Mostrando postagens com marcador ser mãe é.... Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ser mãe é.... Mostrar todas as postagens

terça-feira, 27 de abril de 2010

ser mãe é.... atrapalhar


Caso 1

Homem Fluido não é muito chegado em sopa. A mãe, que afinal de contas é a mãe dele, faz questão de sentar com ele na hora do jantar, conversar e até fazer aviãozinho na tentativa de que ele pelo menos experimente uma colherada. Mediante o fiasco, ela resolve cortar a sopa do menu familiar.
Alguns dias depois Homem Fluido vai jantar na casa da vovó. A mãe, que é a mãe, vai buscá-lo. Ela pergunta se ele jantou direitinho e para sua surpresa, vovó responde que ele bateu uma pratada de sopa e pediu mais. O que, como assim??? Mamãe, hoje eu experimentei sopa e agora eu adoro!

Caso 2

Dia de sol na piscina. Fofoquinha encontrou Pedrita e estavam a brincar na piscina rasa enquanto eu e a mãe de Pedrita conversávamos dentro da água. Fofoquinha me perguntou se podia ir na parte funda, ir até a outra borda, 25 metros adiante. Ela já está acostumada, respondi que sim. Fofoquinha então perguntou a Pedrita se também gostaria de ir. Pedrita respondeu que não que tinha medo. A mãe ao seu lado, confirmou. Lá se foi Fofoquinha para um lado e a mãe da Pedrita para outro, buscar qualquer coisa lá longe em sua chaise long. Matraca-Trica quis acompanhar a irmã. Com ele eu normalmente acompanho caso ele fique cansado no meio do caminho. Levo sempre uma bóia. Ele perguntou para Pedrita se ela não gostaria de ir com ele. Ela procurou pela mãe, não a viu por perto e respondeu: Quero sim.
Lá fomos nós, para meu espanto, até a outra borda, todos batendo os pés e ensaiando um nado crawl. A mãe de Pedrita já tinha sacado o que estava acontecendo e nos encontrou lá, boquiaberta. Em tempo de vê-la voltar por onde veio.

Conclusão: por mais que amemos as crias e queremos ensiná-los, protegê-los e ver suas conquistas, nós só atrapalhamos. Eles esperam pacientemente o minuto em que damos as costas para se sentirem confortáveis e seguros para dar aquele passo à frente que nós adoraríamos filmar, fotografar ou simplesmente ter a chance de encher os olhos d'água e o peito de orgulho. Essa é uma condição da maternidade que nunca nunca vou me conformar.


segunda-feira, 22 de junho de 2009

ser mãe é....esquecer de pequenos detalhes na vida.

A escolinha de Fofoquinha e Matraca-Trica faz uma coisa legal nas festas juninas com as crianças. Até o Primeiro Ano as meninas não podem se vestir de noiva para dançar quadrilha. No Primeiro Ano...ahhh, no Primeiro Ano todas são noivas.
Imagine a cara das meninas no dia de dançar a quadrilha, que não se aguentavam de felicidade de estarem com saião até o pé, véu e grinalda! Foi um teste para as mães e filhas...mães de noiva e noivas em treinamento.
Eu acabei fazendo o vestido de Fofoquinha com minhas próprias mãos. Não nasci para overloquista nem nada, não tenho talento nem para pregar botão em roupa mas tenho um bom olho. E cola quente, a melhor invenção para mães metidas a fazer coisas que não sabem! Passei uma semana colando flores douradas no véu, não por falta de coordenação motora, mas porque estava trabalhando-o que também explica minha pequena ausência do blog. Entre responder um email e resolver pepinos ao telefone, colava uma florzinha. A bisa de Fofoquinha, com talento nato para uma máquina de costura, fez o saião. O resto fiz eu. No meio do trabalho. Depois do jantar. Enquanto esperava a bacana fazer seus esportes de manhã. Antes de ir buscá-los na escola. Se pudesse fazer em baixo do chuveiro, também teria feito. Isso tudo porque fiz uma pesquisa e fiquei tão chocada com o que que resolvi que Fofoquinha jamais seria uma noiva da "25 de Março"*. Tenho um lado Martha Stweart latente que faz escândalo quando vê certas coisas.
Depois desse tempo todo fazendo o tal vestido, colando lacinhos de fita e flores até ficar com os olhos embaçados-uma florzinha a mais e ia parecer o vestido de noiva da Claudia Raia no casamento com Alexandre Frota nos anos 80-ele ficou pronto.
No dia da quadrilha da escola vesti a noiva que estava excitadíssima. Como noiva de praxe, estava também atrasada. Saímos correndo, esbaforidas pela rua a pé (só faltou o cortejo de cidade de interior) pois eram só 3 quarteirões e ao chegar, entreguei a noiva para o noivo e professora. Fui procurar um quentão e um lugar para o batimento cardíaco voltar ao normal e me preparar para o começo do grande evento. Orgulhosa de mim que não esqueci um único detalhe da produção de Fofoquinha, peguei a filmadora. Quem disse que eu havia lembrado de carregar a bateria??

*Para quem não sabe, a 25 de Março é uma rua no centro de São Paulo em que se pode comprar todo e qualquer tipo de bugiganga a precinhos Made In China. É famosa por ser o melhor lugar para se achar aviamentos, bijoux, coisas para festas infantis e fantasias em geral.

Dedicatória: Para todas as mães que sempre esquecem de carregar as baterias de cameras digitais e filmadoras. Só nesta Festa Junina, que eu conheça, foram 4 sem me incluir. A gente sempre paga esse mico uma vez na vida, não?

sábado, 23 de maio de 2009

ser mãe é....levar porrada.

