sexta-feira, 5 de setembro de 2008

fofices do design XXIII



Tenho que confessar que sou obcecada por casinhas: de bonecas, miniaturas, para crianças, em árvores. Todo o mundo já percebeu, não tenho mais como esconder. Com certeza é por que nunca tive uma.
Todas as vezes que vejo uma belezura arquitetônica destas, da companhia alemã Baumraum, começo a coçar. Não acho que preciso escrever mais nada a respeito, preciso? As imagens já são suficientes.
Visitando o website da companhia, descobri que eles fizeram um projeto no Brasil, chamado "Casa Girafa", em Curitiba. Agora, junto à coceira, começo a salivar descontroladamente.
Tenho que me mudar. Logo.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

vamos trocar figurinhas?

Parte de ser mãe é administrar a tralha infantil. Fraldas, calcinhas e cuecas, lanchinho, casaco e brinquedos que não podem ser enterrados na areia. É ter o cobertor--sem o qual Fofoquinha não pega no sono sem--lavado e cheiroso, é  dar comida para o pexinho, porquinho-da-índia ou cachorro. É administrar álbum de figurinhas. Este último requer uma paciência de Jó. Da minha parte, porque não faço como as outras administradoras que conheço desta área fazem.
Primeiro, não compro vinte pacotes e dou nas mãos de Matraca-Trica e Fofoquinha só porque eles estão entediados com a vida e querem completar o álbum. Ontem. Pacote de figurinha, em casa, é prêmio. E prêmio suado: um pacotinho por vez dependendo do dia e de como foi o comportamento para merecê-lo. Normalmente o pacotinho só troca de mãos depois de uma tarefa bem executada da parte deles.
Segundo, são eles que colam as figurinhas no álbum. De ponta cabeça, no lugar errado. Tortas. Rabiscam em cima, colam adesivos. Descolam tudo depois, tentam colar de novo. Mamãe, porque não quer ficar colado? As páginas se rasgam. O álbum, afinal de contas, é deles. Não é meu. Não tenho o menor interesse em plastificá-lo e colocá-lo em cristaleira com porta vidro quando estiver completo.
Terceiro, para mim figurinha repetida é figurinha dada. O eu quero dizer com isso? Vou explicar com um exemplo que me deixou passada (motivo pelo qual estou escrevendo sobre o assunto. O resto até agora foi só para encher linguiça e disfarçar um pouco) e outro que veio depois:
Fofoquinha estava colecionando o álbum das Princesas/Moranguinho/Barbie, qualquer coisa com bastante glitter e cheiro de tutti-frutti, não vem ao caso. Um dia destes fomos à pracinha do lado de casa e ela descobriu uma "amiguinha" que tinha figurinhas para trocar. Fofoquinha separou as figurinhas que queria do bolo da menina e mostrou à mãe dela. A mãe-não a filha-olhou o bolo da Fofoquinha e não viu nada que a filha já não tivesse. Contou, então, quantas figurinhas a Fofoquinha tinha pego, virou para mim e disse: "Sua filha não tem nada que interesse. Como ela pegou 15 figurinhas da minha filha, vou pegar 15 do bolo dela, mesmo que a minha filha já as tenha". Não deu nem tempo de piscar e quando vi já tinha aberto a boca e respondido na lata: "Por favor, se quizer pode ficar com todas. Aliás, faço questão." A mãe agradeceu com má vontade, pegou as 15 figurinhas repetidas e foi-se embora com a filha.
Matraca-Trica por sua vez colecionava qualquer álbum de carros. No clube achou um menino que tinha acabado de comprar o álbum. Ele pegou o bolinho de figurinhas repetidas dele e deu para o menino. Fim de história.
Isso é figurinha dada. Mais do que isso, sei que não sou perfeita. Mas sei o que estou ensinando para meus filhos: bondade, cooperação, boa vontade e alegria em dar. Ao contrário de mesquinharia, egoísmo e interesse. Bem plastificado para a posteridade.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

