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domingo, 27 de março de 2011

curta: com que língua eu vou?


Uma coisa boa sobre a educação das crianças do século XXI é a exposição à diferentes culturas e línguas do planeta. O mundo está mesmo ficando menor.
As escolas ensinam mais de uma língua e isso faz com que o vocabulário em Esperanto das nossas crias aumente exponencialmente.
Vira e mexe Matraca-Trica me pergunta como se fala  _______insira aqui uma palavra do cotidiano_______ em inglês, ou espanhol, francês e até em japonês. De vez em quando são frases completas.
Para sua última pergunta, porém, fiquei sem palavras:

"Mamãe, fala em letra cursiva comigo?"

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

papai noel existe?


Fofoquinha participou, alguns anos atrás, de um programa de férias. A brincadeira sempre teve tema. Naquele ano, quando ela tinha 5 anos, o tema envolvia Papai Noel. Quando chegamos e entre 200 crianças eu vi por cima das cabecinhas um tiozinho vestido de Bom Velhinho, me preparei para a cena que iria acontecer, em questão de segundos.
Fofoquinha, desde bebê morre de medo de Papai Noel. Melhor ainda, de tiozinhos fantasiados.
Quando ela tinha 1 ano e a levamos para sentar no colo de Santa Claus e ao menos tirar uma foto de recordação, a menina chorava copiosamente na fila lá atrás, nos puxando para ir embora dali. Ainda insistimos, acalmando-a dizendo que ia ser bacana, que não precisava ter medo, que ele era bonzinho. Ela, tadica, tentou obedecer, mas a gente via o pânico crescer dentro dela e ela não aguentou nem subir no palquinho montado para receber as crianças. O choro histérico tomou ecoou pelo lugar. Fomos obrigados a desistir. Ficou muito difícil sair com essa menina em Novembro e Dezembro. Quando ela via um Papai Noel andando pelas ruas ou alamedas de lugares públicos, me fazia mudar a rota, atravessar a rua, qualquer coisa que a levasse o mais longe possível daquele gordo de barba branca.
Aos 5 anos resolvi acabar com a agonia de Fofoquinha, que nessa época até pesadelo com ele tinha. 
-Fofoquinha, Papai Noel não existe, querida.
E quem disse que ela acreditava? 
Expliquei que era uma pessoa fantasiada etc e tal e nada. Amuada no canto do salão a deixei, e fui falar com o tio fantasiado para pedir por sua ajuda. Levei Fofoquinha para fora do salão e lá veio o tio para falar com ela, fantasiado. Ele tirou parte da fantasia na frente dela e foi muito paciente. Graças a isso ela conseguiu participar do programa de férias mesmo que do cantinho. Ela ainda não acredita piamente que ele não existe, até hoje, com 8 anos, e não se sente confortável na presença de uma pessoa fantasiada de Papai Noel.
Hoje, vendo lojas já enfeitadas para o Natal, ela recomeçou o que eu chamo de "semanas de reafirmação" porque tenho que responder a mesma pergunta 2 vezes ao dia:
-Mamãe, Papai Noel não existe, não é?

terça-feira, 5 de outubro de 2010

crescer dói


Eu tenho pouca lembrança do processo de crescimento. Lembro de coisas muito bacanas e traumatizantemente ruins. Coisas que aconteceram, acidentes, machucados, o dia que me perdi na feira da minha mãe, a boneca que minha avó trouxe da Europa que era do meu tamanho, essas coisas. Todo mundo tem suas lembranças de quando era pequeno.
Agora, participando do crescimento de Matraca-Trica e Fofoquinha, estou percebendo que a coisa pode não ser nada fácil. Crescer dói, fisicamente. Não sei se nós, gente grande, aguentaríamos o tranco de uma tacada só. Fofoquinha, por exemplo, está com 2 dentes nascendo ao mesmo tempo, genviva rasgando enquanto eu escrevo. Está de aparelho, fixo, sendo ativado diariamente. Agora apareceram 2 olhos de peixe, um em cada pé. Sabe o que é isso? Eu não sabia. É uma verruga que cresce para dentro, virótica, tem que queimar ou operar. Tadica dela, agora que queimou, não consegue andar direito por causa da dor faz dias. 
Junta-se todo esse incômodo e dor e veja no que dá. Não sei se teria o bom humor dela, que, como é humana, tem repentes de choro por que não está passando o desenho que ela quer ver naquela hora ou porque o Matraca-Trica pegou aquele livro interativo que ela ganhou a 2 anos atrás e nunca mais havia olhado desde então. Está estável como uma ogiva nuclear em filme de James Bond. Apesar de pronta para causar estrago a qualquer segundo, Fofoquinha comporta-se como a heroína do filme 80% do tempo, aguentando (mais ou menos) firme as agruras que a vida lhe impõe. Vai passar, querida, é só o que Mamãe tem certeza.
A natureza é sábia e faz com que não tenhamos muita consciência desse processo todo, e assim como partos cabeludos, passa e a coisa parece que nunca aconteceu. É capaz de ela não se lembrar nem lendo esse post daqui a muitos anos.