Hoje não estou tão sutil assim para usar essa frase como licença poética ou metáfora. Não, ser mãe é levar porrada mesmo. Dói. Não podemos demonstrar nem nosso susto com o destrambelho. Temos que dizer que "Não foi nada, Penélope Charmosa" ou "Foi um acidente, Salsicha, está tudo bem". Não está não. Já falei que dói? Na maioria das vezes não tem nem como disfarçar, como no meu caso, que estou andando em público sem um naco da pele do nariz. Já faz 4 dias. Charming
No começo a gente tem os mamilos mordidos enquanto amamenta. Vocês homens já levaram mordidinha de filhote de gato ou cachorro com aqueles dentinhos afiados no saco? É o equivalente. Um dia você se pega com sua cria no colo e pimba! Antes que possa reagir levou uma cabeçada e abriu o lábio. Ou os dois-já passei por isso. Acontece algumas vezes ao ano.  A cabeçada pode gerar também um olho roxo. Criança no colo acaba em orelha rasgada-também, quem mandou usar argolas?-e tufos de cabelo na mão da Penélope Charmosa. Tufos esses que você tinha acabado de fazer uma chapinha. Se o cabelo for crespo melhor ainda para os dedinhos do Salsicha.
A coordenação motora deles-ou melhor, a falta de- é nosso pior inimigo. Ela não se afia por muitos anos e nosso martírio não acaba. Fofoquinha está com 6 anos e na fase da sanfona: alarga e cresce. Alarga e cresce. Quando cresce, leva algumas semanas para se acostumar com suas novas proporções, o que faz com que ela vire uma revoada inteira de hipopótamos-de tutu cor-de-rosa, por favor-em uma loja de cristais. Não tem noção de força e meu fígado acaba em paiard. Um simples abraço pode acabar em torcicolo.
Quando a gente leva os filhos na escola e tem uma mãe com o rosto-por que tem que ser sempre no rosto????-machucado, as outras nem se abalam. Ninguém pensa em perguntar se ela "bateu com o olho na porta" ou se a coitada quer ir até a delegacia da mulher. Todas sabemos que foi mais um episódio de abuso. Infantil.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

seja homem!

Sabe qual é a grande diferença entre os sexos? Pois eu vou te contar: a bolsa. E não adianta nem ser uma diaper bag bacana para homem, como essa acima. Os homens não usam e pronto. O princípio da carteira masculina aplica-se aos seus filhos do mesmo jeito: se não cabe no bolso da calça, eles não vão levar.
Quando uma mãe sai com sua cria, uma sacola vai junto. Ou duas. No meu caso, já foram até 4. Só para ir até a casa da vovó. Novamente, o mesmo princípio da bolsa feminina extende-se à bolsa da criança. Como mãelher, é óbvio que vou pensar em todos os cenários possíveis e estar preparada para enfrentá-los antes de sair de casa. Quando se tem filho, em dobro. No meu caso, em triplo (a minha bolsa, as tralhas de Fofoquinha e as tralhas de Matraca-Trica). 
Quando os dois eram menores, ia minha bolsa-com tudo o que tinha direito dentro: maquiagem, carteira, perfume, necessaire (nem me pergunte o que tinha dentro, era um buraco negro. Tinha desde pinça de unha e esmalte até remédio), necessaire com absorventes íntimos e o.b., caneta, bloco de papel, chiclete/halls, chaves, se fosse o caso uma meia calça extra, óculos escuros, celular, na época um palm pilot, floral de Bach, pacote de lencinhos de papel e vai-lá-saber-o-que-mais. Iam também os carrinhos e a bolsa (ou o plural delas) das crias: fraldas, fralda de boca, lenços humedecidos, 2 mudas de roupa para cada um (uma só era pouco), meias, casacos (durante o ano todo, afinal, vai saber se bate um vento mais fresco), kit-machucado (bandaid, mertiolate, anti-térmico, pastilha), garrafas com água, lanches, chupeta e porta-chupeta, alguns brinquedos para cada um, baldinhos e pazinhas, uma bola, um penico portátil, saquinhos plásticos (para colocar roupa molhada, fralda suja, resto de comida etc) e outras coisinhas mais, como uma toalha. Com mais frequência do que se poderia imaginar, acontecia alguma coisa para a qual eu não estava preparada. Com mais frequência  do que se poderia imaginar, não precisei de absolutamente nada que levei e carreguei para cima e para baixo o tempo todinho.
Deu para imaginar o meu desespero quando eles saiam com papai que nem uma garrafinha d'água levava? Ou casaco? E se eles ficassem com fome? Ou se machucassem? 
Sabem o que aconteceu, depois de tanta aflição da minha parte? O tempo passou e minha bolsa foi ficando cada vez menor e mais enxuta até desaparecer por completo. Hoje em dia saio de casa com chaves, documentos (sem carteira!), um pouco de dinheiro, celular e batom. Finalmente, como homem, outro dia sai com Fofoquinha e Matraca-Trica sem levar a tal da bolsa. Sem roupa extra. Sem bandaid. Sem lencinhos. Acho que estou me sentindo mais próxima do sexo masculino. Pelo menos nesse departamento.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

