terça-feira, 27 de outubro de 2009

dando as costas para a tv

Achei que tinha acabado com o assunto televisão. Rá, eu nem imaginava o que vinha pela frente.
Saiu -finalmente, para meu alívio- um artigo no New York Times sobre o recall que a Disney está fazendo nos DVDs do Baby Einstein. Quem comprou os DVDs nos últimos 5 anos tem direito a ter seu dinheiro de volta. Deu para perceber que nunca gostei de Baby Einstein, não? Me deu uma vontade infantil de sair por aí dizendo "Eu te disse, não te disse? Eu te disse!", mas vou manter a compostura.
Para quem lê sem problemas as entrelinhas, isso quer dizer que a Disney admite publicamente que os DVDs não fazem nada para deixar seu bebê mais inteligente e não passam de uma babá eletrônica para deixar você em paz por algum tempo. Não se iluda em achar que a Disney teve uma epifania e resolveu fazer o que é certo. A única razão para eles estarem fazendo isso é a de evitar um processo legal gigantesco em suas costas. Foi parte do acordo para não irem parar nos tribunais americanos. Ou você acha mesmo que a Disney, que controla 90% do mercado de midia para bebês em um grosso de 200 milhões de dólares em produtos ao ano ia ser tão legal assim?

Gente, chega mais perto da tela do computador que eu vou contar um segredo para vocês....
Diz o ditado que se uma coisa é muito boa para ser verdade...é porque não é.
Imagine você: o sonho de qualquer pai e mãe é que sua cria torne-se o novo Stephen Hawking. Se for por algum meio que eles possam comprar e sem nenhum envolvimento deles próprios, melhor ainda! E daí que as pesquisas mostram que a TV é prejudicial para crianças menores de 2 anos (o problema só vai aparecer mais tarde, com déficit de atenção aos 7 anos) e a American Academy of Pediatrics recomenda que nenhuma criança seja exposta à telinha antes dessa mesma tenra idade?
A falta de interesse e envolvimento no desenvolvimento do sangue de seu próprio sangue pelos pais já foi levantada aqui no blog. Preciso me estender mais nesse assunto? Acho que não, ninguém deve me aguentar mais escrevendo sobre assunto...tô errada?
Groucho Marx disse uma vez: "I find television very educating. Every time somebody turns on the set, I go into the other room and read a book. (Eu acho a televisão muito educativa. Toda vez que alguém liga o aparelho, vou para outra sala ler um livro)". Da próxima vez que o controle remoto tentar seus dedinhos pense no Groucho, com bigodão, óculos, sombrancelha de taturana e charuto na boca falando isso para você.
Estava aqui pensando em como acabar este post, mas a frase que encerra a matéria do NY Times dita por Mr. Rideout resume com precisão meu pensamento: "To me, the most important thing is reminding parents that getting down on the floor to play with children is the most educational thing they can do" (Para mim a coisa mais importante é lembrar aos pais que brincar com as crianças é a coisa mais educativa que eles podem fazer).


domingo, 25 de outubro de 2009

fofices do design: flexibath



A empresa dinamarquesa A Real Cool World lançou a algum tempo atrás a banheira para bebês Flexibath. Como dá para ver, elas não poderiam ser mais compactas. A Flexibath tem um número sem fim de combinações de cores e não é feita com nenhum material quimico prejudicial aos nossos cotocos e a natureza como PVC ou BPA. O ralo muda de cor para avisar quando a água está na temperatura ideal para o banho e o fundo é antiderrapante.
Melhor ainda é imaginar como a Flexiabath pode ter vida longa depois de uns 8 meses de uso como banheirinha: porta brinquedo, porta revistas, cesto de roupas sujas, piscinha para bonecas, peixinhos e dinossauros (ei, quem sou eu para criticar??) e o que mais vier à cabeça.