a pedra no meu sapato


Paciência. A gente não nasce com ela. É uma arte a ser aprendida durante anos, décadas. Particularmente nunca fui uma pessoa paciente. "Até parece que nasceu de 7 meses" dizia minha mãe. E rogou praga: "Você vai ver só quando tiver filhos!".
Eu vi. Hoje eu senti o que é ter paciência. Foi uma epifania.
O cenário: estou com uma terrível enxaqueca devido ao banho de perfume que Fofoquinha tomou antes de ir para escola. Como o banho dela não era suficiente, ela deu um banho no irmão também. Eu fui dirigindo para a escola como se fosse cachorro, com a cara para fora do vidro. Sabe elevador quando a gente entra e está infestado com perfume de loira cinquentona? Pois é.
Mas foi na saída da escola que começou meu calvário. Dentro dela tem um tanque de areia. Matraca-Trica empaca lá pegando pedrinhas e começa a se descontrolar. Pega pedrinhas e coloca no bolso traseiro da calça. Temos que ir embora, eu insisto. Ele acaba aos prantos. Pergunto o que foi, ele responde que quer a pedra. Quer a pedra, mia ele. Pedra, que pedra? Já disse antes e repito: o moleque é meu filho, mas quando encasqueta com alguma coisa vira uma mula empacada. E chora, pedrinha após pedrinha. Digo que temos que ir embora, a escola já vai fechar. Não sei se ele está falando de alguma pedra específica, chamo a tia. A tia vem, tenta conversar com ele. Me explica que são só as pedrinhas na areia que ele quer. Eu respiro fundo. Vem a diretora. Fala para Matraca-Trica que a escola já está fechando. Ele sai, ainda soluçando e meio puxado pelo braço. A outra mão está segurando a calça que está caindo por causa do peso atrás.
Ele vai esperneando: "Eu quero a pedrinha!" até o carro, não há conversa que o faça desistir. Trinta e cinco minutos e 200 metros depois ainda estou na frente do carro com o moleque descontrolado. Tento todas as técnicas de relaxamento que conheço. Para mim mesma. Quanto tempo você acha que levou para eu convencer a pessoa a tirar as pedras do bolso de trás para ele poder sentar sem se machucar? Só digo que ele acabou com o pacote de kleenex de tanto assoar o nariz escorrendo por causa do choro. Paciência, muita paciência, foi o mantra na minha cabeça no caminho para casa. Tá certo que estava difícil ouvir meus pensamentos, Matraca-Trica-Disco-Riscado continuava na ladainha da pedrinha. Desceu do carro. Pegou de dentro da mochila, ainda dentro da garagem, pedrinha por pedrinha e colocou todas novamente dentro do bolso. Teve o cuidado de achar as que cairam no chão e rolaram para debaixo de carros ou atrás da pilastra. Este processo deve ter levado uns 10 minutos. Esta foi a viagem mais longa entre a escola e nossa casa que eu já fiz. Confesso que fiquei aliviada ao abrir a porta de casa. Entramos e Matraca-Trica começa o cerimonial de tirar as pedrinhas uma por uma de dentro do bolso para empilhá-las em cima do sofá--do sofá!!
Mas esta não foi a pièce de resistance. Após terminar ele pega todas que consegue com as duas mãos, vai para a cozinha em direção à lata de lixo e me diz:
-Mamãe, vou jogar as pedrinhas fora porque eu não quero mais.
Sorriu, fungou o nariz ainda escorrendo, fechou a tampa da lata de lixo e foi procurar o Macqueen para brincar de carrinho.

nota: Foi aí que descobri porque as janelas de apartamentos tem que ter rede: não é para as crianças não caírem. É para a gente não as atirar pela janela em dias como este.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

fofices do design XXII

Nos tempos da minha avó as mamadeiras eram de vidro. Depois vieram as mamadeiras de um produto revolucionário, o plástico. OHHH! Que maravilha, não quebram! Que praticidade!
Décadas depois (nos dias de hoje, mais especificamente) descobriu-se que este produto revolucionário solta toxinas cancerígenas quando aquecido. A cidade de San Francisco nos Estados Unidos já baniu produtos feitos para crianças de alguns tipos de plástico por serem considerados tóxicos. 
De volta para o vidro, então. Desta vez com uma luva de borracha que protege o vidro de quedas e batidas. De preferência com um design bacana. Nem precisei procurar muito.
Estas gracinhas são da Baby Life
Agora só falta escolher entre dar de mamar às bonecas de Fofoquinha, arrumar um chá de bebê para ir ou engravidar de novo...

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

15 minutos. aqueles do andy warhol


Ahh, a fama. Assunto del

-Só mais um minuto, deixa a mamãe acabar a frase que eu já vou colocar de novo.
Desculpem. Eu já volto. Só assim terei 10 minutos de sossego para escrever.

...

Ahh, a fama. Matraca-Trica e Fofoquinha queimaram seus 15 minutos domingo passado. Cedo assim. Foi no programa Domingo Espetacular da Rede Record. Coruja que sou não poderia deixar passar em branco no blog, especialmente porque a matéria foi sobre um assunto que já escrevi aqui (o post dos "bebês-bolha").
A história foi assim:
Era uma vez duas crianças que estavam sendo filmadas em uma fazendinha e a mãe não sabia o porquê. A repórter estava fazendo uma matéria sobre a vitamina S. Seus filhos nunca tomaram? Os meus tomam doses diárias. Vitamina S é conhecida, no populacho, como Sujeira do Bem. Conversando com a repórter (muito simpática, aliás), a mãe descobriu que Matraca-Trica e Fofoquinha eram, para seu orgulho, as crianças mais sujas da tal fazendinha. A repórter tinha achado o contra-ponto para a história que estava em andamento. Ela já havia entrevistado uma mãe cujos filhos não saem de casa por que ela tem medo de germes. Estas crianças estão perpétuamente doentes e com problemas respiratórios. A repórter então pediu para entrevistar a mãe dos sujinhos e seus dois porquinhos com mais calma.