sábado, 2 de outubro de 2010

curta: bienal



Acabei de voltar da Bienal de São Paulo, onde, em um momento de insanidade, levei Fofoquinha e Matraca-Trica para continuarem sua jornada pelo mundo das artes. Em um sábado. Chuvoso. Em véspera de eleições, com todo mundo na cidade.
Honestamente estava esperando que eles se comportassem como dois vikings em uma loja de cristais Kosta Boda. Basta eu falar "não pode mexer" que o efeito contrário acontece. Eles ainda não entenderam o conceito "olhar com os olhos". Fofoquinha e Matraca-Trica precisam- isso mesmo, precisam, é uma coisa visceral- tocar em tudo, experimentar com todos os sentidos.
Para minha surpresa não entramos em uma loja de cristais. Ahh, é por isso que gosto de arte contemporânea. Fofoquinha e Matraca-Trica são dois vikings e se comportaram como tais, isso não tem como negar. A loja, porém, era lúdica, cheia de instalações com muito entra e sai, sobe e desce e com o bonus de ter um quê de zoológico, por conta dos urubus.
Vamos voltar algumas vezes, pois para essa crítica de arte leiga, a Bienal é um grande parque de diversões. Para todas as idades.

nota: instalação de Henrique Oliveira, que meus dois jurados deram nota 10 e só saíram de dentro mais de 40 minutos depois de entrarem (e sairem. e entrarem. e sairem. e entrarem de novo. entendeu, né?), sob ameaças variadas que foram escalando porque Mamãe estava sendo ignorada completamente tamanho o divertimento deles.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

vício


Olá, meu nome é Mamãe e sou viciada em babá eletrônica. Não sei dormir sem ouvir aquele chiado constante e a respiração de Matraca-trica e Fofoquinha no outro quarto. As vezes deixo tão alto que o simples mudar de posição de um deles me acorda. Eu não durmo direito faz 8 anos.
Acho sempre desculpas para mantê-la ligada. Tudo começou com regurgitos de Fofoquinha, que eram constantes. Já com Matraca-Trica, muitos vômitos noturnos e nariz sangrando não me permitiam uma noite tranquila de sono com a babá desligada.
Vamos combinar que faz 8 anos e a coisa tá ficando meio patética. O nariz já foi cauterizado, os vômitos noturnos pararam e os dois tem perninhas bem ágeis que acham minha cama no escuro. Muitas vezes eles nem acordam para fazer esse trajeto.
Ouvi dizer que o primeiro passo para largar o vício é admitir que tem o problema. Pois aí está. 
Será que existe algum grupo de apoio para esse tipo de mãe patética como eu?
A verdade é que a gente, sem se tocar, deixa uma rabeira para ignorarmos que os nossos filhos crescem. Formiguinha Atômica, amiga de Fofoquinha, ainda come no cadeirão, tão pequenina que é que cabe em um chaveiro. Tem um que que não largou a chupeta aos 4 anos, ou aquele que aos 5 ainda toma mamadeira antes de deitar. Os exemplos são tantos que me pego rindo do inconsciente sozinha, de mim mesma e das mães todas. Pensa bem que você vai achar uma coisinha que já está obsoleta na vida de sua cria mas que o Tico e o Teco não podem nem imaginar viver sem, se agarram à ela como se a vida dependesse dela. Agora trabalhe para erradicar essa coisa de sua rotina. Eu já comecei a desligar, mesmo que por pouco tempo, a babá na hora de dormir. São pequenos passos, com muita regressão, mas estou andando para frente. Mesmo tendo a sensação, alguns dias, que dou 2 passos para trás e 1 para frente.


* nota sobre a belezura da imagem que escolhi: 
O Radio Nurse foi criado por Isamu Noguchi logo após do caso do rapto do bebê Lindbergh (1932) para acalmar as famílias impressionadas com o caso. Olha só o tamanhinho dele:
 Mamãe também é cultura! 


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

curta: honestidade


Não é sempre que tenho certeza sobre a qualidade da educação de Fofoquinha e Matraca-Trica. Quem não tem muitas dúvidas a cada ação, a cada vez que abrimos a boca sem medir as palavras e conteúdo do que vamos falar? Ninguém consegue se vigiar 24 horas por dia, todos os dias. A gente faz o que pode. E dá-lhe terapia para segurar a culpa.
Fiquei muito contente em ter prova de que alguma coisa estou fazendo corretamente. 
Fofoquinha estava, ontem, às voltas com a lição de casa de matemática. Não saía de jeito nenhum. Meia hora se passou e a questão continuava lá, em branco. Mesmo com ajuda de Mamãe em direcionar o raciocínio para o lugar certo, não aconteceu nada.
Por fim desistí. Pedi a Fofoquinha que fechasse o caderno e levasse o problema de volta para onde veio, a escola.
Ela me respondeu que iria escrever um bilhete para a professora e se eu poderia, por favor, ver se ela havia feito algum erro de português.
Com a ortografia corrigida, o bilhete dizia:
"Professora, eu não sei a resposta dessa pergunta por que quando você explicou eu estava conversando e eu não prestei atenção na explicação."


