terça-feira, 10 de junho de 2008

closets


Para quem ainda não sabe, eu tenho dois filhos. Fofoquinha é a mais velha, tem 5 anos-quase 6. Matraca-Trica é o mais novo e tem 3 anos. Apelidos carinhosos que mostram bem aonde amarrei meu burro. Tentar achar um espaço vago e silencioso para falar qualquer coisa em casa requer muita paciência. Mas não é sobre isso que quero falar agora.
Ter uma menina mais velha deixa a dinâmica da casa bem interessante. Muito frequentemente vejo Matraca-Trica de batom, unhas pintadas, tiara de contas, glitter e uma grande estrela cor-de-rosa, com um boá no pescoço e seu carrinho na mão que voa para salvar o trem Thomas que está preso embaixo das panelinhas. Imagino a cara de horror de algumas mães que conheço. Matraca-Trica já apareceu na escolinha várias vezes com a boca vermelho-carmim e levou esmalte para brincar com os amiguinhos. E as mães olham torto, tentando disfarçar qualquer movimento facial que entregue com sinceridade o que elas acham (que horror!), na minha cara. 
Momento fofoca (tá, admito: é de família...por favor contenha seu sorriso sarcástico): uma delas não deixa a filha brincar com meninos, nem os da mesma sala da escolinha quando estão fora dela. Outra não deixa os filhos brincarem com nenhum brinquedo que não seja remotamente "de menino" (panelinhas, vassouras, carrinhos de boneca, etc).
Eu sempre me coloco na posição do Matraca-Trica quando quer brincar com alguma coisa da Fofoquinha: minha irmã está passando uma coisa gosmenta e vermelha na cara. OBA! Também quero!
E porque não iria querer?
As pessoas, quando lidam com crianças, deveriam colocar todos seus pré-conceitos em uma caixa fechada e atirá-la no rio. Mesmo porque se um de seus filhos tiver uma orientação sexual definida, não vai ser um esmalte que vai mudá-la.
Vou um pouco mais longe e penso no futuro, digamos daqui uns 15 anos. Imaginou se essa menina resolve namorar outra menina e se um desses meninos sai do closet? Como essas mulheres vão lidar com isso?
Em casa as portas dos closets estão permanentemente abertas. Pensei muito sobre o assunto e cheguei à conclusão de que meus filhos são meus filhos. Qualquer que seja a orientação sexual que eles escolham, eu não só aceito como darei força e apoio. Com excessão de cabras e pedofilia, of course.

Um comentário:

Anônimo disse...

tb fico impressionada com a falta de informação de pais q agem estranhamente com seus filhos. e é exatamente nessa castração q mora o perigo.
+ 1 vez, parabéns, vc traz questões muito importantes.
bjs
barbara