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sexta-feira, 25 de maio de 2012

programa papo de mãe


Programa Papo de Mãe - Sexualidade - Bloco 1 por papodemae
Programa Papo de Mãe - Sexualidade - Bloco 2 por papodemae
Programa Papo de Mãe - Sexualidade - Bloco 3 por papodemae

A um tempinho atrás eu fui convidada para participar do Programa Papo de Mãe para falar sobre sexualidade infantil e abusos sexuais em crianças. O video acabou de ser colocado no Daily Motion.

A while ago I was invited to Papo de Mãe's TV show to talk about sexuality and sexual abuse in children. The video just came out on Daily Motion. Unfortunately it is in Portuguese only.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

cesáreas desnecessárias

* boneca grávida do século XIX, Japão

Achei essa lista da Dra. Melania Amorim, defensora do parto humanizado.
Garotas, pensem bem antes de aceitar uma cesária pelos motivos errados, ou seja, algum desses:

1. Circular de cordão, uma, duas ou três “voltas” (campeoníssima – essa conta com a cumplicidade dos ultra-sonografistas e o diagnóstico do número de voltas é absolutamente nebuloso)
2. Pressão alta
3. Pressão baixa
4. Bebê que não encaixa antes do trabalho de parto
5. Diagnóstico de desproporção céfalo-pélvica sem sequer a gestante ter entrado em trabalho de parto
6. Bolsa rota (o limite de horas é variável, para vários obstetras basta NÃO estar em trabalho de parto quando a bolsa rompe)
7. “Passou do tempo” (diagnóstico bastante impreciso que envolve aparentemente qualquer idade gestacional a partir de 39 semanas)
8. Trabalho de parto prematuro
9. Grumos no líquido amniótico
10. Hemorróidas
11. HPV
12. Placenta grau III
13. Qualquer grau de placenta
14. Incisura nas artérias uterinas
15. Aceleração dos batimentos fetais
16. Cálculo renal
17. Dorso à direita
18. Baixa estatura materna
19. Baixo ganho ponderal materno/mãe de baixo peso
20. Obesidade materna
22. Bebê “grande demais”
23. Bebê “pequeno demais”
24. Cesárea anterior
25. Plaquetas baixas
26. Chlamydia, ureaplasma e mycoplasma
27. Problemas oftalmológicos, incluindo miopia e descolamento da retina
28. Edema de membros inferiores/edema generalizado
29. “Falta de dilatação” antes do trabalho de parto
30. Gravidez super-desejada (motivo pelo qual os bebês de proveta aqui no Brasil muito raramente nascem de parto normal)
31. Gravidez não desejada
32. Idade materna “avançada”
33. Adolescência
34. Prolapso de valva mitral
35. Cardiopatia (o melhor parto para as cardiopatas é o vaginal)
36. Diabetes
37. Bacia “muito estreita”
38. Mioma uterino
39. Parto “prolongado” ou período expulsivo “prolongado” (também os limites são muito imprecisos, dependendo da pressa do obstetra)
40. “Pouco líquido”
41. Artéria umbilical única
42. Ameaça de chuva/temporal na cidade
43. Obstetra (famoso) não sai de casa à noite devido aos riscos da violência no Rio de Janeiro
44. Fratura de cóccix em algum momento da vida
45. Conização prévia do colo uterino
46. Eletrocauterização prévia do colo uterino
47. Varizes na vagina
48. Constipação (prisão de ventre)
49. Excesso de líquido amniótico
50. Anemia
51. Data provável do parto (DPP) próximo a feriados prolongados e datas festivas

PODEM ACONTECER, PORÉM FREQUENTEMENTE SÃO DIAGNOSTICADAS DE FORMA ERRADA: 

1) Desproporção céfalo-pélvica;
2) Sofrimento fetal agudo (o termo mais correto atualmente é "freqüência cardíaca fetal não-tranqüilizadora", exatamente para evitar diagnósticos equivocados baseados tão-somente em padrões anômalos de freqüência cardíaca fetal);
3) Parada de progressão.

CASOS DISCUTÍVEIS (o efeito benéfico da cesariana não foi demonstrado em longo prazo, as evidências não são suficientes, devendo-se individualizar os casos): 

1) Apresentação pélvica;
2) Mais de uma cesárea anterior;
3) HIV-AIDS. 


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

the secret powers of time



Esse pensamento sobre como a noção de tempo mudou e suas consequências para as novas gerações vem do professor Philip Zimbardo.
Esses dois vídeos são muita informação para se digerir de uma só vez.
Pare. Respire fundo. Assista. Reflita. Mude.
Bom final de semana.

