segunda-feira, 15 de novembro de 2010

hoje não vem que não tem


Já teve dias que você acordou cansada e sem vontade? Eu acordo assim de vez em quando. Assim, com uma profunda preguiça da maternidade. 
Tem dia que eu gostaria de ficar na cama, lendo, vendo TV e dormindo. O dia todo. Sem ouvir sequer uma voz, que dirá 65743865 vezes alguém chamar "Mamãe!". Essa coisa de ficar 24 horas por dia gerenciando a vida de pequenos seres, sem direito a férias, feriados ou finais de semana é deveras cansativo.
Ensinar, explicar, separar brigas, argumentar, guardar, entreter, cuidar, alimentar, e outros verbos de ação sem fim me fazem pensar nos comerciais manipulativos de produtos para bebê, quando as mães, ainda com pontos frescos da cesária, tem toda a energia do mundo para passar meses em claro com a prole e uma infinidade de brinquedos educativos em baixo da asa.
Oito anos depois, com mais uns 15 ainda por vir -se tiver sorte- tem dias que eu queria que Fofoquinha e Matraca-Trica já estivessem com 30 e tantos anos, morando fora de minhas quatro paredes.
Maternidade é tudo de bom e eu não trocaria por nada. Acontece que ela não é o que os comerciais vendem por ai e tem dias que a gente gostaria de fazer outras coisas que não envolvem crianças.
Leve em consideração que quem escreve tem quase nenhuma possibilidade de se ausentar e Fofoquinha e Matraca-Trica são presença constante em minha vida, mesmo que um deles vá dormir na casa da vovó, o outro fica com Mamãe.
Tem dias que um deles acorda do lado errado da cama e o azedume inferniza a rotina da casa e os demais moradores. Tem dias que eles estão tão entretidos em alguma brincadeira que parecem os filhos-bolha: nenhuma tentativa de fazer-se ouvir penetra o perímetro da brincadeira, que sempre envolve algo perigoso, proibido ou faz uma enorme sujeira pela casa. Nesses dias, depois de muitas tentativas frustradas e muito tempo depois que a gente mandou a pedagogia dos livros para o espaço, dá peguiça. Dá frustração, deixa a gente irritada, de mau humor.
Aí aparece Matraca-Trica pelas costas e me abraça e me beija 56 vezes -ele contou. Como uma viciada em substâncias entorpecentes pesadas que recebeu mais uma dose, me sinto pronta para enfrentar os vikings até o final do dia. Amanhã tem mais. 

Um comentário:

Rebeca disse...

Minina, pedir para o marido levar os filhos pra comer fora e ficar em casa vendo seriado e comento miojo nesses dias ajuda bem!
Rebs