-De novo? Vocês não cansaram, não?
Desculpem novamente. Já volto.

...

Voltando: a mãe dos sujinhos confessa que cansou de escrever na terceira pessoa do singular e vai voltar à realidade porque, afinal de contas, ela não faz parte de nenhuma família real. Nem de contos de fadas.
Foi um segmento grande, com entrevistas com uma psicóloga e um alergologista explicando o que as pessoas normais já sabem: para desenvolver o sistema imunológico é preciso estar em contato com os germes, bactérias e todos os bichinhos microscópicos que existem na face da terra. Não adianta ignorar, eles estão no ar que você respira. Não adianta lutar contra também, é só uma questão de tempo para eles voltarem e te pegarem pelos pulmões. Crianças que podem explorar a vida são mais criativas, abertas e curiosas. 
Matraca-Trica e Fofoquinha fecharam a matéria. Sujos, descalços e rindo muito.
Pela última vez, com licença. Eles estão me chamando pela oitava vez para voltar a fita. Eles querem se ver mais uma vez na TV.
De novo. E de novo.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

overkill

Vocês conhecem o Manda-Chuva?
Pensando bem, acho que não.
Péra ai, não estou falando do gato Manda-Chuva, aquele do Guarda Belo e do Batatinha dublado pelo Lima Duarte.
Você que tinha certeza absoluta de que era este, não é? Tsc, tsc, tsc.
O Manda-Chuva, na verdade, é um menino. O nome Manda-Chuva foi escolhido só para continuar com a ideia de substituir o nome de crianças de verdade pelos nomes de personagens de desenhos animados.
Ahhh, pensa você. Agora você entendeu.
Pois então, estou aqui agora para descrever para você dois dias típicos na vida do Manda-Chuva que se repetem um atrás do outro. Todo dia ele faz tudo sempre igual....
Manda-Chuva é tirado da cama, quer ele queira, quer não, as 7 e meia da matina. Com muito esforço, as 9 horas da manhã ele está na natação. Assim que a natação acaba ele vai para o judô. Se troca, almoça e vai para a escola no período da tarde. Depois da aula a mamãe dele vai buscá-lo para ir para casa. No caminho ele não pode cochilar para não estragar o sono noturno. Ela faz o impossível para que isso não aconteça, por mais cansado que ele esteja. Manda-Chuva chega em casa, toma banho e janta. Fica esperando o papai chegar lá pelas 9 da noite para brincar um pouco com ele. Escova os dentes e vai dormir entre 10 e 10 e meia. 
No dia seguinte Manda-Chuva é tirado da cama, quer ele queira ou não, as 7 e meia da matina. Um processo que requer algum tempo, por algum motivo ele nunca consegue acordar. As 9 horas da manhã ele tem aula de inglês. Assim que a aula de inglês acaba ele vai para a ginástica olímpica. Se troca, almoça e vai para a escola no período da tarde. Depois da aula a mamãe dele vai buscá-lo para ir para casa. No caminho ele não pode cochilar para não estragar o sono noturno. Ela faz o impossível para que isso não aconteça, por mais cansado que ele esteja. Manda-Chuva chega em casa, toma banho e janta. Fica esperando o papai chegar lá pelas 9 da noite para brincar um pouco com ele. Escova os dentes e vai dormir entre 10 e 10 e meia.
Todo dia, no caminho de volta para casa, na hora da Ave Maria (as 6 da tarde para quem faltou no catolicismo), Manda-Chuva surta. Chora, esperneia e ninguém consegue controlar o menino. Dai para frente é um barraco atrás do outro.
Manda-Chuva é amiguinho do Matraca-Trica. Tem 3 anos.

Vou dizer somente duas coisas-prometo.
  • Nosso papel é abrir ao máximo o leque de experiências para que nossos filhos conheçam tudo. Nosso papel é também fazer escolhas e limitar atividades, respeitando o ritmo de cada um. É achar o equilíbrio entre estas duas coisas. É saber que é impossível fazer de tudo ao mesmo tempo, todos os dias.
  • Tempo livre não significa espaço a ser preenchido. Significa tempo livre. Os pequenos precisam de tempo para processar tudo o que estão aprendendo. Assim como nós. Gostaria de saber por quanto tempo você iria aguentar este ritmo de vida do Manda-Chuva sem precisar de remédios, terapeuta ou 12 horas de sono.
Ai, ai. Não sei porque faço promessas que não vou cumprir...aqui vai mais uma: Manda-Chuva tem que esperar o pai até aquele absurdo de hora-principalmente para um menino muito cansado-quando o moleque já deveria estar nos braços de Morfeu. O pai tem boa intenção, não me entenda errado, quer passar um pouco de tempo com o Manda-Chuva. Mas como se diz, até o inferno está cheio de boas intenções. Querer que o moleque siga os horários de adultos é por demais egoista da parte do papai. 