segunda-feira, 23 de agosto de 2010

low tech


O desastroso final de semana me fez pensar e cá estou. Tá certo, desastroso foi um pouco exagerado, foi só um café da manhã entre amigos e nossos filhos que acabou em muita briga, berros e choradeira. O restaurante tem uma salinha para crianças. Com Wii. Eram umas 7 crianças, contando com outras mesas, e dois controles. Faça a contas. Fez? Sete dividido por dois = catástrofe.
A certa hora, depois de muitas tentativas de administrar a zona de guerra nada virtual que a salinha virou, entre um croissant e um cappucino uma das mães me perguntou se eu tinha mais de uma TV em casa. Respondi que não, e que as brigas estavam começando a escalar por causa da diferença de interesses: Matraca-Trica quer deixar no Sports Channel 24 horas por dia enquanto Fofoquinha quer assistir esses seriados enjoadinhos para meninas pré aborrescentes.
Hoje leio uma matéria sobre as crianças e adolescentes que dormem menos de 8 horas por dia e suas consequências. A maior causa dessa tendência mundial é a TV no quarto e a permissividade dos pais em administrar o tempo de TV, computador e jogos. As consequências não são nada boas, vão de queda de imunidade até baixo aproveitamento escolar.
A conversa da mesa evoluiu para ter ou não mais de uma TV para acabar com as desavenças domésticas e quanto tempo iria resistir a comprar outra.Não vai aguentar muito tempo, me disseram.
Pois digo à vocês: não vai haver outra TV em minha casa em nenhum outro cômodo, se eles quiserem uma que comprem com seu (futuro) dinheiro. Assim como não tem Wii, o tempo no computador é limitadíssimo- meia hora no final de semana quando eu estou de bom humor e não tem outro programa ao ar livre- e vai demorar muito para que eles tenham qualquer outro joguinho.
O melhor caminho para minha família, quando existir divergência de opiniões sobre qual canal assistir, é desligar por completo a telinha. Pronto, acabou-se o problema.
Tem um mundo enorme lá fora, eles que vão carpe diem como se faz desde o princípio dos tempos.







sexta-feira, 23 de julho de 2010

curtas: prazo de validade

Se a fábrica faz dois produtos no mesmo espaço de tempo, com os mesmos ingredientes, na mesma ordem, porque eles tem prazo de validade diferente?
Dois exemplos distintos:
1. Fofoquinha é arroz de festa no sentido mais puro da expressão. Gosta de ser a primeira a chegar e só sai depois de muita insistência, quando já estão recolhendo os copos para lavar e varrendo o chão. Bobeou ela começa a ajudar na arrumação só para não ter que ir embora. 
2. Matraca-Trica, por sua vez, expira no meio de seja lá o que for. Na festa de seu próprio aniversário de 3 anos, por exemplo, teve que ser levado embora no meio da comemoração. Depois de 1 hora e meia de festa, começou com um tal de "Quero ir embora, quero ir embora, quero ir embora" que não houve como segurá-lo. Só nos restou avisar aos pais convidados que iríamos apagar as velinhas mas que a festa continuaria por mais tempo. Matraca-Trica foi para casa e a as brincadeiras continuaram rolando solta por mais algumas horas.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

testosterona em um dia de férias



Matraca-Trica e Fofoquinha tem muitos primos. Todos do sexo masculino. Naturalmente os programas giram em torno de atividades para cromossomos Y e Fofoquinha vai na rabeira, tentando participar onde dá e curtindo as novidades.
Um dos programas foi se enfiar em uma pista de kart. Lá fomos nós, naturalmente, contentes em fazer companhia para os primos. Matraca-Trica foi só na esperança de ter seu 1 metro e 18 centímetros ser ignorado pelo atendente na hora em que tivesse que ficar encostado na parede com a linha de altura mínima de 1 metro e 20. Coisa simples, tamanha a confusão e alvoroço de muitas crianças de várias idades entupindo caoticamente a recepção do lugar. 
Ele, depois de "passar" no teste de altura, abriu a porta que separava a recepção da pista, saiu, olhou bem e voltou rapidinho. Mamãe, não quero ir. Tem certeza? Tá certo, você pode ficar brincando no simulador de corrida, sentadinho olhando para uma tela do jeito que Mamãe gosta: longe de desastres em potencial esperando por acontecer. 
E você Fofoquinha? Eu quero ir com meus primos, responde a princesa Barbie, toda de cor-de-rosa. Aiaiai, então tá. Enquanto Matraca-Trica sentava na frente da tela da alienação, Fofoquinha foi colocar macacão, capacete e luvas. Para minha surpresa, a menina comportou-se como uma voraz Penélope Charmosa na direção, ultrapassando a todos e dando cavalo de pau na pista.
Matraca-Trica, enquanto isso, não tirou a mão do volante e os olhos da telinha do simulador, tentando manter o carro na pista virtual, o que não era fácil para ele. Nas últimas voltas de Penélope Charmosa ele aparece na pista com cara de "E eu? E EU, mamãe???". Ué, mas você disse que não queria ir, menino! 
Indignado e com os olhos cheios d'água, ele me explica: Mas mamãe, eu estava só treinando lá dentro para poder correr aqui! Eu treinei muuuuito, agora eu quero ir!
Depois de alguns minutos sai Matraca-Trica do vestiário, todo montado e não se aguentando de felicidade, parecendo um cruzamento de Buzz Lightyear e Speed Racer.  
Eu, como não poderia deixar de ser, fiz o papel de mãe relapsa que é tão característico de minha pessoa: esqueci de trazer a máquina fotográfica.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