odeio muito tudo isso

Querido diário,
Ser mãe é pagar mico. É fazer coisas que a gente não quer para não magoar sua cria. Mas como não somos de ferro, tem que sobrar em algum lugar. Neste caso, estou usando suas linhas como penico.
Tudo começou semana passada quando Fofoquinha recebeu um convite para festinha de aniversário de dois amiguinhos da escola que eu não conheço. Aliás, não sei quem são as mães também. A festinha ia ser na casa do tio Ronald. Ronald Macdonald´s.
Querido diário, estamos juntos faz tempo. Você me conhece como poucos. Com certeza já percebeu o meu mau humor com a coisa. Você sabe que fazia 13 anos que eu não entrava na casa do tio Ronald (vai ver que foi praga do número 13). Você sabe que eu já havia escrito em meu blog sobre o desgosto no dia em que Fofoquinha, depois de 5 anos, foi levada lá por amiguinhos. Mas eu não poderia deixar a menina se sentir excluída. Nós vamos, resolvi.
Junto com o convite, uma autorização para levarem as crianças depois da escola. Liguei para saber como ia ser a coisa. Uma das mães me respondeu que eles iam levar as crianças--19, se todos assinassem--em 4 carros. Deixa eu ver: 19 dividido por 4 dá 4.75 crianças por carro. Evidentemente sem cadeirinha ou cinto de segurança. Pode deixar, respondi. Eu levo minha filha. Perguntei se havia problema em levar Matraca-Trica, uma vez que íamos direto da escola. Tomar uma decisão estava acabando comigo: levar uma criança de 3 anos no tio Ronald ou ela se sentir excluída. A resposta da mãe decidiu por mim: ela foi do tipo "se você precisa mesmo, então tá". Em tom de enfado. Conversei com ele e ele entendeu que não poderia ir. UFA.
Lá fomos nós duas. Eu e outras 2 mães também foram separadamente. Cinco adultos para 19 crianças. De 5/6 anos.
Diário, você sabe que a casa do tio Ronald é aberta ao público. Estávamos nós e o entra e sai de estranhos na hora do jantar. O único brinquedo ficava do lado de fora--o aniversário foi na noite que fez 12 graus--no térreo. A porta para esta "sala" e a escada para cima, aonde uma salinha estava decorada para o aniversário eram ao lado da porta de entrada e saída. Dezenove crianças correndo para cima e para baixo descontroladamente. Duas moças que foram designadas para atender a festa, coitadas, uma tirando os pedidos e a outra olhando mais ou menos a zona. As mães responsáveis estavam na sala de cima batendo papo. Vamos combinar que se alguém quisesse pegar uma das crianças e sair pela porta rapidamente não ia ter o menor problema. Se uma delas quisesse sair e ir para o meio da rua, também ia se dar bem.
Depois de comerem um Mac lanche feliz cada uma, as crianças desceram para brincar. Tinham que tirar o sapato para ir no brinquedo. Além do frio, o chão de lá estava tão limpo como chão de banheiro de casa noturna sábado lá pelas 4 e meia da madrugada. Eu confesso que fugi sem nem me despedir assim que cortaram o bolo. Peguei Fofoquinha pelo braço, enquanto ela escolhia um prêmio/lembrança e voltamos para casa. Jurei para mim mesma que nunca mais.
Sabe querido diário, eu entendo que alguns pais não tenham dinheiro para dar uma festa de aniversário para o filho. Ninguém tem obrigação de oferecer um rega bofe ano sim, ano sim. A gente faz o que pode com o que tem. Para isso temos uma coisa chamada imaginação. Ia ficar infinitamente menos micho e muito mais simpático cantar parabéns em casa entre cachorro-quente, pipoca, bolo e a atenção dos pais. Não precisa mais nada: nem balão, nem mesa alegórica, nem brinquedos ou lembrancinha. Certamente ninguém merece a falta de atenção, carinho ou cuidado do tio Ronald numa ocasião tão especial.

PS: Diário, não posso deixar de escrever que não tenho absolutamente nada contra os pais e principalmente as crianças aniversariantes, muito pelo contrário. Crianças são inocentes e pronto. Sendo eu quem sou, você sabe que iria contar o ocorrido conhecendo as partes envolvidas ou não.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

vamos trocar figurinhas?

