segunda-feira, 20 de outubro de 2008

debaixo dos caracóis dos seus cabelos


A ausência.
Uma tarde no cinema, parece que a um milhão de anos-luz atrás. Matraca-Trica ainda não tinha 3 anos completos. Esperávamos o desenho começar quando, na nossa frente, senta-se um pai descolado, tatuado e careca com sua filha. Os olhos do moleque brilharam como se ele estivesse na frente de um carro de bombeiros (em tamanho original). No começo ficou olhando, olhando, mudava o ângulo e não conseguia tirar os olhinhos da careca reluzente do moço. Foi demais para ele, não aguentou e passou a mão. Eu não esperava pelo atrevimento (santa inocência de minha parte, batman!) e o moço levou um susto. Virou-se e eu pedi desculpas, explicando que Matraca-Trica nunca havia visto uma careca na curta vida dele.
O moço foi bacana e me explicou que a careca dele realmente era um pote de mel para mãozinhas infantis, ele estava super acostumado. "Pode deixar ele passando a mão"-me disse. Prá quê, o moleque passou o filme inteiro massageando o couro cabeludo do moço. Eu estava quase me enfiando debaixo da cadeira  de vergonha. Nenhum apelo, pedido, distração ou ameaça de castigo tirou as mãos do Matraca-Trica de lá. Simplesmente era mais forte do que ele. Quando o desenho acabou e o moço se levantou, Matraca-Trica fez bico de quem ia chorar e quase pede para ir para casa com aquela família.

O excesso
Em uma palavra: garotas. 

Não existe explicação, existe? Sem contar com as teses de mestrado que abusam dos verbetes mais incomuns do dicionário na mesma sentença. Uma explicação em palavras chulas, uma sentença que defina em sua amplitude o que cabelos significam para meninas.*
Quando eu era pequena, ganhei uma boneca que a gente ia puxando o cabelo e fazendo cortes diferentes. Sonhei por muitas noites-até final da aborrescência, devo confessar-que meu cabelo também era assim: eu puxava e deixava ele comprido, tingia e descoloria, depois cortava tudo curtinho só para puxar mais de dentro da minha cabeça (que evidentemente não tinha nada dentro, só cabelo) logo em seguida  e mudar tudo. Ah, como eu queria, ainda hoje, que isso fosse de verdade!
Veio-me à cabeça (ha ha) a personagem Deanna Troi do Star Trek Next Generation. Ela nada mais é do que uma cabeça com uma cabelanha enorme, característica de seu povo, os betazóides. Um sonho feminino!
Fofoquinha, desde o primeiro corte de cabelo de verdade, comporta-se como uma lady no cabelereiro. Aliás, sentiu-se em casa no salão. Ela lava o cabelo, corta e faz escova. Depois chacoalha as madeixas como se estivesse em comercial de xampú. Suas bonecas estão eternamente sem roupas, mas impecavelmente penteadas. Ela agora está obcecada em aprender a fazer tranças. A coordenação motora ainda não permite. Na sala de aula, as amigas ficam trocando figurinhas com os penteados-de gosto bem duvidoso-que as suas mães e pajens fazem. Uma quer imitar a outra no dia seguinte. Fofoquinha já saiu de casa com cada modelito que até Diana Vreeland duvida!

Tanta coisa acontecendo no mundo e eu aqui, preocupada em como esconder meus cabelos brancos...

*Aceito, de bom grado, comentários que resumam este dilema da minha cabecinha oca.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que o unico comentario seria que o excesso de testosterona deixa os homens carecas e que remedios para calvice como o finasterida pode ter efeito coletaral de impotencia.... então vai ser cabelo é coisa de mulher mesmo!