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

fofices do design XXI

Toda vez que vejo carrinhos cobertos com fraldinhas, cobertores ou paninhos para que os bebês possam dormir sossegados, fico incomodada (ora, que novidade: eu incomodada). 
Quando o tempo está quente estes bebês devem se sentir sufocados. Você já pegou uma fraldinha de pano e colocou na cara em baixo do sol por alguns minutos? Agora imagine se for um pano com uma trama menor aonde não passa nenhum ar.
Eu sei que depois dos 3 meses é difícil fazer o bebê adormecer em lugares públicos, eles estão muito mais interessados no que está contecendo ao redor deles.
E voilá mais uma boa idéia, esta da Downtimebaby. Pode ser mais prático e bonitico do que isso? Nem preciso explicar que esse gorrinho vem com abas para cobrir os olhos e somente os olhos, bloqueando a luz sem sufocar ninguém. Se o seu pimpolho não gosta de gorrinhos, você pode colocá-lo depois que ele adormecer. E todo mundo vai saber que tem que fazer silêncio ao redor dele.
Psiuuu.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

crianças em motocas

-Mas está todo mundo indo, mamãe. Eu também quero! Por favor! Deixa, vai?! PorfavorPorfavorPorFavor, POR FA-VOR!

Essa sou eu, circa 1972. Um pouco mais nova ou mais velha do que Fofoquinha.
Obs: O quê, você achou que eu ia entregar assim minha idade numa bandeja de prata?? Rá.

Minha mãe disse que não e foi não mesmo. Não teve jeito. Nem eu nem minha irmã pudemos dar uma volta na moto nova do vizinho, que estava levando todas as crianças ao redor do quarteirão. Duas vezes. As duas únicas crianças da rua. Fiquei tão inconformada que nunca esqueci. Só fui perdoá-la depois que Fofoquinha nasceu-esta e muitas outras coisas.
Ahhh, então foi por isso que ela não deixou, penso comigo mesma. Agora passei para o mesmo lado da cerca que ela está. E concordo com absolutamente tudo o que ela fez.

Voltando ao assunto: todo dia vejo um pai chegar na escola com um filho, de moto. O moleque não tem mais do que 5 anos. Ora, não se preocupem, ele vai de capacete. Daqueles para bicicleta.
Obs: Estou sendo sarcástica. Não tenham dúvida alguma.

Meu coração vem à boca toda vez que vejo a cena. Não pense que não tentei impedir, eu ajo do mesmo modo que escrevo (especialmente se estou com TPM). Aparentemente existe um limite até onde posso ir. Infelizmente. Me disseram que não se pode fazer nada, a não ser dar um flagrante e para isso a polícia tem que estar lá na hora que eles chegarem. 
A legislação brasileira (país da piada pronta) diz apenas que é ilegal transportar crianças menores do que 7 anos em motos. SETE anos. Por acaso uma criança de 7 anos consegue se defender em caso que acidente? Acho que eles escolheram esse número num bingo. Poderia ser 2, 9, 16. Caiu a bolinha do sete e sete ficou. Ou era o dia do aniversário da esposa do vereador que escreveu a proposta de lei, quem sabe foi o pai-de-santo que escolheu, sei lá.
Em caso de acidente um adulto sai varrendo o asfalto com a própria pele. A moto pode cair em cima dele. Sem falar no escapamento flambé. O mesmo acontece com a criança. Mas não se preocupe, ela vai estar com um capacete. Daqueles para bicicleta.

Francamente.
O fato deste pai não achar um capacete para moto para a idade de 2 a 5 anos para comprar não foi suficiente para ele perceber que tem alguma coisa errada com esta idéia brilhante? 
Eu nem sei bem como começar a escrever sobre como transportar crianças de qualquer idade, mesmo aborrescentes, em motos é perigoso. Mortal. Na minha cabeça eu nem precisaria escrever sobre o assunto, pois todos os pais tem bom senso. Tadica da minha cabeça, tão pequenina e iludida. 
Obs: Não se preocupem, já desci do bonde da ilusão e estou com os dois pés no chão...e o coração na boca. Bobagem minha, afinal a criança está com capacete. Daqueles para bicicleta.