Parte de ser mãe é administrar a tralha infantil. Fraldas, calcinhas e cuecas, lanchinho, casaco e brinquedos que não podem ser enterrados na areia. É ter o cobertor--sem o qual Fofoquinha não pega no sono sem--lavado e cheiroso, é  dar comida para o pexinho, porquinho-da-índia ou cachorro. É administrar álbum de figurinhas. Este último requer uma paciência de Jó. Da minha parte, porque não faço como as outras administradoras que conheço desta área fazem.
Primeiro, não compro vinte pacotes e dou nas mãos de Matraca-Trica e Fofoquinha só porque eles estão entediados com a vida e querem completar o álbum. Ontem. Pacote de figurinha, em casa, é prêmio. E prêmio suado: um pacotinho por vez dependendo do dia e de como foi o comportamento para merecê-lo. Normalmente o pacotinho só troca de mãos depois de uma tarefa bem executada da parte deles.
Segundo, são eles que colam as figurinhas no álbum. De ponta cabeça, no lugar errado. Tortas. Rabiscam em cima, colam adesivos. Descolam tudo depois, tentam colar de novo. Mamãe, porque não quer ficar colado? As páginas se rasgam. O álbum, afinal de contas, é deles. Não é meu. Não tenho o menor interesse em plastificá-lo e colocá-lo em cristaleira com porta vidro quando estiver completo.
Terceiro, para mim figurinha repetida é figurinha dada. O eu quero dizer com isso? Vou explicar com um exemplo que me deixou passada (motivo pelo qual estou escrevendo sobre o assunto. O resto até agora foi só para encher linguiça e disfarçar um pouco) e outro que veio depois:
Fofoquinha estava colecionando o álbum das Princesas/Moranguinho/Barbie, qualquer coisa com bastante glitter e cheiro de tutti-frutti, não vem ao caso. Um dia destes fomos à pracinha do lado de casa e ela descobriu uma "amiguinha" que tinha figurinhas para trocar. Fofoquinha separou as figurinhas que queria do bolo da menina e mostrou à mãe dela. A mãe-não a filha-olhou o bolo da Fofoquinha e não viu nada que a filha já não tivesse. Contou, então, quantas figurinhas a Fofoquinha tinha pego, virou para mim e disse: "Sua filha não tem nada que interesse. Como ela pegou 15 figurinhas da minha filha, vou pegar 15 do bolo dela, mesmo que a minha filha já as tenha". Não deu nem tempo de piscar e quando vi já tinha aberto a boca e respondido na lata: "Por favor, se quizer pode ficar com todas. Aliás, faço questão." A mãe agradeceu com má vontade, pegou as 15 figurinhas repetidas e foi-se embora com a filha.
Matraca-Trica por sua vez colecionava qualquer álbum de carros. No clube achou um menino que tinha acabado de comprar o álbum. Ele pegou o bolinho de figurinhas repetidas dele e deu para o menino. Fim de história.
Isso é figurinha dada. Mais do que isso, sei que não sou perfeita. Mas sei o que estou ensinando para meus filhos: bondade, cooperação, boa vontade e alegria em dar. Ao contrário de mesquinharia, egoísmo e interesse. Bem plastificado para a posteridade.

sábado, 9 de agosto de 2008

naqueles dias

-Mamãe. Mamãe. Mã-mãe!
-O que é? Mamãe está ocupada, assistindo um vídeo na internet de como descascar batatas em 10 segundos.
-Quero colocar a fantasia do Superman.
-Pede para alguém te ajudar. Mamãe tem que trabalhar um pouquinho. E por favor fecha a porta do escritório quando sair.
Lá vai Matraca-Trica batendo a porta e bufando de frustração.
Um minuto e meio depois a porta se abre:
-Mamãe, posso jogar o joguinho do Discovery Kids?
-Fofoquinha querida, você não vê que a mamãe está trabalhando?
-Mas eu quero.
-Assim que eu terminar, ok? Por favor quando sair feche a porta.
Fofoquinha finge que não ouve e vai-se embora, deixando a porta escancarada. Enquanto estou no telefone percebo que tenho no momento 4 programas diferentes abertos no computador, todos com coisas diferentes começadas e nenhum arquivo perto de ser terminado. E minhas unhas estão horrorosas, não vêem a cara de uma manicure faz semanas! 
Tinha a ilusão de que como começo das aulas eu ia poder voltar à rotina com calma. Acontece que esqueci que tinha que tirar o atraso. Montanhas de papel em cima de minha mesa, mailbox lotada com pessoas já sem esperanças de receber uma resposta minha e a raiz do cabelo com 3 palmos, esperando impacientemente a hora de ser pintada.
-Mamãe. Mamãe, sabe a árvore que caiu em cima da casa? Você precisa ir lá colocar durex nela para ela ficar de pé de novo.
Tive que parar o que estou escrevendo para rir, muito. Lá se foi o Superman. 
Lá vem ele de novo:
-Mamãe, vem cá que eu quero te mostrar uma coisa.
-Já vou, estou no meio de uma coisa aqui, quando acabar eu vou, tá bom? Coloca um sapato, por favor? Está frio para ficar descalço hoje. 
Não teve jeito. Ele grudou no pé da cadeira e ficou repetindo "Não, agora" até eu levantar, ir até a sala para ver o avião que estava sentado no sofá assistindo TV. Sem sapato. Olha só o desespero do moleque para chamar a minha atenção. Fofoquinha aproveita a deixa para implorar em miados para eu ficar lá com eles assistindo o filme. Disse que já ia. Voltei para cá para tentar terminar esta frase.
Tem dias que é assim mesmo, não tenho a chance de terminar nada do que comecei porque as crias querem minha companhia. Desesperadamente.
Quer saber? Tem dias que eu paro tudo para ficar com eles, como esta semana.
E é por isso que não deu tempo de escrever nada, nem vai dar para terminar este texto.
O filme do Pedro e o Lobo já está começando, com licença.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

