Faz tempo que não escrevo. Aqui, pelo menos. Acontece que o meu projeto, que logo logo vocês vão conhecer, está tomando meu tempo. É por uma ótima causa, eu asseguro. Mas tem uma coisa que não posso deixar passar, e não é motivo algum de orgulho de minha parte.
Antes de começar, queria dedicar esse post à Mari Hart, do blog Diário de uma Mãe Polvo, uma mulher que não conheço mas tenho o maior respeito e simpatia.
Faz tempo ela escreveu sobre a dificuldade em achar uma escola inclusiva para o menino dela. Isso me lembrou de uma situação que aconteceu com meus filhos. Fofoquinha e Matraca-Trica tiveram, na minha opinião, o privilégio de fazer parte de uma escolinha pró-inclusão, onde a diretora e o corpo docente consideram crianças especiais um presente caído do céu.
Matraca-Trica tinha em sua sala um menino com deficiência cerebral e outro com Down. Fofoquinha não teve o mesmo privilégio, tampouco a mesma exposição e convívio com amiguinhos especiais na época em suas salas.
Um dia estávamos na praia e um adolescente especial estava ao nosso lado com a família. Ele se aproximou e puxou conversa. Matraca-Trica bateu o maior papo com ele, de igual para igual. Fofoquinha estava visivelmente constrangida, com medo e querendo fugir dali. Segurou meu braço com tamanha força que quase cortou a circulação. Por mais que tentasse acalmá-la e mostrar como conversava naturalmente com o amigo, ela não conseguia sequer olhar em sua direção. Not my proudest moment com ela. Não era nem sua culpa, ela nunca havia convivido com pessoas especiais e ficou com medo do desconhecido.
Onde quero chegar com isso? Segue meu raciocínio aqui:
Escolas não inclusivas -dá para entender o porque; dá trabalho, custa dinheiro e ninguém tem paciência, afinal essas crianças são uma incoveniência, certo?- geram adultos intolerantes, pela falta de convívio e conhecimento. Esses adultos intolerantes vão ser professores, diretores e participantes de associações de pais, todos ovos perfeitos em uma embalagem fechada onde não há lugar para ovos assimétricos. Como se esses ovos também não fossem ovos. Esses adultos vão transformar a vida de outros, como a da família da Mari, em um inferno.
Esses adultos, assim como todos nós, não percebem como os próprios filhos são deficientes: de tolerância, de boa vontade e de respeito.
update: Fofoquinha tem, em seu grupo de teatro (fora da escola atual, pois esta me envergonho de contar que é não inclusiva) novas amigas. E elas são mega especiais! Agora sim estou orgulhosa da minha pequena.
8 comentários:
Sabe pq chorei ao acabar de ler o post?! Pq hj tomei uma decisão super importante bem pensada, que foi tirar meu filho da escola, o outro gêmeo, o dito "normal". Ele já não estava feliz lá e colocando em uma balança os pós e contras, um ponto que pesou MUITO foi a inclusão. Ou no caso, a falta dela.
Há menos de meia hora atrás eu estava conversando com a supervisora pedagógica, expliquei meus motivos e toquei nesse assunto. Eu disse que eles estão muito atrasados nesse quesito, que hj em dia em qualquer escola que vc vá, se vê criança com Down, Autismo e etc... e tão importante p/ essas crianças, o outro lado tb é muito. A criança "normal" crescer, conviver com as diferenças, essa socialização é p/ o bem do MUNDO! É um problema social e não MEU problema de mãe de deficiente. É muito triste ser recusado por não seguir padrões impostos por uma sociedade injusta consigo mesma e com o próximo.
Se estas crianças convivessem com o diferente, certamente não fariam cara de nojo qdo olham p/Leo em um evento extra curricular por exemplo. Enfim... desabafeyyyy! rsrs! Voltarei sempre aqui!
Super beijos e parabéns por pensar assim e por passar esses valores a seu filho. Acredite, vc está contribuindo para um mundo melhor. Sem preconceito.
Ótimo post!!!
Sou fã da Mari, das suas idéias e da sua tragetória de vida!
Bjo pras duas.
Flá eu nunca toquei nesse assunto, mas já era tempo. Na escolinha da minha linda não há nenhuma criança especial, porém no clube que frequento existe sim duas crianças com Dawn. No comecinho minha linda perguntava pq eles eram daquele jeito. Ai ficava que nem besta tentando explicar. Bom mas logo ela já não perguntava mais. Simplesmente brinca com eles e pronto. Achei fofo. Bjs
Olá meninas! Lindo post! Me lembrei da minha infância. eu era bem pequena quando conheci um rapazinho com PC. A família dele tinha dinheiro, e ele tinha um outro irmão mais velho "normal" que era um xodó. Os pais tinham vergonha do filho!!!! ele vivia trancado, só com a babá, nunca em convívio com amigos da família! eu com meus cinco anos talvez, fiquei curiosa em saber quem era aquele menino. e me arrisquei ao quarto dele! a babá se assutou mas deixou que eu o visse. mais velha eu pude raciocinar sobre o que eu vi. é triste quando o preconceito vem da família. sua mãe!!!
Pretendo ensinar esses valores ao meu pequeno, que ele respeite e conviva com todas as diferenças. Admiro demais a Mari, por sua história, sua trajetória e sua família linda! Ainda ouviremos muito falar do Leo e de muitos outros Leos!
Flavia,
ótimo post, adoro a Mari, e realmente meu raciocínio é igual ao teu,tem toda razão!!
Beijos
Flávia, ainda me causa espanto que muitas escolas estejam tão atrasadas no quesito inclusão. Minhas filhas estudam com coleguinhas especiais e me emociono com a interação de todos os alunos, como eles se comunicam, se divertem! A escola faz um trabalho lindo e isso foi um dos pontos que me motivou a matriculár minhas filhas lá.
A Mari é uma guerreira, sempre disse isso, e uma pessoa admirável, que merece todo o respeito desse mundo!!!
Bjos!
Belo post Flavia!
Tb admiro muito a Mari e a luta dela com as crias. Meus filhos sempre tiveram contato com crianças especiais porque estudam em escolas públicas e acho super importante a inclusão.
belo trabalho amiga...grande bj e estou orgulhosa de VOCE
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