domingo, 10 de agosto de 2008

quintal

Tem gente que tem jardim ou quintal em casa. Tem gente que tem playground no prédio. Outros tem pracinha, parquinho ou clube. Eu tenho o Hospital São Luis. O Hospital São Luis, apesar de estar localizado a poucos quarteirões (do jeito que a coisa vai vamos ter que procurar um lugar ainda mais perto, vizinho de preferência e que dê para ir a pé) funciona como o quintal da minha casa. Daqui a pouco vou começar a deixar uns brinquedos por lá, assim não vou precisar levar toda vez que vamos. Será que eles me dão um armário para colocar coisas? Hum, preciso lembrar de perguntar da próxima vez...
Não estou falando do ambulatório, aonde as mães tem mania de ir nas horas mais absurdas quando o filho está com a unha encravada ou com 37ºC de febre. Ambulatório é coisa para crianças. Estou falando da Emergência mesmo. Matraca-Trica já chega e todo os atendentes o cumprimentam pelo nome (que não é nada fácil de lembrar) e só faltam dizer "Faz um tempinho que você não aparece por aqui, né? Quem é vivo sempre aparece!". Os médicos já me olham perguntando "O que foi desta vez?".
Ontem foi um ponto no joelho. Três anos e um ponto. O primeiro de muitos, posso dizer sem nenhuma dúvida. Se esse moleque chegar na aborrescência inteiro estou no lucro.
Ele já tem uma coleção de raios-x que cobrem 47% do seu corpo. Começou cedo, logo que aprendeu a andar aos 11 meses. É meu filho, mas também é um destrambelho. O destrambelho cresce na mesma proporção que a idade. Não deveria ser ao contrário?
Se tem uma conta que jamais deixo atrasar, mesmo que tenha que escolher entre colocar comida na mesa ou pagar a conta é a do convênio médico. Dinheiro bem gasto, este.
Meus cotocos se machucarem não me preocupa. Como mãe, eu tenho apenas duas certezas na vida: eles vão ficar doentes e vão se machucar. O que me preocupa é que a única coisa que importa no momento para Matraca-Trica--a ponto de ele acordar cedo para puxar o pijama até o joelho para conferir, coisa que passou o dia fazendo com a calça a cada 1 hora e meia--é se o dodói vai ficar alí até amanhã porque ele quer mostrar para todos os amigos da escola na segunda-feira.

sábado, 9 de agosto de 2008

naqueles dias

-Mamãe. Mamãe. Mã-mãe!
-O que é? Mamãe está ocupada, assistindo um vídeo na internet de como descascar batatas em 10 segundos.
-Quero colocar a fantasia do Superman.
-Pede para alguém te ajudar. Mamãe tem que trabalhar um pouquinho. E por favor fecha a porta do escritório quando sair.
Lá vai Matraca-Trica batendo a porta e bufando de frustração.
Um minuto e meio depois a porta se abre:
-Mamãe, posso jogar o joguinho do Discovery Kids?
-Fofoquinha querida, você não vê que a mamãe está trabalhando?
-Mas eu quero.
-Assim que eu terminar, ok? Por favor quando sair feche a porta.
Fofoquinha finge que não ouve e vai-se embora, deixando a porta escancarada. Enquanto estou no telefone percebo que tenho no momento 4 programas diferentes abertos no computador, todos com coisas diferentes começadas e nenhum arquivo perto de ser terminado. E minhas unhas estão horrorosas, não vêem a cara de uma manicure faz semanas! 
Tinha a ilusão de que como começo das aulas eu ia poder voltar à rotina com calma. Acontece que esqueci que tinha que tirar o atraso. Montanhas de papel em cima de minha mesa, mailbox lotada com pessoas já sem esperanças de receber uma resposta minha e a raiz do cabelo com 3 palmos, esperando impacientemente a hora de ser pintada.
-Mamãe. Mamãe, sabe a árvore que caiu em cima da casa? Você precisa ir lá colocar durex nela para ela ficar de pé de novo.
Tive que parar o que estou escrevendo para rir, muito. Lá se foi o Superman. 
Lá vem ele de novo:
-Mamãe, vem cá que eu quero te mostrar uma coisa.
-Já vou, estou no meio de uma coisa aqui, quando acabar eu vou, tá bom? Coloca um sapato, por favor? Está frio para ficar descalço hoje. 
Não teve jeito. Ele grudou no pé da cadeira e ficou repetindo "Não, agora" até eu levantar, ir até a sala para ver o avião que estava sentado no sofá assistindo TV. Sem sapato. Olha só o desespero do moleque para chamar a minha atenção. Fofoquinha aproveita a deixa para implorar em miados para eu ficar lá com eles assistindo o filme. Disse que já ia. Voltei para cá para tentar terminar esta frase.
Tem dias que é assim mesmo, não tenho a chance de terminar nada do que comecei porque as crias querem minha companhia. Desesperadamente.
Quer saber? Tem dias que eu paro tudo para ficar com eles, como esta semana.
E é por isso que não deu tempo de escrever nada, nem vai dar para terminar este texto.
O filme do Pedro e o Lobo já está começando, com licença.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