panelinha

Meninas e panelinha. O ovo e a galinha. 
Meninas começam a fazer panelinha desde cedo. Agora que estou assistindo Fofoquinha e as amigas brincarem minha memória voltou à tona. A panelinha começa cedo, muito antes do que lembrava. E acompanham as meninas, depois garotas, moças, mulheres e senhoras ao longo da vida. Todas nós temos panelinhas. Sempre vamos ter a melhor amiga. E fofoca. Quem está dentro e quem não pode entrar.
Fofoquinha tem a melhor amiga dela. Aquela relação passional de amor e ódio, competitividade e companheirismo. Você sabe como é. Elas parecem siamesas dividindo o lado direito do cérebro (o que processa as emoções) andando de mãos dadas pelo parquinho.
Assim como elas tem as panelinhas delas, as mães tem suas próprias panelas: vão tomar café depois de deixarem as crianças na escola, saem para almoçar e fazem ginástica juntas. Envolvem as crianças e passeiam juntas. 
Eu não faço parte da panelinha de mães das meninas amigas da minha filha. Falta de afinidades, o santo não bate, vai saber. Mulheres...vai entender. Faço parte de outra panela. Mesmo assim somos todas educadas e superficiais como manda o capítulo 3 da Cartilha de Comportamento para Mães em Porta de Escola. Não conseguimos achar nada em comum além de trivialidades. Acontece. Não tenho problema algum com a situação, até a hora em que envolve meus filhos. Sabe a fotinha que tem no meu perfil? Alí do lado direito, ó. Sou eu até o último pêlo bege do rabo sentada na savana, não foi à toa que a escolhi.
As amigas estão sempre umas nas casas das outras e fazendo programas, panelinhas de mães e de filhas. A melhor amiga de Fofoquinha está sempre entre elas pois a mãe é parte do grupo das mulheres. Fofoquinha nunca é convidada, mesmo todo mundo sabendo quem é a melhor amiga de quem. Lá vou eu me sentir culpada, afinal eu sou a pária. Me corta o coração quando chegamos no parque e encontramos todas as meninas juntas-estão passando o dia na casa de fulana, depois de ciclana e no meio tempo estão brincando lá.  Fofoquinha ainda é inocente e não percebe, pelo contrário, fica feliz de ver todo mundo no parque. Tenta entrar no grupo e é barrada, pois a panelinha do dia já está formada. Aí sim ela fica chateada e vem procurar abrigo em meus braços. Eu não posso fazer nada, não posso interferir pois ela tem que aprender a se defender sozinha. Tem dias que os hormônios não me deixam nem olhar a cena. 
Por causa disso estou com um dilema: tentei me aproximar das mães pelo bem de Fofoquinha. Está na (minha) cara que estou forçando a barra. Ando pensando na situação toda e não me sinto confortável com o que estou fazendo. Ou devo continuar? A única conclusão que cheguei até agora é que preciso voltar para sessões de recaída na AMPROPOA (ver post de maio).
Até onde a gente espicha a consciência por causa de nossos filhos?
O que você faria?

OBS: Esta pergunta não é retórica, estou mesmo precisando de conselho.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

a escolha

Eu tenho uma prima que no ano passado engravidou. Quando o bebê nasceu lá fomos eu e meu marido fazer uma visita. Conversa vai, conversa vem ela me perguntou se não ia voltar a trabalhar. Ela, com os pontos da cesária ainda frescos, me dizia que iria voltar a trabalhar em um mês e que tinha planos para colocar o filho logo logo em uma escolinha-felizmente o pediatra da criança era mais lúcido e desaconselhou-a a fazer isso antes dele completar 1 ano. Meu marido olhava para mim, eu olhava para ele, ele olhava para mim e de repente surge nele um canto de sorriso maroto de quem diz:"Sei."
Você acha que acabou aí? Ledo engano. Tive que sair antes por que Matraca-Trica estava com febre naquele dia. Meu marido volta para casa e me conta que a prima não estava me reconhecendo mais, o que tinha acontecido comigo? Eu era uma mulher cosmopolita, ambiciosa (no bom sentido) estava no topo de minha carreira. Como assim eu tinha largado tudo para me tornar um Desperate Housewife (sem glamour) que só tinha olhos para minhas crias? Eu só respondi para ele: a ficha dela ainda não caiu. Ele concordou, para meu alívio.
Outro dia encontrei a prima, por acaso, num café perto de casa. Ela estava com o filho. Eu, que não deixo nada barato, perguntei como ia a vida, principalmente o trabalho. Ela me respondeu que havia sido saida do emprego e estava com dor no coração de ter que procurar outro. Não queria ficar longe do filho. Comecei a rir e dei os parabéns pela ficha que demorou um tiquinho para cair mas caiu. Ela não entendeu nada e contei que nunca tinha esquecido da tal visita e da conversa.
Bem vinda ao clube!
Cá entre nós, depois que a gente tem filho, só quer ficar lambendo a cria. Não dá mais vontade de trabalhar nem de se ausentar por tanto tempo de casa. 
Mas a gente se cobra. Eu era aquele mulherão todo, aonde ela foi parar? Debaixo da camiseta manchada de papa não está. Nem debaixo do Lego. Dentro do carrinho? Quem sabe do outro lado do espelho?
Não bastasse a própria cobrança, as outras mulheres também ficam no seu ouvido: se você trabalha fora é uma mãe desnaturada. Se não trabalha está precisando largar o curso de ikebana e a yoga e arrumar alguma coisa para fazer, ora essa. 
Ninguém chega a um acordo e umas julgam as outras o tempo todo. 
Nós também não chegamos a um acordo conosco mesmas. Queremos um tantinho de cada. Não dá para ter tudo? Como assim? Quando pergunto, ouço a mesma resposta (parece concurso de Miss):"Eu queria mesmo era trabalhar meio período, em casa." que soa como "Eu quero a paz no mundo, que todos reciclem para salvar o planeta e o último livro que li foi O Pequeno Príncipe."


