quinta-feira, 24 de julho de 2008

a beleza está nos olhos de quem vê


-Mamãe, outro.-diz Fofoquinha colocando no carrinho.

Dois passos adiante ela abaixa e pega mais um. E eu que achava que ela andava olhando para o chão para manter o equilíbrio enquanto aprendia a andar.
-Devagar, devagar, assim você vai cair.-dizia eu tentando evitar um joelho ralado enquanto Fofoquinha destrambelhava em direção a outro graveto que ela avistou lá na frente. 
Minha querida Fofoquinha Frankenstein-ela atendia por esse sobrenome naquela época em que dava os primeiros passos (ou você nunca notou que o ator que interpretou o primeiro Frankenstein imitava bebês aprendendo a andar?)-coleciona gravetos, pauzinhos e galhos desde a mais tenra idade.
Eu devo ter madeira suficiente em casa para sacrificar uns 7 infiéis na fogueira ou queimar 25 mil livros em praça pública. Ainda não decidi qual dos dois.
Visitamos vovó e vovô no Rio de Janeiro certa vez. Fomos à pracinha perto da casa deles. Enquanto estávamos encantados em dar o lanche da Fofoquinha-afinal, ela não quis comer a banana, mesmo-para uns macaquinhos selvagens (o Rio tem dessas coisas maravilhosas entre uma favela e outra) a pirua (lembro novamente que eu e apenas eu posso chamar meus filhos do que me der na telha) encheu o carrinho de lenha. Quando voltamos para casa, lá foi ela com todo o carinho do mundo levar um dos gravetos de presente para vovó. Minha sogra, sem nada saber, ficou me olhando com cara de "Mas o que é isso?!". Expliquei. Fazer o quê. 
A pilha teve que ficar lá enfeitando a sala dos meus sogros até o dia de a gente pegar o avião de volta-nem um segundo mais tarde, pela cara de alívio da minha sogra de poder se livrar dos gravetos. Ela acenava, com um largo sorriso na boca, da calçada para gente dentro do carro. Era isso ou considerar uma rápida reforma para, em pleno Rio de Janeiro, incluir uma lareira na sala. 
Sabe quanto tempo de negociação levou para eu convencer a pirua a deixar a coleção tão preciosa de presente para a vovó? Nem te conto. Antes isso do que tentar explicar para a moça do check in no aeroporto que estávamos embarcando com recuerdos del Rio suficientes para abrir nossa própria madereira.
Ao longo desses 4 anos, a coleção cresceu e agora inclui pedras, pedregulhos, folhas, penas e panfletos. Sem falar em minúsculos seres de 8 patas ou mais que devem habitar a minha área de serviço. Eu não sou louca o suficiente para entrar lá depois que escurece.
Tem dias como hoje-em que chegamos em casa com um punhado de novas folhas velhas na mão- que fico me perguntando aonde foi que eu errei...

PS: Você não acreditou na balela do ator que interpretou o Frankenstein, acreditou? Espero que não, pois inventei tudico.

Sua cria coleciona? Nos conte na seção de comentários! 

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