Olá, meu nome é Mamãe e sou viciada em babá eletrônica. Não sei dormir sem ouvir aquele chiado constante e a respiração de Matraca-trica e Fofoquinha no outro quarto. As vezes deixo tão alto que o simples mudar de posição de um deles me acorda. Eu não durmo direito faz 8 anos.
Acho sempre desculpas para mantê-la ligada. Tudo começou com regurgitos de Fofoquinha, que eram constantes. Já com Matraca-Trica, muitos vômitos noturnos e nariz sangrando não me permitiam uma noite tranquila de sono com a babá desligada.
Vamos combinar que faz 8 anos e a coisa tá ficando meio patética. O nariz já foi cauterizado, os vômitos noturnos pararam e os dois tem perninhas bem ágeis que acham minha cama no escuro. Muitas vezes eles nem acordam para fazer esse trajeto.
Ouvi dizer que o primeiro passo para largar o vício é admitir que tem o problema. Pois aí está.
Será que existe algum grupo de apoio para esse tipo de mãe patética como eu?
A verdade é que a gente, sem se tocar, deixa uma rabeira para ignorarmos que os nossos filhos crescem. Formiguinha Atômica, amiga de Fofoquinha, ainda come no cadeirão, tão pequenina que é que cabe em um chaveiro. Tem um que que não largou a chupeta aos 4 anos, ou aquele que aos 5 ainda toma mamadeira antes de deitar. Os exemplos são tantos que me pego rindo do inconsciente sozinha, de mim mesma e das mães todas. Pensa bem que você vai achar uma coisinha que já está obsoleta na vida de sua cria mas que o Tico e o Teco não podem nem imaginar viver sem, se agarram à ela como se a vida dependesse dela. Agora trabalhe para erradicar essa coisa de sua rotina. Eu já comecei a desligar, mesmo que por pouco tempo, a babá na hora de dormir. São pequenos passos, com muita regressão, mas estou andando para frente. Mesmo tendo a sensação, alguns dias, que dou 2 passos para trás e 1 para frente.
* nota sobre a belezura da imagem que escolhi:
O Radio Nurse foi criado por Isamu Noguchi logo após do caso do rapto do bebê Lindbergh (1932) para acalmar as famílias impressionadas com o caso. Olha só o tamanhinho dele:
Mamãe também é cultura!