quinta-feira, 3 de julho de 2008

tacones lejanos

Queridos saltos altos,
Tenho saudades. 
Lembro com carinho de quando era solteira e gastava metade do salário, com imenso prazer, em vocês Manolos, Guccis, Pradas, Jimmy Choos e outras novidades que me deixassem Sexy In The City. Aliás, foi por gostar das alturas que seu pai se entusiasmou por mim. 
Eu nascí de salto alto. Sempre soube andar em cima de um-ao contrário de muitas modeletes que tremem só de olhar para esses centímetros de fetiche-desde a tenra idade. Agora que estou fadada a ter metade do meu guarda-roupa dedicado ao parquinho ou pracinha, não tenho mais oportunidade de usá-los diariamente, até para ir à padaria. Logo percebí que correr atrás de criança de salto na areia não dá muito certo-e olha que estou sendo sutil.
Apesar de andar de salto ser como andar de bicicleta fisicamente agora sofro, pela falta de prática e pelo passar dos dias que insistem em deixar meu corpo com mais idade-sob inútil protesto, infelizmente.
Queridos saltos altos, sabe o que mais percebí? Depois de anos de observação de campo notei que existe sim o gene do sapatinho dentro do cromossomo X, apesar da ciência insistir em ignorar o assunto (até alguém ganhal o Nobel pela descoberta). A gente percebe isso olhando nossas filhas, cujos olhos brilham de prazer quando acham um par em nosso armário. E olha que elas mal fizeram 1 ano, nem sequer sabem se equilibar em suas próprias pernas ainda. 
Como a genética não é igual para todos, tem mulher que nunca vai aprender a andar com graça e leveza em vocês. Sabe a história de enrolar a língua? A que dizem ser genética? Tem gente que consegue fazer rolinho com a língua e tem gente que nunca vai conseguir. Andar de salto também parte do mesmo princípio, na minha opinião.
Ainda insisto em comprá-los,  nunca vou deixar de amá-los. Mesmo que agora eu passe metade do tempo olhando vocês fazendo tec-tec no chão de casa nos pés de Her Royal Highness Princess Fofoquinha.
Queridos, lembrem-se: vocês sempre serão meus. Meus. Mesmo que Prince Matraca-Trica insista em colocá-los nos pés para seguir o cortejo real até a sala de estar.
Tenham creteza, nos veremos em breve.
Com carinho,
Euzinha.

Observação: Eu ainda vou mais fundo e acredito piamente na teoria de que quando o cromossomo X feminino (o que tem o gene do sapatinho) encontra o cromossomo X masculino forma-se o gene dominante da bolsinha.

domingo, 29 de junho de 2008

ser mãe é.....

Pagar mico. 
Um mais escalafobético do que o outro. Micos inimaginávies.  
Em público.
Em público, pelo amor de Deus!!

Quer saber do pior? A gente faz com prazer. Sabe que está enfiando o pé na jaca, continua a enfiar e de vez em quando se diverte prá valer. De vez em quando.
Festa Junina é uma dessas ocasiões em que eu preferiria fazer tratamento de canal sem anestesia do que ter que ter que aparecer na festança. Salvo a dancinha das crias, sempre peço piedade para ser incluida fora dessa.
Esse ano não rolou. Lá fui eu para o Arraiá do clube com as crias que a-d-o-r-a-m uma muvuca.
Fofoquinha me arrasta para o meio do tablado perto do palco aonde uma companhia de dança country está se apresentando. Ela se diverte assistindo, dançando e batendo palmas enquanto eu penso quanto tempo mais meu martírio vai continuar. Já que desgraça pouca é bobagem, como diz o ditado, os dançarinos descem do palco no final de um número e se espalham entre o público. A coreógrafa bailarina chefe (cujo trabalho apresentando foi beeeem inspirado no das chacretes que dançam no Programa do Faustão) anuncia que agora todos vão participar na versão country que ela inventou para uma música famosa: 
-Atenção para a Macarena Country!- anuncia a loira de chapinha no cabelo, peito turbinado, chapéu de cowboy, mini saia, bota carrapeta e com a maquiagem escorrendo porque está molhada de suor.

MACARENA COUNTRY!
E lá fui eu com Fofoquinha, que insistiu que mamãe tinha que dançar com ela sem aceitar um não como resposta. Até me colocou do lado de uma bailarina para aprender os passos melhor.
Passinho prá lá, bundinha prá cá, mão com laço para o alto e Êeeeeeeeeeeeeeeeeee Macarena.

Nem pensem vocês que vou me estender a descrever a dancinha que veio depois, a "Eguinha Pocotó".






