Pick eaters.
Provavelmente você tem um em casa. Pick eater é um temo em inglês para designer
a criança com dificuldades alimentares. Você conhece o tipo: limitado a um ou
dois grupos alimentares, não fica sentado durante a refeição, não experimenta
coisas novas, só querem comer um determinado alimento em um dia e no dia
seguinte não querem nem saber dele. A única coisa consistente sobre eles é a
inconsistência.
Sim, você acredita
que seu filho não recebe a alimentação adequada em variedade e quantidade. Você
se estressa sobre o assunto, e a criança reage de acordo. Você se sente
culpada, preocupada e incapaz de lidar com a situação. As refeições tornam-se
um processo incrivelmente frustrante. Já passei por isso.
Antes de entrar
neste assunto, é importante dizer que existem vários motivos para o seu bebê escolher
dessa maneira irritante seu alimento. Seu filho está aprendendo sobre um milhão
de coisas novas a cada minuto do dia, como independência, gostos pessoais, as
habilidades motoras (estes pequeninos estão sempre em movimento, o que afeta
seus hábitos alimentares. Eles não se sentam para nada, inclusive refeições) e
interação com quem o alimenta (às vezes, uma luta de poder na mesa de jantar é
apenas isso - uma luta pelo poder) só para citar alguns relacionados com o
nosso tema de hoje.
Após um ano de crescimento
rápido (em media, uma criança de um ano de idade triplicou seu peso desde que
nasceu), as crianças ganham peso mais lentamente. Isso quer dizer que precisam
de uma quantidade menor de comida. Os adultos não têm uma ideia clara do
tamanho de porções e tendem a basear-se em suas próprias necessidades. Entendeu onde quero chegar?
Breve pausa aqui para contar que a Abbot Nutrição Brasil
me convidou, juntamente com a imprensa local e outros blogueiros para o 4 º
Encontro Internacional Sobre Dificuldades Alimentares, no Rio de Janeiro, para
falar sobre este assunto.
Uma pesquisa feita
pela Abbott nos mostrou que 51% das mães com crianças entre três a sete anos de
idade entrevistadas em todo o mundo acha que tem algum grau de dificuldade com
a alimentação de seus filhos. Pick eating é uma percepção dos pais, é muito
importante ressaltar. Apenas 1% a 2% destes 51% são realmente diagnosticados
como distúrbio alimentar. As informações acima me trazem de volta no que eu
estava dizendo: o estômago de uma criança é aproximadamente do tamanho de seu
punho (não o seu, adulto, mas sim o da criança). Faça pequenas porções de
alimentos, ao invés de encher o prato e vá colocando mais a medida que seu filho
lhe pede mais. Estudos do American Dietetic Association mostra que as crianças,
mesmo aquelas cujos pais consideram picky eaters, geralmente consomem uma variedade
suficiente de alimentos para satisfazer as suas necessidades nutricionais.
O paladar de
algumas crianças são mais sensíveis que outros. Alguns simplesmente não gosto
da textura, cor, ou sabor de determinados alimentos. É por isso que uma criança
pode alegar não gostar de um alimento que ela nunca sequer experimentou. Da
mesma forma, algumas crianças podem rejeitar um alimento porque as faz lembrar
de uma época em que estavam doentes ou porque têm alguma outra associação
negativa com ele.
Há uma linha tênue
quando pick eating se torna um transtorno alimentar e quando é apenas uma
criança se comportando como uma criança. Mesmo que seu filho não se alimente
adequadamente como você gostaria, se ele está crescendo normalmente e tem um
nível de energia normal, provavelmente não há motivos para se preocupar.
Durante a nossa
conversa com os médicos Mauro Fisberg, Benny Kerzner, Glenn Berall, Irene
Chatoor, Bill MackLean, Russel Merritt e Kim Milano aprendemos que os bebês
amamentados são mais acostumados com alimentos novos mais tarde, já que
experimentaram sabores de alimentos diferentes que passaram para o leite
materno. Aprendemos também que as famílias que fazem refeições regulares e tem
rotina tem menos problemas que as outras.
Ainda segundo os eles,
esse transtorno alimentar é sobre a dinâmica de quem alimenta (geralmente a mãe) e
a criança, nunca apenas um ou outro. Existem quatro tipos de pais de famílias: os
controladores, os indulgentes, os negligentes e os responsivos. O estilo dos
pais e a forma como eles interagem com seu filho irá determinar se e em que
grau a criança vai ser um pick eater. Nós não podemos esquecer também de outras
razões que limitam o apetite da criança, como a genética (preferências por
textura e aroma), as causas ambientais (aftas, febre, estomatite, ajuste dos
aparelhos odontológicos, etc.) ou neofobia, o medo ou aversão de coisas novas.
Todas estas causas podem impactar os gostos e desgostos e comportamento de seu
filho.
Como saber a
diferença entre uma criança pick eater e uma com distúrbio alimentar? Quando a
saúde da criança fica comprometida: perda de peso, retardo no crescimento e
baixa imunidade, por exemplo.
Forçar uma criança
a comer um alimento que ela não gosta, ou uma quantidade que é demais para o tamanho
do estômago dela traz consequências mais tarde. As crianças que não estão tomam
as decisões ao alimentar-se (como decidir quando eles estão cheios) estão em
maior risco de se tornarem obesos na vida adulta. Forçar uma criança a
experimentar novos alimentos só vai torná-la mais arredia e menos aberta a
experimentar coisas novas no futuro.
Observação: a Abbott
Nutrition desenvolveu uma ferramenta chamada IMFeD para Crianças (identificação
e gerenciamento de dificuldades alimentares) para ajudar os pediatras para
identificar e gerenciar possíveis dificuldades alimentares. O IMFeD está sendo
usado com sucesso em mais de 16 países e agora está disponível no Brasil.
foto: Nós e Dr. Mauro Fisberg. Cortesia do blog Nerd Pai.
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