panelinha

Meninas e panelinha. O ovo e a galinha. 
Meninas começam a fazer panelinha desde cedo. Agora que estou assistindo Fofoquinha e as amigas brincarem minha memória voltou à tona. A panelinha começa cedo, muito antes do que lembrava. E acompanham as meninas, depois garotas, moças, mulheres e senhoras ao longo da vida. Todas nós temos panelinhas. Sempre vamos ter a melhor amiga. E fofoca. Quem está dentro e quem não pode entrar.
Fofoquinha tem a melhor amiga dela. Aquela relação passional de amor e ódio, competitividade e companheirismo. Você sabe como é. Elas parecem siamesas dividindo o lado direito do cérebro (o que processa as emoções) andando de mãos dadas pelo parquinho.
Assim como elas tem as panelinhas delas, as mães tem suas próprias panelas: vão tomar café depois de deixarem as crianças na escola, saem para almoçar e fazem ginástica juntas. Envolvem as crianças e passeiam juntas. 
Eu não faço parte da panelinha de mães das meninas amigas da minha filha. Falta de afinidades, o santo não bate, vai saber. Mulheres...vai entender. Faço parte de outra panela. Mesmo assim somos todas educadas e superficiais como manda o capítulo 3 da Cartilha de Comportamento para Mães em Porta de Escola. Não conseguimos achar nada em comum além de trivialidades. Acontece. Não tenho problema algum com a situação, até a hora em que envolve meus filhos. Sabe a fotinha que tem no meu perfil? Alí do lado direito, ó. Sou eu até o último pêlo bege do rabo sentada na savana, não foi à toa que a escolhi.
As amigas estão sempre umas nas casas das outras e fazendo programas, panelinhas de mães e de filhas. A melhor amiga de Fofoquinha está sempre entre elas pois a mãe é parte do grupo das mulheres. Fofoquinha nunca é convidada, mesmo todo mundo sabendo quem é a melhor amiga de quem. Lá vou eu me sentir culpada, afinal eu sou a pária. Me corta o coração quando chegamos no parque e encontramos todas as meninas juntas-estão passando o dia na casa de fulana, depois de ciclana e no meio tempo estão brincando lá.  Fofoquinha ainda é inocente e não percebe, pelo contrário, fica feliz de ver todo mundo no parque. Tenta entrar no grupo e é barrada, pois a panelinha do dia já está formada. Aí sim ela fica chateada e vem procurar abrigo em meus braços. Eu não posso fazer nada, não posso interferir pois ela tem que aprender a se defender sozinha. Tem dias que os hormônios não me deixam nem olhar a cena. 
Por causa disso estou com um dilema: tentei me aproximar das mães pelo bem de Fofoquinha. Está na (minha) cara que estou forçando a barra. Ando pensando na situação toda e não me sinto confortável com o que estou fazendo. Ou devo continuar? A única conclusão que cheguei até agora é que preciso voltar para sessões de recaída na AMPROPOA (ver post de maio).
Até onde a gente espicha a consciência por causa de nossos filhos?
O que você faria?

OBS: Esta pergunta não é retórica, estou mesmo precisando de conselho.

domingo, 3 de agosto de 2008

fofices do design XX



Querer que sua cria explore o mundo de sabores e texturas quando ela começa com outros tipos de alimento além de seu leite é o sonho de qualquer mãe. Mas vamos combinar que dar um pedaço de banana ou cenourinha para quem mal tem dentes ainda é bem perigoso. 
Humm, a não ser que estes pedaços estejam dentro de uma redinha protetora para impedir que a cria engasgue em pedaços de frutas ou vegetais! Ora que boa idéia teve a Munchkin. 
O fresh food feeder é usado também como alívio para quando está nascendo dentinho: basta colocar qualquer coisa gelada-suco congelado, cenourinha, banana etc-e deixar a cria se divertir mordendo a redinha.

sábado, 2 de agosto de 2008

44 horas, 11 minutos e 32 segundos


31.
30.
29 segundos.
Tem mais alguém em contagem regressiva para o começo das aulas na segunda-feira ou sou só eu?
Da minha parte, já estou vendo passarinhos verdes de felicidade adiantados.

Para as mães que já conseguiram voltar a ter vida própria, meus sinceros e um pouco invejados (no bom sentido) parabéns!!!

terça-feira, 29 de julho de 2008

curta-mais uma

Aconteceu na primeira semana da adaptação na escolinha, Matraca-Trica ia fazer 2 anos. Já estávamos atrasados. 
Bom, na verdade, eu estava atrasada, ainda colocando os sapatos enquanto dava a última garfada no almoço. O bacana já estava vestido, de dentes escovados e parado na minha frente com cara de "Estamos esperando o quê?". Acabei falando uma frase (sem o menor sentido na ocasião, depois que parei para pensar*) só para ele sair da minha frente:
-Matraca-Trica, abre a porta e chama o elevador para a mamãe, por favor?

O moleque nem pestanejou. Independente que (acha) que é, abriu a porta de casa e com a cara no hall pôs-se a berrar:
-Levador. Levador! Levaaaaador!**

* Como ele poderia chamar o elevador se ele nem alcançava o botão?
** Cá entre nós, gostei mais da palavra que saiu da boca dele. Elevador só leva a gente para cima. E quando a gente desce chama o descedor? Levador faz muito mais sentido: leva a gente para cima, para baixo, na horizontal ou diagonal. Basta apertar o botão desejado.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

a beleza está nos olhos de quem vê


-Mamãe, outro.-diz Fofoquinha colocando no carrinho.