quarta-feira, 25 de junho de 2008

olha que coisa mais linda, mais cheia de graça

Mamãe Sabe Tudo orgulhosamente anuncia a abertura das inscrições para o concurso "Miss Mãe Antipática da Pracinha/Parquinho 2008":
O concurso é realizado todo ano na Pracinha ou Parquinho perto de sua casa.
As candidatas devem apenas ser maiores de dezoito anos e devem ser mães. 
Existem, porém, pré-requisitos para que sua candidatura seja aceita. Todos eles são comportamentais uma vez que a aparência pouco importa (não vai ter nenhum juiz do SPFW, portanto pode deixar sua bolsa da Louis Vuitton em casa. O tempo também está muito húmido para fazer aquela chapinha). 
Atenção: Todo o tipo de comportamento para ser aceito no formulário de inscrições deve acontecer somente na área e vizinhanças próximas à pracinha e/ou parquinho. Referências por escrito de outras mães e pajens são um plus.
São eles:
  • Não seja simpática com as outras mães e pajens.
  • Não permita que sua cria brinque com nenhuma outra criança.
  • Não divida brinquedos. E não perca tempo nenhum explicando isso para o moleque de 1 ano e meio que pegou a pazinha da sua cria. Simplesmente tire da mão dele e vire as costas. Ignore os protestos e choro do cotoquinho.
  • Ao mesmo tempo, deixe que sua cria pegue o brinquedo de quem for, sem perguntar de pode.
  • Quando a cria largar o brinquedo, deixe aonde ela largou ao invés de devolver para o dono.
  • Se por um acaso você estava de bom humor com a vida e pediu emprestado um carrinho de uma criança e sua cria gostou muito, leve para casa. Assim mesmo, recém-agregado de graça. Simplesmente leve embora quando vocês forem para casa.
  • Perca o brinquedo da outra criança.Vá embora sem dar nenhuma satisfação.
  • Faça bastante bolhas de sabão e não empreste para mais ninguém fazer.
  • Não divida o lanche, mesmo que uma outra criança chore, peça "por favor" por livre e espontânea vontade(o cúmulo da vontade de pegar um biscoito) ou se atire no chão de desespero. Se quizer dar um toque ainda mais gracioso, diga:" Esse biscoito é só da minha filha".
  • Fale mal de outra mãe para uma conhecida dela. Mais importante ainda, fale mal da cria dela.
  • Chame as pajens de "essa gente" em conversa com outra mãe. 
  • Reclame bastante de sua pajem, aos ouvidos de todo mundo que estiver num raio de 5 metros, inclusive as pajens amigas da sua pajem.
  • Discuta com a pajem da outra criança por um motivo beeem bobo.
  • Fale palavrão.
  • Fume.
  • Fale (em alto e bom tom) no celular o tempo todo que estiver na pracinha/parquinho.
  • Ignore a fila que se formou no balanço e permaneça lá até a hora que sua cria cansar-uns 45 minutos, em média.
  • Se sua cria quer ir no escorregador ou outro brinquedo e tiver fila, fure.
O concurso não tem data prevista para encerramento das inscrições. 
Surpreenda sua amiga, sua vizinha, sua sogra! Inscreva-a!

Mamãe Sabe Tudo deseja de coração BOA SORTE à todas vocês!



sexta-feira, 13 de junho de 2008

momento desabafo

Tá vendo essa imagem acima da Mulher Biônica? Essa gostosona com cabelos de comercial de shampoo sempre pronta-de salto-para correr e salvar o mundo? Essa bacana que tem uma casa sempre pronta para ser fotografada por uma revista de decoração, que cozinha divinamente e lê todos os livros sobre psicologia infantil para lidar com os filhos? Ela que está sempre com uma lingerie sexy por baixo da roupa e não sua mesmo depois de 45 minutos de aula de spinning?
Pois é, essa não sou eu. Não passei no teste. Aliás, tive um dia em que o oposto a tudo isso aconteceu. 
Começa com a pajem está de férias. A cara metade viajando. Matraca-Trica na noite anterior machucou o ombro e o ortopedista disse que ele não poderia carregar nenhum peso no dia seguinte. Não fosse isso o suficiente, a fralda dele vazou e ele acordou às 6 da manhã, ainda escuro, e não dormiu mais. Fomos à natação-olha só que coisa ideal para deixar uma criança com sono ainda mais cansada-voltamos e almoçamos. Antes de sair de casa, já nem me lembro o motivo, Fofoquinha brigou comigo. Foi me chamando de casa até a escola de "a pior mãe do mundo". Detalhe: a adrenalina da noite anterior no pronto socorro nem tinha baixado ainda. No carro fui tentando todas as técnicas pedagógicas que conhecia para acalmar a criatura, sem resultado. Finalmente quando chegamos ela acalmou. E eu tão perto da porta da escola, já sentindo o cheiro de quatro horas de liberdade...Saindo do estacionamento Matraca-Trica resolve que quer por que quer colocar sua mochila nas costas. Fui andando devagar explicando que o médico havia dito que ele não podia carregar peso no ombro etc. Não funcionou. Tentei outras tantas táticas, nada. Vinte minutos de piti depois eu ainda não estava nem na porta da escola (a pessoa estava agarrada ao meu tornozelo, jogado no chão, aos berros e prantos. Gostou da cena? Tem um certo je-ne-sais-quoi familiar, non?) e a situação ainda estava escalando. A uma certa altura peguei a mochila, o moleque e entrei, esperando que alguma alma bondosa me ajudasse a acalmar a criatura. Chegando na porta da sala a "tia" veio me ajudar-ufa-quando Matraca-Trica no auge do descontrole me agarra por trás e morde meu bumbum com aqueles dentinhos de filhote de gato. Meu susto foi tamanho que instintivamente virei e dei-lhe uma bela palmada no bumbum. 
Pronto. Falei. Bati no meu filho. Na frente da professora, diretora e outras mães que me olhavam aterrorizadas. Surtei. Sabe aquele clichê "dói mais em mim do que em você"? É verdade. Aposto que na remota possibilidade disso acontecer com a Mulher Biônica, ela ia manter a compostura. Ela tem partes do corpo de aço. Eu tenho de manteiga. Chorei a tarde inteira. 
Isso acabou com minha futura candidatura à Mulher Maravilha ou Martha Stweart (mãe do ano então nem pensar), surtei uma vez e não há garantia nenhuma que não perderei o controle da situação de novo-existem muitas variantes em 24 horas e de repente tudo pode ir água abaixo, como deu para ver no triste dia que vivi. 
Bom, convenhamos também que eu não ia caber na fantasia de Mulher Maravilha tamanho 8 a 10 anos que tem aqui em casa...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Aonde eu deixei mesmo?