ser mãe é....fazer pequenas barbaridades por amor

Seja lá qual fosse o mal que afligisse a mim ou minha irmã, nosso remédio era sempre chá de erva doce. Tosse, bronquite, rouquidão? Vírus estomacal, vômito, diarréia? Arranhões, cortes, galos ou contusões? Não se aflijam meninas, tomem um chá de erva doce que tudo vai passar, dizia minha mãe. Daqui a pouco vocês vão se sentir melhor. 
Toda mãe tem um remedinho para horas de pouca aflição e conforto das crias em desepero, com certeza a sua também tinha. Qual era?
O meu é resultado de pura preguiça. O enfermo vai passar a noite na cama da Mamãe. Assim simples. Acontece que tenho sono mais leve do que uma pluma. Cada tosse, espirro ou reviravolta na cama, mesmo sendo no quarto de Fofoquinha e Matraca-Trica, me acorda. Arrancada dos braços de Morfeu, fico encaraminholando se a criatura piorou, descobriu-se, perdeu a meia etc. Eu então tenho que levantar dos meus lençóis quentinhos, andar até o quarto deles, ver o que está acontecendo e voltar para minha cama. Me ajeitar, cobrir e torcer para dormir logo, coisa que nunca acontece. Quando o enfermo está ao meu lado, só preciso me virar para ver a temperatura ou dar xarope. 
Ainda tem o agravante de Matraca-Trica ser menino. Pois é, foi quem eu tive que buscar no meio da aula por que estava com 40 graus de febre. Existe uma falta de dignidade no cromossomo Y que faz com o sexo masculino comportar-se como se o mundo fosse acabar se o nariz escorre. Deve ser alguma proteína ainda não identificada pelos cientistas que produz esse comportamento infantil com sensação de abandono em caso de ataque de qualquer bactéria ou vírus. 
Não se enganem, o sofrimento é, para eles, verdadeiro. Eles realmente acreditam que vão perecer abandonados à própria sorte. Coisa intrigante, pois com o passar dos tempos não desenvolveram a capacidade de ter o mesmo sentimento perante guerras, ataques e assaltos armados. E olha que isso vem de desde antes de começarmos a andar eretos. 
O cromossomo Y me fascina em vários campos, especialmente os que não fazem nenhum sentido lógico. O que a natureza quer dizer com isso? De qual a parte na evolução da humanidade esse comportamento faz parte? Essa dor toda que o sexo masculino sente vem de onde?
Pausa.
Acabei de reler o texto. Aparentemente comecei a falar de um assunto e terminei em outro. Vocês já devem ter se acostumado, né? Um dia desses eu espero amarrar os dois com conclusões distintas, mas agora tenho que ir pois Matraca-Trica está, literalmente, sentado no chão frio, derrubado com febre, agarrado em minha perna enquanto escrevo, para chamar minha atenção.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

