Aconteceu em uma sexta feira depois de uma semana daquelas que não deu tempo nem de validar um pensamento, o que dirá ter mais do que 24 segundos para fazer xixi (considere que nós mulheres temos que, nesse espaço de tempo, abaixar tudo o que tem que ser abaixado, sentar no vaso, limparmo-nos, levantar e subir tudo o que tem que ser subido).
Sentei no bar do clube de frente para o campo de futebol, na vã esperança de uma tarde calma em que o máximo que faria seria olhar a grama artificial crescer.
Mas infelizmente a cachola não para nem por um segundo. Estava com as melhor das intenções, a de simplesmente vegetar por algumas horas. Não rolou.
Tudo começou quando comecei a rir sozinha sobre a história que uma mãe amiga me contou sobre como ela teve que fazer uma tabela de crescimento- daquelas que a gente põe na parede e vai marcando com caneta/lápis/batom/pincel a cada ano- igual à da filha para...a boneca dela. Daí para caraminholar sobre programas de tv violentos e como afetaram Fofoquinha e Matraca-Trica foi um pulo (don't even ask o que o caqui tem a ver com a lagartixa...cadeia do inconsciente tem dessas coisas).
A verdade é que agora eles acham que controlam o que querem ver. Já dividi com vocês a minha tristeza pelo abandono por completo por Fofoquinha e Matraca-Trica dos programas educativos aqui. Por mais de dois meses deixei a coisa rolar solta, achando natural mais essa novidade no desenvolvimento deles. Eles tinham livre escolha sobre os desenhos que queriam assistir. A preferência girava em torno dos programas com algum grau de violência: Pucca (que nada mais é do que um desenho de artes marciais para meninas), Combo Niños, Power Rangers e Dinossauro Rei. Tá certo; tinha Scooby Doo, Padrinhos Mágicos, KND e Tom&Jerry também.
Minha casa virou então um laboratório para pesquisas sobre comportamento infantil. Fofoquinha e Matraca-Trica, dois fofos porquinhos da índia. Nesse curto espaço de tempo assisti, ao vivo, o estrago que certos programas de TV podem fazer.
Como não conhecia esses desenhos, comecei a assistir com eles. Meus olhos começaram a ficar a cada noite mais arregalados de surpresa. Aprendi com isso a monitorar de perto ao quê as crianças são expostas. Siga meu conselho e faça isso você também.
Em menos de uma semana Fofoquinha e Matraca-Trica já estavam brincando de luta. Iáááááááááá! Em menos de 3 semanas socos, pontapés, tapas e muitos gritos de iááááááááá! viraram rotina (atenção aqui) durante os desenhos. Os dois levantavam do sofá na hora das lutas e imitavam os personagens. O resultado até então foi de muito choro e ferimentos leves. Por mais que eu explicasse que os personagens de desenho não sentem dor porque eles não existem (como assim não existem, mamãe?) e que violência não era admitida dentro (ou fora) de casa, os desenhos foram mais fortes. Não muito mais tarde veio a gota d'água: Fofoquinha soltou um iááááááá e um pontapé em Matraca-Trica que quase quebrou o nariz do moleque. Isso sem falar no meu sofá que ficou coberto de sangue por causa a veia estourada. Basta.
Com isso esse tipo de programa hoje está banido de casa. Olha que não foi fácil. Fiz um combinado-unilateral, bien sur-que para cada ato de violência deles, os dois passariam 3 semanas sem assistir os tais programas. Como o detox de Fofoquinha e Matraca-Trica demorou um tanto (incrivelmente eles voltaram ao normal), eles estão de castigo pelos próximos 2 anos, aproximadamente.
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