sexta-feira, 31 de outubro de 2008

no sale

Sabe porque eu vou sozinha fazer compras de roupas e sapatos para minhas crias? Por que eu não aguento vendedorzinho metido a Gerson. Nem todos são como o tipinho que nos atendeu ( Fofoquinha e eu) uma vez em uma loja de sapatos. Mas eu traumatizei. 
Na pracinha perto de casa tem um vendedor ambulante da mesma catiguria. Ele aparece com um monte de tralha com aquela qualidade Made in China inferior até à qualidade do leite em pó contaminado. Quando uma criança aparece na frente dele hipnotizada pelo brilho das tranqueiras, ele oferece o brinquedo à ela e diz que ela pode ficar com ele. O que acontece em seguida é o "Eu quero" da criança contra o "Não vai rolar" dos pais. Tem pai que cede-uns 90%-apesar do mau humor com a calhordice do ambulante. Como é de se esperar, eu já tive um bateboca (olha a nova lei ortográfica em uso!) com o tipo, quando ele colocou um avião de quinta categoria na mão do Matraca-Trica (não vou tirar o hífen dele não) e o moleque deu piti em praça pública porque queria que queria o brinquedo e eu falei que não. Como não tenho nenhum problema em enfrentar chilique de criança na frente de quem quer que seja, aproveitei para dizer poucas e boas para o calhorda. Que é tão mau caráter que ignorou (se é que ele entendeu) tudo o que disse e continua lá na praça, todo final de semana fazendo o mesmo número.
O babado com Fofoquinha foi em renomada loja do Shopping Iguatemi. Fui tomada por um surto de insanidade e levei Fofoquinha para comprar sandália para o verão. Ela escolheu uma que gostava na vitrine. Entramos e o moço veio nos atender. Mostrei qual era o modelo e disse o número. Era uma sandália "utilitária", para ir à escola. O que Fofoquinha estava precisando. Ponto. O moço entra no estoque e quando volta, está atrás de uma torre de caixas. Para meu espanto, ele abriu uma atrás da outra: modelos de festa, modelos com luzinhas no salto, com lacinhos e muito cor de rosa. Com preços muito acima da sandália que havia pedido. Por último abriu a caixa com a sandália que pedi. Diante desse show de calçados, vocês acham que Fofoquinha sequer olhou para a sandália que ela havia escolhido? Colocou uma com luzes, rosa e com purpurina no pé e não houve quem a fizesse tirar. Como naquele dia eu estava de muitíssimo bom humor, pedi para chamar o gerente. Na frente dos dois então eu falei que levaria a tal sandália cujo o preço era o dobro daquela que eu ia comprar. Falei também que costumava comprar nessa loja com certa frequência (o que era verdade) e que por causa do comportamento metido a esperto dele em usar uma criança para chantagear os pais, a venda que ele ia fazer para mim ia ser a última. Não voltaria nessa loja nunca mais, como realmente não voltei até hoje e não vou voltar.
Não admito que ninguém jogue meus filhos contra mim. Ora veja se pode.
Agora pergunto: não era para traumatizar?

terça-feira, 28 de outubro de 2008

santa praga, batman!

