Farmácias, supermercados, sacolões, bancos e correios cheios, sempre cheios. Isso acontece muito em janeiro e julho, notaram? Muita falta de paciência, alteração de vozes-tanto para o agudo como para o grave, com todas as variações de altura; pacotes caindo no chão, chaves balançando, uma bagunça geral. As pessoas tem muita dificuldade em permanecer nas filas paradas.
Não se trata de nenhum mistério: trata-se de férias escolares que não acabam nunca. Acontece que nós, adultos, temos que continuar com a vida: temos compras de mantimentos a fazer, contas a pagar e eventualmente, trabalhar. As crianças, tadicas, tem que nos acompanhar nesse entediante mundo adulto de coisas a fazer. Em todos os lugares que precisamos passar. Em todas as filas que precisamos pegar. Qualquer coisa para distrair a atenção dos pequenos vale: guloseimas, falar com estranhos, segurar as chaves/bolsa/celular da mamãe, olhar machucados, contar carros vermelhos na rua, o que você inventar. Alguns pais tem a sorte de poder trabalhar, pelo menos meio período, em casa. Vejo muitas mulheres no clube de laptop na mão enquanto a cria faz um bolo de lama no tanquinho.
O que vejo mais, porém, é um stress geral de todas as partes: muita briga e choradeira. Tanto da mãe como do filhos. Na verdade, muito mais das mães. Ninguém aguenta mais e quer voltar logo para uma rotina que não começa nunca-algumas famílias tiveram a sorte das escolas começarem as aulas esta semana. Outras, como eu, nem tanto.
Férias longas eram bacanas, me lembro bem, quando tínhamos para onde viajar e minha mãe podia ficar conosco pois não trabalhava. O tipo de coisa que hoje em dia é uma raridade, para não dizer um luxo. Porque as férias não se adequaram aos novos tempos, pelo menos para crianças menores de 10 anos?
Notaram o apelo desesperado de uma mãe que ama de coração seus rebentos mas que gostaria de tirar o nó do cordão umbilical que é dado ao redor do pescoço nesses meses e voltar a ter vida própria?