segunda opinião






Se você precisa de uma razão para não desistir de procurar por uma resposta satisfatória, lembre-se do que vai ler. Uma história para não ser esquecida, ainda mais com uma foto ilustrativa dessas.
Cedo a gente aprende a procurar um obstetra que nos entenda, depois um pediatra que faça milagres instantâneos às 3 e meia da madrugada e quando achamos que a rotina vai se resumir nisso, tem o odontopediatra. O ortodentista. A fonoaudióloga. Os professores particulares. Um sem fim de profissionais nos quais a gente confia a vida e o futuro de nossas crias.
São tantas as escolhas diárias que temos que fazer que agradecemos sinceramente qualquer indicação para resolver nossa necessidade. Ai que bom, alguém fez a lição de casa por nós! Me passa o telefone, por favor?
Fofoquinha colocou aparelho semana passada. A estrada para que isso acontecesse foi bem tortuosa. Fomos a uma ortodentista por indicação que, depois da avaliação, me disse que o tempo de tratamento seria de pelo menos 1 ano e meio, com 2 aparelhos móveis que custariam 20 patacas. A manutenção seria de 5 patacas por mês. Ela foi muito simpática e atenciosa, gostei dela. Foi minha primeira experiência com essa área de expertise e fiquei impressionada, mesmo achando essa quantidade toda de patacas um tanto demais. Mas não tinha nada para comparar.
Demorou alguns dias para cair a ficha, mas quando ela caiu, eu percebi que não precisava fazer nada que estivesse me incomodando. Fomos procurar uma segunda opinião, outra profissional. Fazer uma comparação, por que não? O mesmo diagnóstico, também com 2 aparelhos em 2 etapas, mas o primeiro fixo ao invés de móvel. A ortodentista me deu uma opção, vejam vocês, de cortar o tempo de tratamento em mais de 6 meses. Aparelho esse que custou 5 patacas, com manutenção de 3 patacas por mês.
Fui aprender que nessa especialidade, alguns profissionais só trabalham com um tipo de técnica e outros, mais flexíveis, que trabalham com várias, dando opções de tratamento para que a gente escolha a que melhor nos parece. E eu que achava que aparelho era um tipo só e pronto.
A lição maior que aprendi não foi sobre pedaços de plástico e arames, foi a de pesquisar sobre tudo e me dar o direito de mudar de ideia quando achar necessário.
Aliás, sabia que fonoaudiologia também tem linhas diferentes? Já perguntou para a da sua cria qual é a dela?


sábado, 22 de maio de 2010

de volta à escola


Já passei pelo ciclo escolar, do jardim da infância à faculdade. Tenho como prova um Diploma, com dê maiúsculo, que me deu o direito de deletar toda e qualquer informação que eu considero inútil na minha existência. Todos nós sabemos o alívio que isso é, jogar na lixeira da inexistência todas as fórmulas dos sólidos matemáticos, tabelas periódicas de química e vetores físicos. Bom, pelo menos esse é meu caso, o seu deve ser diferente.
E não é que a vida tem mais uma pegadinha? Teve filho, vai ter que ajudar com a lição de casa. Se vira, mãe!
A primeira delas é aprender as linhas pedagógicas de ensino para escolher a escola certa para nosso estilo de vida. A segunda, que ninguém se lembra de contar para a gente, é que a alfabetização é um processo que dura pelo menos 2 anos. Dois anos ou mais de muita paciência e frustração para nós, adultos, que temos que ajudar nossos pequenos a entender esse mundo complexo de imagens embaralhadas que nós tiramos de letra, automaticamente formando palavras. Temos que nos lembrar constantemente disso enquanto eles lêem, de soquinho e sem entender o significado, uma pergunta no livro de Língua Portuguesa. E aí, para responder? 
A terceira lição é que a frustração ao ajudar a ensinar não vai diminuir com o tempo. Como Fofoquinha não consegue ver a solução deste problema de matemática se é tão óbvio e eu já expliquei mais de mil vezes??!!! Tá na cara, menina!
Tá vendo o que acontece? Eu fico de mal humor, Fofoquinha fica estressada, nos desentendemos e a lição de casa desanda como quando a gente ferve o leite e ele talha. Um desastre pedagógico! Por acaso a gente precisa disso?
Nós pais não sabemos até aonde podemos ajudar ou deixar que eles se virem, nunca se fez um manual de "Ajuda à Lição de Casa" por escola alguma e isso é o que mais deixa a gente frustrada. Não sabemos até onde podemos ir. Cada criança é única, cada pai com pavio de comprimento distinto e cada caso diferente. Não vou nem entrar no problema de estarmos ensinando nossos pequenos de modo errado, pois o jeito que aprendemos caducou assim que conseguimos nosso primeiro estágio. Já levei chamada da professora. Não foi uma vez. Então porque a escola não oferece um curso de como ensinar a matéria tal da mesma maneira que as professoras e acima de tudo, sem perder a paciência?
Nós, adultos, infelizmente estamos todos no mesmo grau desse dilema sem resposta múltipla para a gente dar de preguiçoso e marcar um xis em quadradinho qualquer.



terça-feira, 18 de maio de 2010

monkey see, monkey do


...Monkey get in trouble too.