A vida era muito mais fácil quando as crias eram menores e ainda não tinham desenvolvido nenhum interesse por personagens de desenhos animados. Eles acordavam, tomavam café da manhã e mamãe escolhia uma camiseta com listras de cores retrô para Matraca-Trica e um vestido de flores com inspiração nas estampas da Marimekko para Fofoquinha. E assim ia a vida, uma roupinha bacana atrás da outra.
Até o dia em que Fofoquinha ganhou um par de meias...das Princesas. E adorou. Não se podia nem desencardir a tal da meia. Depois, uma toalha da Cinderela. E um maiô da Hello Kitty. Pratinhos e copinhos com a Moranguinho. A porteira abriu-se e uma manada de criaturas fantásticas de desenhos animados invadiu as gavetas, armários e estantes da minha casa. Matraca-Trica, por exemplo, tem um mostruário completo de todos os produtos licenciados até hoje do filme "Carros". Uma camiseta atrás da outra do Homem-Aranha, mesmo nunca tendo visto um só desenho. Mas ele A-M-A. A madrinha deu para ele um macacão do "Carros". Um macacão todo forrado, de calça comprida e mangas longas. Ele ganhou num dia em que estava fazendo 33 graus. Nem preciso dizer que a criatura passou o dia TODO com o macacão, fios de suor escorrendo pelo rosto, o cabelo todo molhado de calor. Qualquer tentativa de fazê-lo tirar a tal roupa foi infrutífera e seguida de gritos e protestos. A única coisa que se pode fazer foi manter o moleque hidratado.
Não tem como enfiar a cabeça na terra para ignorar o marketing infantil ou lugar para aonde fugir. Também não existe uma regra para o brega. Percebi isso quando uma amiga me disse que se recusava a comprar uma camiseta sequer com a Moranguinho, mas comprou para a filha um boneco monstruoso de pelúcia da dita cuja que a filha usa como poltrona. A menina queria qualquer coisa com a Stephanie do LazyTown. Camiseta não ia rolar de jeito nenhum, então ela comprou a boneca que é mais alta do que a filha. Eu faço o contrário: prefiro comprar camisetas, meias e calcinhas/cuecas a comprar condomínios de luxo para ácaros. Cada um amarra seu burro em lugar diferente. Sorte das companhias que licenciam produtos.
Esse é um caminho que infelizmente não tem volta, é melhor a gente se conformar: primeiro são as Meninas Super Poderosas, High School Musical, Hannah Montana e Harry Potter. Depois são Marc Jacobs, Miu Miu, Louis Vuitton e Manolo Blahnik. 

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

fofices do design XXVII

Nem posso descrever com que emoção eu li a respeito do anel para amamentação de Ysabelle Podguzser para sua linha Poup'ké. Minha vida teria sido tão mais fácil, sem falar mais fashionable, com um anel desses enquanto estava amamentando Fofoquinha e Matraca-Trica.
De um lado lê-se RIGHT, do outro LEFT, para a gente saber em que seio começar a amamentar. Até aí você já tinha percebido, não? Pois é, uma idéia tão óbvia, basiquinha, tão simples. E ninguém até agora havia pensado nisso.
Se você der uma passadinha em Paris da próxima vez, traz um para mim s'il te plaît?

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

debaixo dos caracóis dos seus cabelos


A ausência.
Uma tarde no cinema, parece que a um milhão de anos-luz atrás. Matraca-Trica ainda não tinha 3 anos completos. Esperávamos o desenho começar quando, na nossa frente, senta-se um pai descolado, tatuado e careca com sua filha. Os olhos do moleque brilharam como se ele estivesse na frente de um carro de bombeiros (em tamanho original). No começo ficou olhando, olhando, mudava o ângulo e não conseguia tirar os olhinhos da careca reluzente do moço. Foi demais para ele, não aguentou e passou a mão. Eu não esperava pelo atrevimento (santa inocência de minha parte, batman!) e o moço levou um susto. Virou-se e eu pedi desculpas, explicando que Matraca-Trica nunca havia visto uma careca na curta vida dele.
O moço foi bacana e me explicou que a careca dele realmente era um pote de mel para mãozinhas infantis, ele estava super acostumado. "Pode deixar ele passando a mão"-me disse. Prá quê, o moleque passou o filme inteiro massageando o couro cabeludo do moço. Eu estava quase me enfiando debaixo da cadeira  de vergonha. Nenhum apelo, pedido, distração ou ameaça de castigo tirou as mãos do Matraca-Trica de lá. Simplesmente era mais forte do que ele. Quando o desenho acabou e o moço se levantou, Matraca-Trica fez bico de quem ia chorar e quase pede para ir para casa com aquela família.

O excesso
Em uma palavra: garotas. 