Dois passos adiante ela abaixa e pega mais um. E eu que achava que ela andava olhando para o chão para manter o equilíbrio enquanto aprendia a andar.
-Devagar, devagar, assim você vai cair.-dizia eu tentando evitar um joelho ralado enquanto Fofoquinha destrambelhava em direção a outro graveto que ela avistou lá na frente. 
Minha querida Fofoquinha Frankenstein-ela atendia por esse sobrenome naquela época em que dava os primeiros passos (ou você nunca notou que o ator que interpretou o primeiro Frankenstein imitava bebês aprendendo a andar?)-coleciona gravetos, pauzinhos e galhos desde a mais tenra idade.
Eu devo ter madeira suficiente em casa para sacrificar uns 7 infiéis na fogueira ou queimar 25 mil livros em praça pública. Ainda não decidi qual dos dois.
Visitamos vovó e vovô no Rio de Janeiro certa vez. Fomos à pracinha perto da casa deles. Enquanto estávamos encantados em dar o lanche da Fofoquinha-afinal, ela não quis comer a banana, mesmo-para uns macaquinhos selvagens (o Rio tem dessas coisas maravilhosas entre uma favela e outra) a pirua (lembro novamente que eu e apenas eu posso chamar meus filhos do que me der na telha) encheu o carrinho de lenha. Quando voltamos para casa, lá foi ela com todo o carinho do mundo levar um dos gravetos de presente para vovó. Minha sogra, sem nada saber, ficou me olhando com cara de "Mas o que é isso?!". Expliquei. Fazer o quê. 
A pilha teve que ficar lá enfeitando a sala dos meus sogros até o dia de a gente pegar o avião de volta-nem um segundo mais tarde, pela cara de alívio da minha sogra de poder se livrar dos gravetos. Ela acenava, com um largo sorriso na boca, da calçada para gente dentro do carro. Era isso ou considerar uma rápida reforma para, em pleno Rio de Janeiro, incluir uma lareira na sala. 
Sabe quanto tempo de negociação levou para eu convencer a pirua a deixar a coleção tão preciosa de presente para a vovó? Nem te conto. Antes isso do que tentar explicar para a moça do check in no aeroporto que estávamos embarcando com recuerdos del Rio suficientes para abrir nossa própria madereira.
Ao longo desses 4 anos, a coleção cresceu e agora inclui pedras, pedregulhos, folhas, penas e panfletos. Sem falar em minúsculos seres de 8 patas ou mais que devem habitar a minha área de serviço. Eu não sou louca o suficiente para entrar lá depois que escurece.
Tem dias como hoje-em que chegamos em casa com um punhado de novas folhas velhas na mão- que fico me perguntando aonde foi que eu errei...

PS: Você não acreditou na balela do ator que interpretou o Frankenstein, acreditou? Espero que não, pois inventei tudico.

Sua cria coleciona? Nos conte na seção de comentários! 

quarta-feira, 23 de julho de 2008

fofices do design XIX

Tenho uma amiga que está para ter bebê. Anda desesperada procurando algum forro para carrinho que seja, sem pedir muito, neutro. Neutro é melhor do que babados de renda, piquê branco e lacinhos de fita. Neutro é melhor do que estampas de estrelinha, ursinhos ou circo.
Minha querida, olha o que eu achei para você! 
Melhor do que neutro: bacana!
Aliás, bacanérrimo. Esses forros da myMonkeymoo servem para qualquer carrinho e ainda podem ser usados como forro para trocar o bebê em lugares públicos.
Gostou?

terça-feira, 22 de julho de 2008

férias escolares

Ahhhh, as férias escolares....o que para os pais significa um período de um a dois meses cujo os dias da semana são constituídos somente de sábados e domingos.
Não é que não amemos nossos filhos e não temos nenhuma vontade de ficar brincando com eles o dia t-o-d-i-n-h-o, mas também temos que trabalhar, ir ao supermercado e a manicure (afinal a gente também é gente).
Tudo começa assim: dias de intensa camaradagem, diversão e programas inéditos. Passar o dia na praia, piscina ou andando à cavalo. Passeios em fazendinhas, parques e clubes. As semanas passam. O relacionamento entre mães e filhos começa a azedar, como qualquer love affair barato.
Os comentários são os mesmos: as mães reclamam que as férias estão loooooongas demais e as crianças se mostram stressadas. Rola bronca, berro, mordida, tapa e choro. Das duas partes. Em qualquer um que passar perto.
Férias escolares são un
tour-de-force para qualquer adulto, pois temos que inventar coisas para fazer a cada 45 minutos e nossa presença é obrigatória em todos os eventos. Não adianta falar para a cria ir brincar com aquele joguinho bacana enquanto a mamãe responde alguns emails ou faz o almoço porque exatamente três minutos e vinte e sete segundos depois ela já está ao seu lado dizendo que acabou e esperando que você invente outra coisa. Naquele nanosegundo. De preferência com a sua total e devota companhia.
Nas férias você volta a falar com a sogra só para ela passar algumas tardes com seu filho, empurra afilhados nas madrinhas por algumas horas e finge que está doente nos sábados e domingos para que sua cara metade se encarregue deles. Sem nenhum escrúpulo-esse você já perdeu faz tempo. Se achasse não iria reconhecer.
Faltam 12 dias. Estamos em contagem regressiva. 12 dias para voltarmos a ser uma família razoavelmente equilibrada.

domingo, 20 de julho de 2008

curta

Matraca-Trica adora kiwi. Desde pequeninho. Acontece que de vez em quando as sementinhas doem para sair, se você me entende.
Uma noite, quando ele tinha 1 ano e meio e eu estava trocando a fralda dele depois que ele fez cocô:
-Mamãe, meu bumbum está doendo! Tá doendo!-gritava ele.
-Eu sei, eu sei. A mamãe vai passar um creminho para melhorar.-respondi.