Estava um dia gostoso no parquinho, sol, crianças correndo em todas as direções, risadas infantis por todo lado e muita pipoca no chão sendo devorada por passarinhos em voos rasantes.
Matraca-Trica veio correndo em minha direção, saltitando com aquela graça que só as crianças sabem fazer, parou a uns 2 metros e berrou, de pulmões abertos, para quem quisesse ouvir:
-Mamãe, você é uma xis-ó-xis-ó-tê-a.
Ahhhh, uma sinfonia para meus ouvidos. Que orgulho, meu filho de 5 anos aprendeu uma palavra nova e não teve medo de usá-la. Antes de continuar, quero deixar bem claro que estou sendo sarcástica sobre o assunto, certo? Não quero nenhuma dúvida a respeito disso.
Antes que eu pudesse esboçar qualquer reação, ele já tinha escafedido pelos brinquedos. Aí a gente faz o quê? Você eu não sei, mas levantei e fui atrás, só para ouvir Matraca-Trica chamando um menino mais velho de xis-ó-xis-ó-tê-a, depois uma bola porque ele errou o chute e mais tarde, para meu horror, uma vovó que estava sentada alí no banco. Uma benção da natureza ela estar meio surdinha, acho que não percebeu o que estava acontecendo.
Eu ia perguntar quem havia ensinado aquela palavra para ele, mas pensando bem cheguei à conclusão de que Matraca-Trica com certeza ouviu da boca de um menino maior e resolveu que seria bacana imitar. Fiquei debatendo se deveria ter uma daquelas conversas sérias ou se deixaria passar batido, na esperança de que ele esquecesse o assunto.
Uma profunda preguiça de ter que lidar com o assunto em um dia tão bonito me fez escolher a segunda opção.
No final da tarde, sol se pondo, tive a confirmação que minha escolha havia sido correta. Tive certeza de que Matraca-Trica iria esquecer sobre o assunto quando o ouvi chamar Fofoquinha de "você é uma cocô, xixi e uma jota-ô-jota-ô-dê-a" em uma rusga fraternal.


terça-feira, 27 de abril de 2010

ser mãe é.... atrapalhar


Caso 1

Homem Fluido não é muito chegado em sopa. A mãe, que afinal de contas é a mãe dele, faz questão de sentar com ele na hora do jantar, conversar e até fazer aviãozinho na tentativa de que ele pelo menos experimente uma colherada. Mediante o fiasco, ela resolve cortar a sopa do menu familiar.
Alguns dias depois Homem Fluido vai jantar na casa da vovó. A mãe, que é a mãe, vai buscá-lo. Ela pergunta se ele jantou direitinho e para sua surpresa, vovó responde que ele bateu uma pratada de sopa e pediu mais. O que, como assim??? Mamãe, hoje eu experimentei sopa e agora eu adoro!

Caso 2

Dia de sol na piscina. Fofoquinha encontrou Pedrita e estavam a brincar na piscina rasa enquanto eu e a mãe de Pedrita conversávamos dentro da água. Fofoquinha me perguntou se podia ir na parte funda, ir até a outra borda, 25 metros adiante. Ela já está acostumada, respondi que sim. Fofoquinha então perguntou a Pedrita se também gostaria de ir. Pedrita respondeu que não que tinha medo. A mãe ao seu lado, confirmou. Lá se foi Fofoquinha para um lado e a mãe da Pedrita para outro, buscar qualquer coisa lá longe em sua chaise long. Matraca-Trica quis acompanhar a irmã. Com ele eu normalmente acompanho caso ele fique cansado no meio do caminho. Levo sempre uma bóia. Ele perguntou para Pedrita se ela não gostaria de ir com ele. Ela procurou pela mãe, não a viu por perto e respondeu: Quero sim.
Lá fomos nós, para meu espanto, até a outra borda, todos batendo os pés e ensaiando um nado crawl. A mãe de Pedrita já tinha sacado o que estava acontecendo e nos encontrou lá, boquiaberta. Em tempo de vê-la voltar por onde veio.

Conclusão: por mais que amemos as crias e queremos ensiná-los, protegê-los e ver suas conquistas, nós só atrapalhamos. Eles esperam pacientemente o minuto em que damos as costas para se sentirem confortáveis e seguros para dar aquele passo à frente que nós adoraríamos filmar, fotografar ou simplesmente ter a chance de encher os olhos d'água e o peito de orgulho. Essa é uma condição da maternidade que nunca nunca vou me conformar.


segunda-feira, 19 de abril de 2010

tá me chamando do que?