Toda vez que saio com as crias tenho que levar a tal sacola que tem, entre tantos badulaques, as fraldas, a fralda de pano, lencinhos umedecidos, lencinhos de papel, uma muda de roupas para cada um, um kit primeiros socorros, pares extras de meias, cuecas e calcinhas; garrafas de água, chupeta, lanche, etc. Em outra sacola vão os carrinhos, baldes e pás, bichos de estimação e seja-lá-o-que-eles-resolverem-levar também naquele dia. Tem também minha bolsa. Pareço uma cigana vagando pelas areias do parquinho. 
Essa é a razão pela qual eu não compro mais nada caro nem de marca, nem para mim nem para as crias. O motivo é muito simples: administrar toda essa tralha requer tamanho esforço que um terço nunca volta para casa. O inventário é próximo ao do Carrefour. Eles tem pessoas especializadas para fazer isso, programas de computador e rede integrada. Eu tenho o Tico ou o Teco.
Da parte deles : o divertimento da cria menor no momento é enterrar os carrinhos favoritos que ele não pode dormir sem a companhia pela areia como se fossem ossos de cachorro para ver se ele consegue achar dois dias depois (há há. Só rindo para não chorar com a cena da Flavia de gatinhas fazendo buracos com a pázinha pela areia tentando recuperar o Macqueen para que esse moleque não surte na hora de dormir mais tarde.). A cria maior por sua vez coleciona qualquer papelzinho que é distribuído pelo trânsito-ela tem uma coleção de anúncios de construções de prédios e outra de desentupidores e dedetização que devem valer uma fortuna no Ebay. Duas semanas depois de me obrigar a pegar vários deles ela me pergunta aonde está aquele assim-assim que ela não consegue achar de jeito nenhum (porque eu joguei fora, evidentemente) e ela tinha deixado alí, ó.
Da minha parte: se vou ao banheiro lavar as mãozinhas cheias de lama de algum deles, o anel fica na pia. Se preciso tirar os óculos escuros para que eles não caiam quando estou abaixada fazendo bolos de areia, é lá mesmo que eles ficam. Se tirei o casaco e deixei no banco para poder me movimentar com mais conforto enquanto corro atrás deles como se fosse o lobo mau, a campanha do agasalho me agradece. Meu guarda-roupa diminuiu significativamente de tamanho desde que me tornei mãe.
Meu consolo é que, colocando as coisas em proporção real, nada disso tem muita importância. A gente pode repor tudo isso. Até mesmo a Sally que ficou enterrada na areia-a gente vai fazer o impossível, até mesmo bater na porta da Ri Happy às 8 da noite para conseguir outra a tempo da cria ir dormir.
A gente perde outras coisas também: a paciência, o sono, a segurança, o bom-humor, a auto-estima. 
O que não tem substituição é o sorriso de nossos filhos, mesmo com a boca quase sem dentes. E esse a gente nunca, nunca vai perder.


                                                                                            Para Thula.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

AMPROPOA

Era cinco da tarde de 2003. O vento frio do outono já estava levantando folhas caídas das árvores. Numa sala sem placas em um prédio de endereço obscuro, umas 16 mulheres esperavam pelo começo, todas caladas e com olhar baixo. Finalmente a presidente levantou-se, foi ao microfone e falou:

-Boa tarde. Declaro aberta mais uma sessão da AMPROPOA. Estou vendo novas pessoas entre nós. Alguém gostaria de vir se apresentar para o grupo?

Levantei a mão correndo (não aguentava mais de ansiedade) e fui ao microfone:

-Oi. Meu nome é Flavia Fiorillo e eu sou uma mãe que procura pelo em ovo.
-Olá Flavia.-Foi a resposta em coro.

Todos aplaudiram e depois que contei minha terrível saga até chegar até lá, cedi a vez para outras 4 mães que, como eu, resolveram que era hora de tomar rédeas da própria vida.
O processo para a cura foi penoso e a duração interminável. Passei pelos 12 estágios e hoje digo com orgulho de estou clean por mais de 3 anos. Não precisei mais voltar à sede da Associação das Mães que PROcuram Pelo em Ovo Anônimas.
Sabem aquele tipo de mulher que fica tirando a temperatura do filho a cada 23 minutos quando ela acha que deve estar subindo para 36,8ºC e depois de 2 horas sem mudança (na temperatura que não subiu) liga assim mesmo para o pediatra desesperada porque tem certeza de que tem alguma coisa errada? Aquela que entra no quarto do bebê que está dormindo tranquilamente a cada 18 minutos para ver se ele está respirando? Aquela mãe que exige que o amiguinho de 3 anos da classe do filho seja expulso da escolinha só porque ele mordeu seu filho e fica na orelha da diretora por semanas, dia sim, dia sim? Pois é. Meu caso não era assim tão extremo, isso para mim seria o equivalente e enxugar uma garrafa de tequila e outra de gim enquanto eu bebo socialmente.
OK, isto está longe de ser desculpa pois não deixamos de ser todas doentes, só varia o grau. Assumo que fui um dia obcecada (no pior sentido da palavra) com coisas que não tem a menor importância, não importa como as veja. Foi um período em que eu ficava exausta, tanto fisica como mentalmente. Não sobrava tempo para nada. O Tico e o Teco quase pediram demissão, alegando que isso não estava na descrição de tarefas deles quando foram contratados.
Não tenho vergonha. Passou.
Tenho certeza que você também achou ou está próxima de achar o seu equilíbrio e vai deixar a vida de seu filho em paz, mesmo que ele queira colocar um pé da sandália havaiana de Super-Man e o outro do Macqueen para ir se encher de germes comendo a areia da pracinha com o melhor amiguinho dele que nem por isso insiste em morde-lo o tempo todo.