Ele apalpava desesperadamente o bumbum com as mãos, tentando localizar daonde vinha a dor.
De repente ele parou. Ficou em silêncio, me olhando com os olhos esbugalhados tentando entender o que estava acontecendo. Arregalou mais ainda os olhos e me disse, fascinado:

-Mamãe, tem um buiaco!!!!!!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

terra de marlboro



Li um texto outro dia que me levou às lágrimas-primeiro de tanto rir.
Uma mãe com cinco filhos homens-tá achando pouco? Ela também tem duas meninas-escreveu um artigo sobre sua experiência em conviver e educar meninos para a revista Wondertime. Depois de ler o tal texto, mal consigo olhar para Matraca-Trica e conter um sorriso: "Agora entendi. E não há absolutamente nada que possa fazer a respeito."
Alguns trechos tem pérolas preciosas que quero traduzir para vocês-perdão pelas licenças poéticas e falta de precisão literal. Se você quiserem ler o texto em VO e na integra clica aqui, ó.

"Meninos não são como meninas em essência. Ás vezes os meninos podem parecer ter a resposta emocional de um organismo unicelular, mas são levados as lágrimas por qualquer coisa que envolva um cachorro. São incapazes de se emocionar com suas lágrimas, porém, quando você abre uma gaveta na cozinha e encontra um pudim meio comido (ou um pedaço de pizza fossilizada, ou biscoito mastigado e cuspido).
Não são só maridos e namorados que não suportam ouvir a frase "Nós temos que conversar". Filhos também odeiam. Pessoas do sexo masculino, em minha experiência, começam a responder perguntas com monossílabos assim que conseguem emitir grunhidos. Emitir esses sons horripilantes será uma fonte sem fim de diversão para eles e seus amigos pelos próximos 20 anos.
Eu e meus amigos criamos um teste definitivo para explicar a diferença entre meninos e meninas. Chamamos de Paradigma da Tinta Fresca. Meninas aprendem a partir de suas próprias experiências e ocasionalmente experiências de outras pessoas. Se um menino vê uma placa que diz "tinta fresca", ele colocará o dedo na parede para ver se não é uma brincadeira. Seu amigo-que está ao seu lado-terá que fazer o mesmo teste com seu próprio dedo. Meninos são mais estúpidos do que meninas. Eles tem uma maneira individual de fazer descobertas que ignora as evidências.
Meninos tem que fazer as coisas do jeito deles. Quanto mais rápido uma mãe aprende isso, menos tempo ela perderá com interferências desnecessárias e medicamentos para dor de cabeça.
Você pode educar seu filho como quiser, na primeira chance que tiver ele vai arrotar o hino nacional. Você pode criar seu filho como Quaker, vegetariano ou pagão, ele vai brigar com seu irmão por causa de uma tampinha de caneta sem uso como se fosse a Estrela da India.
Você pode beijá-lo todas as noites e cantar canções de ninar, dar bonecas e bonecos, brincar de gatinho ao invés de Tropa de Elite. Vai, tente. Mesmo assim ele vai fazer uma arma de uma torrada e atirá-la do outro lado da mesa-mesmo que ele nunca tenha visto uma arma que não fosse do formato de uma centopeia e que atira água. Mesmo que você seja paciente e quieta, seu filho vai, do mesmo jeito, berrar num tom tão alto que vai fazer o cachorro desmaiar enquanto corre pela casa se açoitando com uma fita métrica de metal na cabeça.
...Nos anos pré-verbais (e nos após o colegial), um menino irá rastejar em baixo de qualquer coisa, irá cair, rolar e chutar qualquer coisa. Mastigará com a boca aberta enquanto equilibra a cadeira em que está sentado nas pernas traseiras assim que suas pernas forem longas o suficiente para fazê-lo.
...Minha vida sem meus filhos seria pacata e serena. Quem quer isso? ...Meus filhos dizem tantas coisas absurdas acreditando ser a pura verdade que é impossível ficar zangada com eles. No jantar, quando Dan era pequeno, ele estava molhando pétalas de dente-de-leão no leite e comendo. Quando perguntei, ele respondeu:" Se não fizer isso, o dente-de-leão fica com gosto muito ruim."
...
nota: Jaquelyn Mitchard (a autora do texto) aconselha os pais a colocarem na poupança $100 por mês para a faculdade e $1000 por mês para pagar o médico e o gesso, limpeza de carpete e carrinhos de metal."