A escola de Fofoquinha tem por volta de 1500 alunos. Fofoquinha é a única criança conhecida apenas pelo primeiro nome. Não tem mais ninguém com o mesmo na escola inteira. Os nomes dela e de Matraca-Trica são raros, únicos. As pessoas, quando perguntam "Qual é seu nome?" pela primeira vez, não entendem a resposta. Pedem para repetir. Continuam não entendendo mas para não parecer mal educadas, não perguntam novamente. Desistem e passam batido na esperança de que a gente não note. O máximo que consigo como resposta, quando alguém finalmente entende o nome, é "Nossa, que interessante, não?", sem saber exatamente como se expressar para não deixar passar a reação imediata de quem pensa "Nossa, que coisa esquisita!". Isso não me incomoda. O nome deles é o tipo de nome que ou a gente não vai se lembrar nunca ou, depois de ouvir e entender, nunca mais vai esquecer. Parêntesis: nem vem com a história de que é por isso que esquecí o nome da menina quando ela nasceu, lógico! O branco que me deu poderia ser até com meu nome naquela hora. Fecha parêntesis. São nomes sem diminutivos ou abreviações*. Se eu chamar por eles no meio de uma multidão, serão os únicos que virão a mim.
Lendo uma matéria no The Daily Best sobre a escolha de nomes para bebês, cheguei a uma conclusão. Pode-se falar o que quiser dos americanos, menos que não sejam criativos e ousados na hora de dar nome aos filhos. Tá certo que sempre tem o Top Ten names do ano, como em qualquer lugar do mundo aonde seu filho vai ter que usar o sobrenome a vida inteira para se diferenciar dos outros, como também tem quem extrapola demais e o nome vira uma aberração. Nessas horas dá até pena da criança.
Entre os 2 extremos existem os pais, que não são poucos, que não gostam do conforto e segurança de uma fórmula já testada e que usam palavras com liberdade suficiente para colocá-las em contextos distintos. Sem medo. Procuram o significado perfeito para traduzir o que sentem por sua cria sem se preocupar se vai ficar esquisito ou se é nome próprio. Fofoquinha tinha uma amiguinha chamada Swan. Poético, lindo.
O que quero dizer é que existe vida além de Bruno e Maria Luiza-não tenho nada contra esses nomes, por favor. Olhe ao seu redor, inspire-se e pense no significado da palavra. Procure palavras em outras línguas, volte no tempo e na história. Na lista de nomes americanos, para meninos, existem Beau, Beckett, Cato, Dante, Kobe, Magnus, Jasper e West. Olha só que doçuras de meninas: Calypso, Indigo, Juniper, Lilou, Luna, Sabine e Saffron. Vida virou nome próprio e consta na lista da matéria, cortesia da filha de Camila Alves e Matthew McConaughey. Pode apostar que alguns desses nomes vão virar top ten em alguns anos. Eu ainda não entendi muito bem como o inconsciente coletivo trabalha para que todos tenham vontade dos mesmos nomes em determinado período da história. O que sei é que eles começam com alguma criança, como Vida. A-POS-TO que vamos ter um boom desse nome loguinho. Não porque Vida é filha de pais famosos. Olivias, Sofias, Chloes e Emmas não eram.

* Para ninguém achar que Fofoquinha e Matraca-Trica são aberrações linguísticas, saibam que o nome dela é de princesa (olha só a felicidade quando ela soube a origem) persa e o dele de conquistador mouro. Os dois datam de bem Antes de Cristo.

domingo, 28 de março de 2010

curta: noites mal dormidas dão nisso

Ultimamente tenho pensado nos tempos em que Fofoquinha nasceu. Muito ficou sem registro simplesmente porque blogs ainda não existiam na época. Tampouco minha vontade para escrever. Já que ninguém acredita nessa história quando conto, melhor dar a cara a bater logo. Aconteceu. E não foi uma vez só, foram duas, lamento informar.
Uns dois ou três meses depois de amamentação a cada 3 horas do dia ou noite, passei a mão no telefone para ligar para o pediatra.
-Pois não?
-Gostaria de marcar uma hora com doutor Cohen para minha filha. Tem horário esta semana?
- Ela está doente? Perguntou a recepcionista.
-Não, visita de rotina e vacinas.
-Pois não, senhora. Quem está falando?
-Aqui é a mãe da. A mãe da....
Branco. Nada. Nada vinha em minha mente.
-Senhora?
-Esqueci o nome da menina. Esqueci!! Como ela chama mesmo???!
-...
-Como pode uma mãe esquecer o nome da filha??!! Só um minuto, por favor.
E tapando o bocal do telefone com a mão para não me ouvirem gritando, mais por desespero e inconformismo do que qualqer outra coisa:
-Marido, como chama a menina mesmo?


segunda-feira, 1 de março de 2010

não conta para ninguém


Querido diário,
Lamento informar aos meus leitores que esse post é pessoal, piegas e só deveria ser publicado na semana do dia das mães. E olhe lá. O problema é que até lá vou ter esquecido.
Acontece que Fofoquinha tem uns repentes de carinho deluxe com Mamãe. Esta semana ela bateu o recorde da fofice e eu quero guardar aqui para não perder os momentos. Sabe como é, não dá mais para confiar no sistema de arquivamento do Tico e do Teco. Quero ler em momentos que não estou de bem com a vida, ou que estou de muito bem com ela, quando estiver com TPM ou vendo passarinhos verdes. Quero principalmente ter esse documento para jogar na cara de Fofoquinha quando ela estiver aborrescente e me odiar só por respirar o mesmo ar que Vossa Majestade.
O número é sempre o mesmo, uma ou mais vezes ao dia, com as mesmas palavras. Ela se joga no meu colo, me abraça forte e diz: "Mamãe, eu te amo. Não vou te largar nunca, até eu morrer!" Fica lá abraçada, até o ciúmes fraternal se jogar em cima de todo mundo, procurando uma brecha para imitar a irmã.
É isso, querido diário, nada muito elaborado. Não falei que era piegas?
Entediei a todos os que tiveram paciência para ler até aqui e quer saber? Hoje não me importo, valeu a pena só por imaginar a cara de Fofoquinha em uns 7 anos...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

