A minha ficha caiu só depois de uns 15 dias que minha primogênita nasceu.
Invejo (aquela inveja benéfica, leve, sem um pingo de maldade) as mulheres que olham dentro dos meus olhos e dizem, seguras da verdade absoluta: "Assim que peguei meu filho no colo nos apaixonamos perdidamente". Queria ter passado por isso.
A verdade verdadeira mesmo é que a ficha do amor incondicional e absoluto pode cair no meio a gravidez (do segundo filho para frente), na hora do parto, alguns dias ou meses depois ou pode não cair nunca. Não me venha com essa de que não é verdade, que você amou seu filho desde a hora da concepção. Sim, você amou seu filho desde a hora da concepção, eu também, mas o sentimento é diferente. Pare e pense, lembre-se bem. Alguma coisa mudou, não foi?
Não faltam motivos para retardar esse sentimento que vai mudar sua vida irreversivelmente e te transformar num ser ainda mais enigmático para sua cara metade: o medo do desconhecido, a insegurança, o trauma do parto, as dores, seu corpo que você não reconhece, o desespero de ficar sozinha sem saber o que fazer com esse pacotinho que colocaram em seu colo, a responsabilidade por essa vidinha que parece tão frágil, os hormônios pelo amor de Deus!
Se sua cara metade tinha alguma ilusão e fé de tentar entender as mulheres um dia, depois do nascimento do seu filho ele vai jogar a toalha para sempre. Aliás, você também vai estar tão transtornada que não vai entender patavina do que está acontecendo, até que um dia você vai olhar para seu pacotinho e não vão restar dúvidas.
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