changing education paradigms



E você que achava que Mamãe se preocupava só com coisas bonitas...
Já havia assistido outro vídeo de Sir Ken Robinson -vou procurar novamente para postar aqui- e acho sua linha de pensamento coerente e realista.
Aproveite para refletir durante o final de semana.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

reciclagem, ou a falta dela, na escola


A gota d'água aconteceu meses atrás. Eu já tinha vontade de escrever sobre o assunto muito antes, lá em fevereiro. Passou o tempo e ele voltou para me beliscar o bumbum em um sonho -como se eu não tivesse motivo melhor para gastar com meu inconsciente.
Fica aqui registrado, portanto, meu protesto contra escolas e editoras de livros escolares. Com o ingresso de Fofoquinha no ensino fundamental vieram muitas novidades para mim, entre elas a compra de material didático. Livros de $50, $80 reais. Livros onde os exercícios são feitos diretamente em suas páginas, inutilizando-os permanentemente para o uso de outras crianças. Deu para sentir onde estou indo?
Acho irresponsável qualquer escola, em tempos de hoje, em tempos de economia- financeira e de recursos- de fazer esse tipo de escolha e/ou aceitar imposições das editoras. São livros extremamente caros que irão para a lata de lixo reciclável no final do ano. A tal da gota d'água foi um livro de leitura que Fofoquinha trouxe para casa todo colorido com marca texto. POR QUE??? 
Não me espanta constatar que a falta de consciência começa dentro da sala de aula, com os professores. As pessoas a quem confiamos a educação de nossos filhos, vejam vocês. Os mesmos professores que acham que estão ensinando as crianças a reciclar fazendo projetos e mais projetos com garrafas PET que vão acabar no mesmo lugar em que as que não foram recicladas: no lixo. Já escrevi sobre isso aqui.
O mundo só gira e muda com pressão. Se as escolas não pressionarem as editoras com boicote de pedido de livros, as editoras não vão mover um dedo para achar soluções mais condizentes com nossos dias contemporâneos pois não é do interesse delas. Se nós, pais, não começarmos a pressionar os professores, seus olhos continuarão voltados para outro lado. Se eu não levantar a questão com vocês, vou continuar sonhando com minha revolta e com o prospecto de um futuro onde o mundo é muito melhor.
E tenho dito.




domingo, 4 de julho de 2010

pais unplugged


Você não fica com ciúmes, sentida, rejeitada e com um enorme desejo de atirar o blackberry, IPod, IPad ou computador da sua cara metade janela afora quando ele não dá a menor atenção ao que você tem a dizer, quando ele/ela fica olhando se recebeu email a cada 4 minutos e retornando mensagens?
Em mais um caso de "como ninguém pensou nisso antes", li hoje uma pesquisa sobre como o uso constante de tecnologia por pais está influenciando os filhos negativamente, segundo uma matéria do NY Times entitulada The Risks of Parenting While Plugged In. Dããã, pensei comigo mesma. Se eu fico incomodada quando isso acontece comigo, imagine uma criança. Duas vezes dããã porque acontece aqui em casa e eu não estava vendo o problema sob essa perspectiva.
A matéria começa com um exemplo bem comum: uma criança de 2 anos e meio tenta chamar a atenção da mãe em um elevador, e ela estava texting sem dar a menor bola para filho, dizendo apenas "Só mais um minuto, só mais um minuto". O menino, depois de tanto chamar pela mãe fica tão frustrado que tenta morder a perna dela.
Um dos argumentos usados é que pais se sentem pressionados a dividir o tempo entre trabalho e família e isso é uma dura realidade para todos, mas por outro lado, quando os pais estão com seus filhos, devem dar atenção à eles e só a eles.  It sort of comes back to quality time, and distracted time is not high-quality time, whether parents are checking the newspaper or their BlackBerry,” diz Frederick J. Zimmerman, professor da University of California em Los Angeles. Sabemos que ele está certo, que simplesmente estar de corpo presente em companhia do filho não quer dizer grande coisa. É preciso estar de corpo e alma. 

quinta-feira, 24 de junho de 2010

não sei se vai dar hoje

Tem muita coisa que a gente não comenta fora de círculos pequenos e exclusivos das pessoas próximas de nós. Alguns assuntos sempre aparecem velados, em meias palavras para bom entendedor ou são intencionalmente ignorados. Dinheiro é um deles, quando está faltando.
Gente grande contorna (ou não) a situação da maneira que acha mais apropriada entre eles, mas com nossos filhos só dá para ir até um certo ponto. 
Mascarar a situação financeira provisória é a opção feita por 9 entre 10 adultos. As justificativas são sempre as mesmas: eles são muito pequenos, eles ainda não entendem, não queremos que ele fale por aí sem querer, não posso decepcionar meu filho. Essa última é a única desculpa real e que todos nós sentimos onde dói mais, no coração. Dinheiro, por mais vil que possa ser, tem grande participação nessa equação tão complicada que é o relacionamento entre pais, filhos e culpa.
É uma fase e vai passar, a vida é cheia delas, mas enquanto não passa como explicar para o Batfino que ele não vai ao acampamento por que agora não dá, enquanto todos os amigos vão? O peso da culpa é o mesmo seja lá  uma decisão mais séria como Batfino ter que mudar de escola ou negar a compra daquele carrinho que ele pediu. 
Sou da opinião que desde tititicos, as crianças tem que saber, até onde eles podem entender, o que está acontecendo. Desde pequenos Matraca-Trica e Fofoquinha ouvem "Não posso agora, Mamãe não tem dinheiro." Isso ajuda a colocar as coisas em perspectiva para mim e para eles.
Até outro dia quando Fofoquinha, ao chegar em casa, abriu a mochila, tirou dois pacotinhos de lanche e me entregou. Perguntei onde ela tinha pego aquilo e ela respondeu:
-Eu trouxe lá da escola mamãe, assim você não precisa gastar dinheiro com nosso lanche.
Hora ter outra conversa com ela...

