeito. As instruções para fazer isso estão no primeiro post: essa vai dar pano para a manga: a manga esquerda. Resumindo um pouco o texto, o Fabio descreve como crianças em público são inapropriadas para quem ainda não os tem (e) que trabalham, como por exemplo em pousadas paradisíacas com ar de honeymoon no meio de quilômetros de areia e coqueiros, aviões e almoços de negócios em restaurantes-enfim, basta ser um lugar público. Fala também sobre como os pais transferem a responsabilidade de controlá-las aos outros-eles que não tem filhos. Como está sobrando pano, esse vai ser tópico para uma terceira manga, a extra. Nossa, como estou me divertindo com o texto do Fabio! Para não confundir alhos com bugalhos, a manga direita vai se deter na primeira parte do texto.
Eu já fui o Fabio. E teria escrito as mesmas coisas que ele-e até um pouco mais, conhecendo meu humor. Eu nunca gostei de crianças e francamente não dava a mínima para elas. Por alguns (muitos) meses, só gostei de Fofoquinha, depois que ela nasceu, porque era minha.
Quer saber? Criança é inapropriada mesmo. Eu fui uma, lembro bem que peste sem classificação eu era. Minha mãe até rogou praga: "Você vai ver, seus filhos vão ser piores do que você foi!". Praga de mãe pega. Matraca-Trica e Fofoquinha são inconvenientes, inapropriados, cansativos, imprevisíveis e barulhentos. Resumindo, são crianças normais. Se não fossem assim eu ia achar que tinha alguma coisa muito errada com elas.
Eu desculpo o texto do Fabio. Já me desculpei também. Ele não é pai, não foi iniciado nessa grande maçonaria que chamo de "o lado de cá". Tudo o que o Fabio quer é curtir o mundo na santa paz e sossego em um mundo acima dos 18 anos. Pensando bem acho que não existe um ser adulto que não queira isso.
Logo no segundo parágrafo,, numa tentativa mixa de salvar a própria pele de leitores que são pais e com certeza mandariam emails de baixo calão, ele escreve: "Não que eu não goste de crianças. Gosto sim, e muito. Tanto que eu e minha mulher estamos em campanha pelo primeiro filho. Mas há lugares e circunstâncias em que crianças são, digamos assim, inapropriadas." Humm, se a linha de pensamento é essa, me dou o direito* de estender a frase dele para "...e circunstâncias em que crianças, cachorros, idosos, chatos, gente que está perpetuamente no celular (e pior ainda, falando alto), quem dirige mal, ri muito alto, usa perfume demais, tem mau hálito, é cafona (por que eu tenho que olhar coisa feia??) ou tem cérebro de galinha são, digamos assim, inapropriados". A lista é bem maior do que esta, infelizmente tive que resumir minha birra com a humanidade em poucas palavras.
Como o Fabio ainda não é pai-queria ser uma mosquinha para contar a todos vocês o dia em que ele estiver sem pajem e tiver que levar a futura cria no banco, na farmácia e no restaurante-ele nem imagina que a gente muitas vezes não tem escolha. Ou leva ou leva. Ele não sabe que as crianças aprendem por observação e vivência. Se nunca forem a restaurantes e viajarem de avião, nunca vão saber se comportar nessas situações. Ele não sabe sobre o grande segredo de "o lado de cá": a paciência divina e (quase quase) ilimitada. Ele provavelmente não lembra da própria infância: imagina se ele tivesse ficado dentro de uma bolha sem sair de casa (a não ser para ir ao playground e escola) até criar espinhas na cara. Acho que ele não teria gostado muito, teria? Saberia ele se comportar em sociedade?
Lugar público é...preciso mesmo explicar? Talvez sim, uma vez que o Fabio termina o texto dele assim: "...se seu objetivo for paz e tranquilidade, melhor se manter distante de qualquer lugar com playgrounds. O contrário também deveria valer. Se não tem parquinho, mantenha as crianças longe."...ou será que deixo ele descobrir por sí só?
* Me dou o direito de seguir sua linha de pensamento. Só isso, pois aprendi como agir em situações como estas quando elas se apresentam: "os incomodados que se mudem" é um moto simples a ser seguido e eu faço grande uso dele.