sábado, 24 de outubro de 2009

kideos


Ahhhh, o Youtube me deu paz e sossego agora. Ele criou o Kideos-videos for kids, um portal só para crianças. Pode chamar todos os Smurfs da casa para sentar na frente da tela do computador, está tudo beeeem organizadinho por idade e por tema. Tem até videos em português!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

ainda sobre a telinha

Aconteceu em uma sexta feira depois de uma semana daquelas que não deu tempo nem de validar um pensamento, o que dirá ter mais do que 24 segundos para fazer xixi (considere que nós mulheres temos que, nesse espaço de tempo, abaixar tudo o que tem que ser abaixado, sentar no vaso, limparmo-nos, levantar e subir tudo o que tem que ser subido).
Sentei no bar do clube de frente para o campo de futebol, na vã esperança de uma tarde calma em que o máximo que faria seria olhar a grama artificial crescer.
Mas infelizmente a cachola não para nem por um segundo. Estava com as melhor das intenções, a de simplesmente vegetar por algumas horas. Não rolou.
Tudo começou quando comecei a rir sozinha sobre a história que uma mãe amiga me contou sobre como ela teve que fazer uma tabela de crescimento- daquelas que a gente põe na parede e vai marcando com caneta/lápis/batom/pincel a cada ano- igual à da filha para...a boneca dela. Daí para caraminholar sobre programas de tv violentos e como afetaram Fofoquinha e Matraca-Trica foi um pulo (don't even ask o que o caqui tem a ver com a lagartixa...cadeia do inconsciente tem dessas coisas).
A verdade é que agora eles acham que controlam o que querem ver. Já dividi com vocês a minha tristeza pelo abandono por completo por Fofoquinha e Matraca-Trica dos programas educativos aqui. Por mais de dois meses deixei a coisa rolar solta, achando natural mais essa novidade no desenvolvimento deles. Eles tinham livre escolha sobre os desenhos que queriam assistir. A preferência girava em torno dos programas com algum grau de violência: Pucca (que nada mais é do que um desenho de artes marciais para meninas), Combo Niños, Power Rangers e Dinossauro Rei. Tá certo; tinha Scooby Doo, Padrinhos Mágicos, KND e Tom&Jerry também.
Minha casa virou então um laboratório para pesquisas sobre comportamento infantil. Fofoquinha e Matraca-Trica, dois fofos porquinhos da índia. Nesse curto espaço de tempo assisti, ao vivo, o estrago que certos programas de TV podem fazer.
Como não conhecia esses desenhos, comecei a assistir com eles. Meus olhos começaram a ficar a cada noite mais arregalados de surpresa. Aprendi com isso a monitorar de perto ao quê as crianças são expostas. Siga meu conselho e faça isso você também.
Em menos de uma semana Fofoquinha e Matraca-Trica já estavam brincando de luta. Iáááááááááá! Em menos de 3 semanas socos, pontapés, tapas e muitos gritos de iááááááááá! viraram rotina (atenção aqui) durante os desenhos. Os dois levantavam do sofá na hora das lutas e imitavam os personagens. O resultado até então foi de muito choro e ferimentos leves. Por mais que eu explicasse que os personagens de desenho não sentem dor porque eles não existem (como assim não existem, mamãe?) e que violência não era admitida dentro (ou fora) de casa, os desenhos foram mais fortes. Não muito mais tarde veio a gota d'água: Fofoquinha soltou um iááááááá e um pontapé em Matraca-Trica que quase quebrou o nariz do moleque. Isso sem falar no meu sofá que ficou coberto de sangue por causa a veia estourada. Basta.
Com isso esse tipo de programa hoje está banido de casa. Olha que não foi fácil. Fiz um combinado-unilateral, bien sur-que para cada ato de violência deles, os dois passariam 3 semanas sem assistir os tais programas. Como o detox de Fofoquinha e Matraca-Trica demorou um tanto (incrivelmente eles voltaram ao normal), eles estão de castigo pelos próximos 2 anos, aproximadamente.

