-Você fez essa barbaridade?!-perguntou minha amiga, rindo à beça, depois que contei o que tinha acontecido ontem.
-Fiz.
O que aconteceu ontem? Vou contar: minhas crias ganharam no natal da tia dois peixinhos dourados, um para cada um. Nemo e Caquin (a coisa mais próxima que minha cria consegue falar referindo-se ao Macqueen) viveram felizes por algum tempo até que um dia o Nemo não acordou. Estava emborcado, mortinho da silva. Essa foi minha primeira grande chance para explicar os fatos da vida. A ladainha que tudo nasce e morre, sobre a natureza blá-blá-blá. A lição foi dura e minha cria que tinha adotado o Nemo ficou muito tristinha, chorou, não se conformou por dias. Não foi muito fácil participar disso. Como todo pai desesperado para ver o sangue de seu sangue sorrir novamente, lá fomos eu e meu marido atrás de outro peixinho para ficar no lugar do Nemo depois do serviço funerário. Não achamos nenhum pequeno o suficiente para nosso diminuto aquário. Já que tínhamos que achar algum peixe, qualquer peixe, procuramos um na segunda cor favorita da cria, laranja. A primeira é cor-de-rosa, um tanto difícil, vamos combinar. Compramos um peixinho de 1,5 cm, mas pelo menos ia se dar bem com o peixinho dourado. Nemo II durou um mês.
Ontem quando as crias foram dar comida para os peixes, Nemo II já estava no fundo do aquário lutando pela vida. Minha cria não ia aguentar outra decepção, pensei. Foi assim que começou o meu martírio. Disse que o Nemo II deveria estar cansado e ia dormir um pouquinho, já pensando na ida à loja de animais mais tarde.
Levei as crias para a escola. Quando voltei, Nemo II já estava dormindo com os anjos. Lá fui eu procurar outro peixinho igual, que com alguma sorte as crias não iriam perceber a troca. Três lojas depois e nem sinal de um irmão gêmeo do Nemo II, acabei comprando outro peixe dourado. Pelo menos era laranja como o falecido. Agora não tinha mais jeito, ia ter que contar a verdade. A agonia sobre como contar o que aconteceu me atormentou a tarde toda.
Quase na porta da escola eu tive uma idéia. E deu nisso:
-Vocês nem imaginam o que aconteceu com o Nemo II.-disse no carro, quase em casa.
-O quê?-perguntaram.
-O Nemo II é um tipo raro de peixe que um dia vai dormir, faz um casulo e sai de dentro outro peixe, como a lagarta e a borboleta!
-Você fez essa barbaridade?!
-Fiz.
A felicidade com o peixe-borboleta foi tamanha que a cria conta toda feliz para quem quer que seja o que aconteceu e que o peixe que saiu do casulo chama-se Laranjinha. Pobre de mim que tenho que chegar na frente e esbaforidamente contar para o adulto em questão que peixe faz casulo SIM. O pior é passar por doida.
A moral da história é das mais antigas: mentira tem perna curta! Mas quem nunca contou uma lorota para proteger a sua cria?
2 comentários:
Hilario!!! Entao... o peixinho sai com asinhas e tudo mais?!?
Ah, deu umas saudades suas, um beijao aqui das aguas azuis de Maui!
Rose
Em casa so Beta Fish -- estes sao peixes solitarios, porem nao precisam de ar, bombinha, pedrinha, etc...e um peixe super minimalista...melhor de tudo nao morre tao rapido quanto o peixinhos dourados...alias, saimos de ferias no ano passado por 3 semanas e nao e que quando chegamos la estava o Beta, Azulao, nadando normalmente, vivendo de algas?
Parabens pelo Blog,
/gb
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