curta: sobre a inveja fraternal

Para se machucar, uma criança não precisa de absolutamente nada além de uma idéia de jerico, coordenação motora em desenvolvimento e ausência de uma gente grande por perto para dar um berro na hora H de "Pára!!! Você está louco??? Isso não pode, você vai se machucar!".
Pois foi nessa combinação de fatores que Fofoquinha ganhou seu primeiro braço engessado: virando cambalhota na sala enquanto Mamãe escrevia para o bloguinho no estúdio.
Matraca-Trica ficou em casa enquanto Fofoquinha estava no Pronto-Socorro sendo atendida. Na volta, não conseguiu conter a emoção de ver aquele bololô no braço da irmã. Era fascinante , simplesmente fascinante. Ele não aguentou e perguntou à Fofoquinha:
"Me conta direito como foi que você se machucou?"
"Porque?" perguntei eu.
"Mamãe, quero saber o que a Fofoquinha fez direitinho porque eu quero fazer igual para engessar o braço como ela!".


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

a.ber.to.


Certamente é emocionante ver sua criança crescer. Acontece tão rápido, ontem mesmo a gente estava convencendo um deles que estava com dor de garganta de que o moço do carrinho de sorvete não tinha sorvete. Em certo ponto, porém, começa a perder a graça. Para nós gente grande. Não estou falando das fofices hilárias que eles falam e fazem, mas da perda do controle de mentirinhas brancas que ajudam a gente a chegar ao final do dia sem maiores pitis da parte deles.
Fofoquinha está aprendendo a ler. Está ficando boa demais nisso para quem não tinha nascido para a coisa (lembra?). Agora ela quer ler qualquer placa de rua, convite de aniversário que chega ou envelope colocado em baixo da porta.
Tem uma tal de loja de brinquedos que fica convenientemente (para a loja, of course) localizada no meio de nosso caminho. Nem preciso dizer que eu digo que a tal está fechada nos horários em que passamos por ela, seja lá qual for a hora. Eu sei, Fofoquinha e Matraca-Trica tem que aprender a ouvir não e a lidar com isso etc e tal, mas depois que a gente faz o mesmo número pela enésima vez, tem dias que a gente cansa. Tem dia que estamos atrasados. Tem dia que estou com uma TPM dos infernos. Tem dia que não dá, simplesmente. Então a placa da porta perpetuamente diz "Fechado", com luz acesa, gente dentro e tudo mais.
Não me orgulho do que faço, mas me orgulho do progresso de Fofoquinha. A vida começa a ficar mais complexa para nós adultos e ainda mais emocionante para os não tão mais pequenos. Além da sopa de alfabetos que, agora, faz sentido na sequência certa, eles descobrem todo um outro mundo que estava oculto para eles.
"Olha mamãe, a placa diz A.BER.TO. Está aberta a loja, mamãe!!!!! Vamos, vamos por favor??!!"
Ai, ai...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

o dia em que a terra parou

O trauma foi tamanho que só estou conseguindo escrever sobre o assunto muito tempo- e algumas sessões de terapia- depois.
Pensando bem, depois de certo tempo, o que aconteceu não foi com essa intensidade toda de thriller de suspense e horror americano, mas que apavorou, ahhh, isso apavorou. Não sei porque eu tenho a impressão de que já escreví sobre isso, mas não consigo localizar nem no blog nem nas gavetas da minha massa cinzenta. Será que imaginei? Bom , deixa para lá, vamos em frente:
Eu perdi Matraca-Trica.
Eu me perdi do moleque por mais de 45 minutos em um lugar público. Está certo que foi dentro do clube, um lugar em que existe alguma percentagem de segurança. Meu comportamento, agora refletindo sobre o assunto, foi de quem teve o filho arrancado do útero à força. Mas vamos combinar que não poderia ser de outra forma, poderia?
A quantidade de bobagens que cruzam a sua mente por segundo enquanto trota procurando em cada centímetro quadrado por algum sinal visualmente conhecido da cria é IMPRESSIONANTE. Não consigo me lembrar de 1/3 desses absurdos agora, mas na hora foram de uma possível realidade cruel. Imaginei o inimaginável, chorei pelo o que poderia ter sido, só não perdi os sentidos ou a sanidade que me restavam porque não podia me dar ao luxo.
Desconfio que todo mundo já perdeu a cria uma vez na vida: no supermercado, no shopping center, no parque de diversões. Todos sabem do que estou falando, por mais breve que o filho tenha saído da vista dos pais. A gente tira os olhos por um nanosegundo e ...cadê? Estava aqui agora mesmo!
Matraca-Trica foi achado pelos seguranças do outro lado do clube. Até hoje ele não entendeu o que aconteceu e porque mamãe estava daquele jeito. Ironicamente, essa é uma das coisas que ele só vai entender quando tiver filho.