fofices do design: giulia big-giulia small rocking horse

Senhoras e senhores:
Tenho orgulho de apresentar o mais recente trabalho em design de ponta do grupo Pininfarina Research Centre. Design esse que surpassa qualquer projeto feito pela equipe Pininfarina para a Ferrari, Maserati e Alfa Romeo. Design esse que deixa a Ferrari Testarossa no chinelo.
Senhoras e senhores, aqui está sem mais delongas: o Giulia Big-Giulia Small Children's Rocking Horse. O primeiro cavalinho de balanço assinado de seu pitoco.
Desenvolvido para a companhia italiana Riva 1920, o cavalinho é feito de um só pedaço de cedro esculpido e não contém nenhuma cola, pintura ou acabamento tóxico.

domingo, 18 de outubro de 2009

curta: clássicos infantis

Deixei cair um pecinha atrás do sofá. Quando olho, não só acho a preciosa pecinha-que só porque era pequenina e eu precisava encaixar em outra maior, pela lei de Murphy, iria rolar para atrás de alguma coisa de difícil acesso- como também um ninho. Loiro. Pelo comprimento das madeixas poderia ser tanto de Fofoquinha como de Matraca-Trica.
Demorou, pensei comigo mesma. Quem não cortou o próprio cabelo quando era pequeno põe o dedo aqui! Tesouras são uma fonte de inúmeras tentações: roupas, brinquedos, livros e....cabelos. A volta da escola hoje iria ser bem interessante.
O detalhe é que isso aconteceu em uma casa em que a mamãe (eu) está a beira de uma doença psicológica grave em relação ao cabelo de suas crias. Cortados a perfeição por um cabelereiro de gente grande de super confiança (quem mais poderia fazer um moicano em Matraca-Trica que quando está sem gel parece um corte normal?) sob meu atento olhar e penteados a miúda, os dois são sempre motivo de elogios dos outros por causa de suas madeixas. Eu daria uma betazóide de primeira em Star Trek Next Generation.
Bom, Matraca-Trica está com a loirice intacta. Já Fofoquinha....
Achei, entre seus longos e repicados fios que ela tem a vã esperança de que um dia fiquem do mesmo comprimento do cabelo da Barbie Rapunzel-não basta só ser a Rapunzel, tem que ser a Barbie Rapunzel, um trecho que mais parece um eletroencefalogramo.
Como na vida tudo o que você disser pode e será usado contra você, quando perguntei o motivo de tal barbaridade capilar ela respondeu:
-Para meu cabelo crescer forte e bonito, mamãe! Empresta a tesoura de novo?

sábado, 10 de outubro de 2009

criando david bowie

O título do post não corresponde bem aos meus sentimentos. Pensando bem, Matraca-Trica está mais para Ziggy Stardust. Isso dito, quero dizer que estou adorando ter um menino em casa que não tem um pingo de receio em usar o corpo e a moda como forma de expressão. Sou uma grande defensora em deixar crianças se expressarem da maneira que quiserem sem se prenderem a nenhum estereótipo preconceituoso do mundo de gente grande, como vocês já leram nos posts "Boas e paetês, com muito makeup" e "Closets".
Entra em cena, no programa de férias, um monitor chamado Tio Bob. Depois de dois dias de programinha, estou ajudando Matraca-Trica a se vestir para sair e ele me pede para fazer o cabelo igual ao do Tio Bob. Gente, eu sou uma boa Edward Scissorhands mas não faço milagres. O apelido que as pessoas dão na padaria e na feira para Matraca-trica é "Alemão". Tio Bob, por sua vez, usa um black power descolado com as pontas juntas formando uma grande estrela ao redor de sua cabeça. Sacou? Fiz o que era humanamente possível e lá foi ele parecendo o Supla brincar no programa de férias. Todo orgulhoso em chegar para o Tio Bob e dizer que o cabelo deles estava i-gual-zi-nho.
Matraca-Trica não é nem um pouco tímido ao usar acessórios. Fomos brincar um dia na casa de um casal amigo. Alguns dias depois- acho que ele precisa de um tempinho para digerir o que vê- lá vem ele de novo: Mamãe, quero sair bonito. Faz meu moicano? Fui pegando o gel com a maior tranquilidade do mundo (pode faltar comida aqui em casa, mas tubo de gel nem pensar!) achando que o assunto estava encerrado alí mesmo. Ledo engano, depois do gel veio outra pergunta: Mamãe, menino usa anel? Isso vindo de uma criança que já estava com o cabelo todo para cima, colar, óculos escuros e batom da irmã. Respondi que sim e ele me pediu um emprestado. Dei. "Mamãe, posso usar o anel igual ao tio outro dia?", perguntou ele colocando o anel no dedão. Matraca-Trica-olhos-de-lince não perde um detalhe que ele possa incorporar mais tarde. Aonde será que o tio usava anel?
O moleque tem 4 anos e já é um fashion statement. Ele passa 5 minutos com a gaveta de meias aberta para escolher dois pés de meia de pares diferentes para calçar. Só porque ele achou bacana e diferente. E mostra para todos os amiguinhos, que daqui a pouco vão imitá-lo, assim como fizeram com o moicano (quando as mães colaboram, o que é raro).
A única coisa que me deixa mal humorada é quando gente grande vira para ele-depois de olhar a produção toda- e diz que meninos não usam certas coisas. Ô gente estraga-prazeres.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