Não existe explicação, existe? Sem contar com as teses de mestrado que abusam dos verbetes mais incomuns do dicionário na mesma sentença. Uma explicação em palavras chulas, uma sentença que defina em sua amplitude o que cabelos significam para meninas.*
Quando eu era pequena, ganhei uma boneca que a gente ia puxando o cabelo e fazendo cortes diferentes. Sonhei por muitas noites-até final da aborrescência, devo confessar-que meu cabelo também era assim: eu puxava e deixava ele comprido, tingia e descoloria, depois cortava tudo curtinho só para puxar mais de dentro da minha cabeça (que evidentemente não tinha nada dentro, só cabelo) logo em seguida  e mudar tudo. Ah, como eu queria, ainda hoje, que isso fosse de verdade!
Veio-me à cabeça (ha ha) a personagem Deanna Troi do Star Trek Next Generation. Ela nada mais é do que uma cabeça com uma cabelanha enorme, característica de seu povo, os betazóides. Um sonho feminino!
Fofoquinha, desde o primeiro corte de cabelo de verdade, comporta-se como uma lady no cabelereiro. Aliás, sentiu-se em casa no salão. Ela lava o cabelo, corta e faz escova. Depois chacoalha as madeixas como se estivesse em comercial de xampú. Suas bonecas estão eternamente sem roupas, mas impecavelmente penteadas. Ela agora está obcecada em aprender a fazer tranças. A coordenação motora ainda não permite. Na sala de aula, as amigas ficam trocando figurinhas com os penteados-de gosto bem duvidoso-que as suas mães e pajens fazem. Uma quer imitar a outra no dia seguinte. Fofoquinha já saiu de casa com cada modelito que até Diana Vreeland duvida!

Tanta coisa acontecendo no mundo e eu aqui, preocupada em como esconder meus cabelos brancos...

*Aceito, de bom grado, comentários que resumam este dilema da minha cabecinha oca.

boca de latrina

1.
Antonio, Fausto e Armando, todos beirando os 90 anos, estavam batendo papo na sala de estar do asilo de velhinhos. 
Fausto diz: "Eu acordo todo dia as 8 da manhã e me coloco em pé na frente do vaso sanitário. Fico lá até as 9 horas tentando urinar."
"Eu acordo as 7 horas da manhã e sento no vaso"-diz Antonio-"E tento fazer cocô. Com sorte, lá pelas 10 eu consigo alguma coisa."
"Pois comigo é diferente"-diz Armando-"Todo dia as 8 da manhã eu cago como um urso selvagem na floresta, e às 9 horas eu mijo como um cavalo de corrida".
"E está reclamando do quê?"-pergunta Fausto?
"Bom"-responde Armando-"Eu só levanto da cama as 11 da manhã..."

Meu dia começa com "Bom dia, mamãe cocô linda!" e termina com "Boa noite, pum fedido!". Entre uma frase e outra, durante o dia, cada vez que Matraca-Trica abre a boca para falar alguma coisa, palavras da mesma catíguria encarnam diretamente dos quintos dos infernos na língua do meu moleque e invadem as suas sentenças. Não importa que não faça nenhum sentido colocar a palavra "xixi" em algum lugar em uma frase trivial como  "Mamãe, eu quero cereal, por favor." 
Como diria um amigo meu: "Fino di Paris." 
Pois Matraca-Trica está nessa fase tãooo educativa. Meus ouvidos, outrora tão delicados, já estão cheios de calos de tanto ouvir baixo calão de uma cabecinha que nem 4 anos completos ainda tem.
Tentei, com sucesso- relativo, pois evaporava em menos de 48 horas- diferentes táticas para acabar com a conversa de banheiro de beira de estrada. Passei preciosas horas em que poderia estar dormindo, namorando ou olhando a grama crescer lendo artigos sobre o assunto e em como lidar com ele para nada. Aliás, pensando bem, serviu para alguma coisa: a conclusão de que absolutamente todas as matérias, de uma maneira ou de outra, diziam que isso é (mais) uma fase e que ela vai passar.
Ah é?! Então tá, pensei comigo.
Hoje de manhã Matraca-Trica veio me acordar. Passou a mãozinha nos meus cabelos, depois acariciou meu rosto com carinho, chegou perto dos meus ouvidos e falou baixinho:
"Bom dia, cara de xixi lindo!".
Eu abri os olhos, enternecidos de emoção, e espreguicei calmamente. Dei um beijo nas bochechas coradas-bom, na verdade uma delas está cheia de casquinha porque ele ralou a cara ontem no carpete da vovó- dessa coisa amorosa que é o sangre de mi sangre e também baixinho respondi para não quebrar o clima de serenidade da manhã:
"Bom dia para você também, cara de pum de cocô."

