Este post é candidato ao concurso “O melhor post do mundo da Limetree”
Dear English speaking friends,
This post is related to a local contest. If you wish to know more about it, please email me and I'll be happy to let you know what is going on.
Caso 1
Pepe Legal* não é lá muito chegado em
sopa. A mãe, que é a mãe, é daquelas que fazem questão de sentar com a cria na
hora da refeição e gosta de conversar, brincar e até fazer aviãozinho na
tentativa de que ele pelo menos experimente uma colherada. Mediante o fiasco de
tantas tentativas frustradas, ela resolve cortar a sopa do menu familiar.
Algum tempo depois Pepe Legal janta na
casa da vovó. A mãe, que é a mãe, vai buscá-lo. Ela pergunta para a vovó se ele
jantou direitinho e para sua surpresa, ela responde que ele bateu uma pratada
de sopa e pediu mais.
O
que, como assim???
Pepe Legal vem todo contente contar:
Mamãe, hoje eu experimentei sopa e agora
eu a-do-ro!
Quando você se pega sentada no azulejo
frio do banheiro no meio da manhã com a cara inteira dentro do vaso sanitário
colocando tudo para fora simplesmente porque enjoou com o cheiro de seu par,
você tenta se manter calma pensando naquele feijão dentro de seu ventre que
dentro de 7 meses vai estar em seus braços.
Mais tarde, quando não consegue mais enxergar
sua virilha, seus pés estão do tamanho de mamões e está com pelos nascendo em
lugares que só tinha visto antes em cartazes antigos de mulheres barbadas de
circo, você tenta se manter calma pensando naquele bebê dentro de seu
ventre que dentro de 2 meses vai estar em seus braços. Sim, até as hemorróidas
valem a pena.
Agora que o pacotinho está em seus
braços coçando a gengiva em seus mamilos rachados e doloridos, você tenta se
manter calma pois está fazendo tudo isso porque ama incondicionalmente esse
projeto de gente. Mesmo que ele arrancasse um pedaço de seu fígado, você não se
importaria. Qualquer coisa em nome do amor. A ligação entre vocês é tão, mas
tão forte que se você sai do campo de visão, o berreiro do pequeno é enorme.
Tudo bem que você tem que ir ao banheiro
com a porta aberta e só pode escapulir de casa na hora da soneca dele. Você
faz tudo isso porque o ama incondicionalmente.
Chega uma hora, lá pelos 18 meses, quando
dá tempo de pensar um pouco sobre a vida, que você considera seriamente se
valeu a pena. Essa história de aguentar piti por qualquer coisa, esse choro
todo porque você tem que sair, essa coisa de não querer comer nada, as
malcriações. Ainda assim você, colocando tudo na balança, conclui que está tudo
bem, afinal o amor é lindo e você está educando essa coisa fofa.
Como
dá para resistir à esse cheirinho gostoso de bebê? pensa você, inebriada. Sabe para quê a gente faz tudo isso,
passa por todas as culpas e dores físicas?
Para ver com seus próprios olhos que
eles ficam muito melhor quando não estamos presentes. Para saber como eles se
comportam bem na casa dos outros, como experimentam pratos novos e param de
chorar no segundo que está fora do seu campo de visão quando você os deixa na
escolinha.
Ter que ouvir de quem ficou tomando
conta de seu filho que ele estava ótimo enquanto estávamos fora e foi só a
gente pisar em casa que ele começou a fazer manha é demais da conta. Não é?
Esse é só o começo, fico pensando.
Fofoquinha já começou a me responder como se tivesse 11 anos. Ainda vai ter o
dia, lá pelo começo da aborrescência, que eles vão acordar O-DI-AN-DO os pais,
coisa que vai durar longos, trabalhosos anos. E você ainda vai estar lá,
esperando a criatura com um prato de comida quentinho ou saindo para buscá-la
no meio da madrugada na balada, só para ouvir mais atrocidades.
Agora acredito que já tenha dado para
entender a ironia do título. Já começou a questionar porque a raça humana não é
ovípara? Bastava colocar alguns ovos enterrados na areia e deixar a natureza
seguir seu caminho.
Conclusão:
Por mais que amemos nossas crias e
queremos ensiná-los, protegê-los e ver suas conquistas, nós, as mães, só atrapalhamos.
Eles esperam pacientemente o minuto em
que damos as costas para se sentirem confortáveis e seguros para dar aquele
passo à frente que nós adoraríamos filmar, fotografar ou simplesmente ter a
chance de encher os olhos d'água e o peito de orgulho.
Essa é uma condição da maternidade que
nunca, nunca vou me conformar. Como assim a natureza por não nos ensina a lidar com os fatos da vida?
Caso 2
Dia de sol na piscina. Fofoquinha
encontrou Pedrita e estavam a brincar na piscina rasa enquanto eu e a mãe de
Pedrita conversávamos dentro da água. Fofoquinha me perguntou se podia ir na
parte funda, ir até a outra borda, 25 metros adiante. Ela já está acostumada,
respondi que sim. Fofoquinha então perguntou a Pedrita se também gostaria de
ir. Pedrita respondeu que não, que tinha medo. A mãe, ao seu lado, confirmou
que ela não nadava lá essas coisas.
Lá se foi Fofoquinha para um lado e a
mãe da Pedrita para outro, buscar qualquer coisa lá longe em sua chaise long.
Matraca-Trica quis acompanhar a irmã. Com ele eu normalmente acompanho caso ele
fique cansado no meio do caminho. Levo sempre uma bóia. Ele perguntou para
Pedrita se ela não gostaria de ir com ele. Ela procurou pela mãe, não a viu por
perto e respondeu:
Quero sim.
Lá fomos nós, para meu espanto, até a
outra borda, todos batendo os pés e ensaiando um nado crawl. A mãe de
Pedrita já tinha sacado o que estava acontecendo, apertou o passo para chegar
até onde estávamos. Boquiaberta, a tempo de ver Pedrita voltar por onde veio
como se fosse Esther Williams.
* Para quem não
conhece meu trabalho, chamo meus filhos e todas as crianças mencionadas no blog por nomes de personagens de desenho animado. São minhas crias a Fofoquinha,
nascida em 2002 e o Matraca-Trica, que nasceu em 2005.
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