fofices do design: kiddo cabana




-E no que posso ajudar a senhora hoje?
-Doutor, eu sou viciada. Sou viciada em casinhas para crianças. Tentei de tudo: florais, intervenções de parentes e amigos, tomei bola, fiz promessas públicas para leitores anônimos...até na Betty Ford já me internei. Acreditei sair de lá curada. Mas quando a tentação aparece na minha frente não consigo resistir. Olha bem essa casinha da Modern Cabana. Não tem como passar batido por ela. O senhor também não gostaria de ter tido uma dessas quando era pequeno? Com lousa e rolo de papel dentro, portinhas que não prendem os dedinhos e ainda por cima com acabamentos de óleo de árvores naturais? Olha só a mesinha que dobra, como é possível resistir? É por isso que estou aqui hoje, doutor. Acho que sou um caso incurável e preciso ser internada para sempre. Por favor me tranque em um quarto-ou melhor, em alguma casinha- e jogue a chave fora!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

R.I.P.

Familiares, amigos, educadores; estamos hoje aqui reunidos para celebrar a passagem dos nossos queridos Desenhos Animados Educativos para um lugar melhor. Um lugar cheio de luz, paz, personagens animados e...imaginário. Um lugar longe de nossos olhos. Tenho certeza que apesar de não os vermos mais, nunca deixarão nossas vidas- simplesmente existirão em nossa imaginação e em canais que agora passamos batido. Eles estarão em nossos corações para sempre, estrelinhas em um céu de LCD.
O que posso dizer dos Desenhos Animados Educativos? Por onde começar a descrever o que nós, pais, sentimos quando nossos filhos perdem o interesse por programas legais? Tenho um nó na garganta, não acredito conseguir terminar a frase.
Um minuto para me recompor, por favor...

Enxugadas as lágrimas no canto dos olhos, só posso dizer o quanto vou sentir falta de vocês. Vocês foram uma presença constante na rotina de Fofoquinha e Matraca-trica por anos. As crianças interagiam com vocês com alegria nos olhos, dedinhos famintos por apontar para vocês e se comunicavam com monosílabas que só a tela de TV poderia entender. Matraca-Trica e Fofoquinha respondiam perguntas que vocês nunca ouviriam, comparavam suas próprias experiências com as que vocês nos mostravam. Vocês, sempre tão gentis, nunca nos deixaram na mão. Bom, a não ser no final de semana quando a programação muda.
Ahh, Desenhos Animados Educativos, agora minhas crias só querem assistir aquela gama de outros desenhos para crianças maiores que não acrescentam nada em suas vidas. Quando pergunto se eles se lembram de vocês, a resposta é "como eles eram mesmo?". Fofoquinha e Matraca-Trica chegaram naquele estágio pouco relevante em suas cacholinhas em formação: o da vegetação em frente a uma TV. Ó tristeza. Minh'alma pesa com a perda dos Desenhos Animados Educativos.
Queria pedir agora um minuto de silêncio em honra a tão notáveis programas. Tenho certeza de que aonde eles estão agora, haverá sempre uma criança com sorriso nos lábios, feliz em assistí-los.
Obrigada.