2.
Sven fala para Olen: "Sven, vou à praia amanhã e quero impressionar as gatinhas. Você faz o maior sucesso com elas. Qual é seu segredo?" 
"Antes de mais nada"-responde Olen-"Eu coloco uma sunga da hora."
"Só isso?"-pergunta Sven.
Olen pede que o amigo chegue mais perto e diz em voz baixa: "Eu coloco uma batata na sunga para dar mais efeito."
No dia seguinte Sven volta da praia e conta ao amigo que as gatas tiraram o maior sarro da cara dele. Olen pede a Sven para que ele mostre o que ele fez.
"Já saquei o que você fez errado"-diz Olen-"Normalmente eu coloco a batata na frente da sunga".

Ha ha.

sábado, 11 de outubro de 2008

fofices do design XXVI



Eis aqui um tão esperado momento para meus amigos cínicos: o que eu dou a mão à palmatória. Nunca demora muito, é o que acontece com quem tem a boca grande e ambição diplomática pequena.
Eu declarei em vários posts meu profundo tédio com móveis infantilóides sempre de corzinha branca. Ou qualquer cor pastel. 
...E agora vou ter que abrir uma excessão para os móveis da Muu. O bacana deles é que as peças são ecologicamente corretas e você pode personalizar da maneira que quiser. Existem várias opções de painéis, cores e maneiras de escrever o nome de seu pimpolho. 

Pronto. Acho que deveria, mas nem me sinto com cara de tacho. Será que estou encarnando a Dercy Gonçalves?

OBS: No website há várias sugestões para meninas muito legais. Infelizmente as imagens não estavam disponíveis. Vá lá conferir!

domingo, 5 de outubro de 2008

curta-criança da casa

Estamos na casa da vovó hoje. Em alguma hora na parte da tarde vou à sala de almoço, aonde em cima da mesa tem uma fruteira com um lindo cacho de bananas. Uma dúzia recém comprada, presumo. Noto algo a mais, algo que não deveria estar na casca de tão bonitas bananas. Depois de parar de rir, chamo Matraca-Trica e Fofoquinha:
-Quero saber já qual dos dois rabiscou com esferográfica todas as bananas da vovó.
-Não fui eu-responde um.
-Nem eu-responde outra.
Todas as cascas de banana bem rabiscadadinhas, uma beleza. Uma obra de arte dadaísta.
-Não vamos sair desta sala até vocês me digam quem fez essa obra prima nas bananas da vovó!
Gritos, bicos de choro, lágrimas falsas, acusações: a sala parecia uma das grandes audições em tempos de Macartismo.
Nisso entra minha mãe e pergunta qual o motivo de tamanha comoção. Eu mostro as bananas e explico, já em tom de bronca, "Não é um absurdo, não se pode fazer isso nas bananas e além do mais" 
Então minha mãe me interrompe:
- Hoje cedo eu estava falando ao telefone (ele fica na mesinha ao lado) sem fazer nada e as bananas estavam à mão...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

fofices do design XXV


Quem disse que mesa não é lugar de brincar? Quem disse que a gente não pode comer brincando?
Pense bem: essa mesa da Ontwerpduo não é tudo o que você queria para que sua cria ficasse mais 3 minutos sentado para terminar sua refeição?
Vocês notaram que a caixinha para guardar as bolinhas de gude na Marbelous (nome dessa belezura) fica no pé da mesa? Confesse que você também ficou doido para brincar na mesa da dupla Nathan Wierink e Tineke Beunders, não ficou? 
Eu fiquei. Estou morrendo de vontade de ir até Eindhoven, nos Países Baixos, só para colocar minhas mãos em uma Marbelous...