quarta-feira, 9 de junho de 2010

ordem e progresso


Quase ordem. Até agora nenhum progresso. 
Hoje eu achei que ia comemorar. Acordei animada, até olhar o jornal e ver que a lei do Contran para regularizar o uso de bebê conforto, cadeirnhas e assentos de elevação para transportar crianças em carros foi adiada até setembro. Isso porque só agora os pais saíram correndo para comprar um assento para seus filhos e não há estoque suficiente para atender a demanda. Só agora eles foram comprar. Só porque é lei e vai custar no bolso.
Já escrevi um post aqui bem malcriado sobre a falta de responsabilidade dessas pessoas para com a vida humana. Isso sem falar no outro sobre crianças em motos, coisa que me dá um nó na garganta até hoje. 
O que me deixou mais boquiaberta do que esses acontecimentos- o Contran levar 1 ano e meio para anunciar as novas regras, os pais relapsos e o adiamento inevitável por razões que a própria razão desconhece- é que tem neguinho mandando carta para jornal indignado, achando que "esse pessoal vive de criar regras" e mal humoradíssimo por essa lei "criar um tal de cadeirinha prá cá, cadeirinha prá lá".
Imagine, segundo o Sr. Roberto Semaneiro, autor da cartinha, que absurdo é a exigência de se obrigar o uso de cadeirinha mesmo para carona. Sei não, mas quando estou com filhos dos outros, normalmente meu cuidado é maior do que com meus filhos. Imagine a situação: meus filhos em seus assentos e Babalu, o amiguinho, solto no banco de trás. Acontece um acidente, todo mundo está bem, menos Babalu. O que você diz para os pais desse menino? Desculpe, ele é o carona, portanto tem que arcar com as consequências? Desculpe, mas sabe como é, não é meu filho portanto me importo menos com ele? Fala sério!
O Sr. Semaneiro termina acrescentando, brilhantemente, "Às vezes, o simples bom senso resolveria muita coisa".
Concordo em gênero, número e grau. Pena que bom senso, nesse país, só vem acompanhado pela obrigatoriedade de uma lei.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

parto? não, obrigada.

Nove meses é muito tempo.
Para coisas práticas como fazer enxoval, decorar quarto de bebê, providenciar lembrancinhas para maternidade e trabalhar, o tempo é curto e limitado. A gente precisaria de mais uns 2 anos para conseguir se acostumar com a idéia de um filho e organizar tudo do jeitinho que a gente acha que tem que ser feito. O projeto de um filho seria, idealmente, um projeto para
lifetime. Acho que é por isso que "acidentes" acontecem. Se a gente pensar muito, não rola nunca.
Mas e agora que o "acidente" ou planejamento aconteceu?
Agora, minha amiga, serão dias e noites obcecando sobre uma pergunta que não quer calar: como isso vai sair?

Nove meses é tempo demais. Quando se marca uma hora no dentista, a gente tem uns dias para se preparar. Quando a gente marca uma mamografia, quer que seja no dia seguinte para acabar com a coisa o mais rápido possível. Aliás, falando em mamografia, uma amiga me deu a melhor definição, se você nunca fez uma: tire a roupa, abra a porta da geladeira, apoie seu seio no batente de frente para o lado de dentro, e bata a porta com força.
Voltando à vaca fria: ter um tempo para se preparar para futuros acontecimentos é bom, mas tempo demais só faz a gente ficar mais nervosa. A impossibilidade de calcular a possível dor que a gente vai sentir quando entrar em trabalho de parto é para deixar qualquer mulher maluca. Não se tem a menor referência, cada uma teve uma experiência diferente para contar e ninguém chega à conclusão nenhuma. Isso é suficiente para deixar a grávida noites sem dormir. Bom, vamos combinar que refluxo também não ajuda. Deixa a gente acordada, sentada na cama, caraminholando horas sem fim sobre o medo do desconhecido.
Nove meses é suficiente para amarelar qualquer um. Nos primeiros meses a gente quer parto natural, sem drogas e na banheira de casa. No segundo trimestre já nos convencemos que é melhor fazer o parto no hospital e com o anestesista do lado para nos administrar uma peridural na primeira contração. Lá pelo oitavo mês, quando o obstetra, capciosamente arruma uma desculpa esfarrapada para te propor que o parto seja por cesariana, você até se adianta: "Doutor, eu quero marcar já a cesárea" juntando a fome com a vontade de comer. Ai que alívio, pensa você.
Chega mais perto da tela que vou te contar uma coisa. Chega mais.
Nada no mundo vai te preparar para o que está por acontecer. Nem em como sua vida vai mudar. O segredo é respirar fundo, sem pensar muito no assunto. Muito mais fácil falar do que fazer, você vai me responder. E tem razão. Mas acredite nisso: parto natural é tudo de bom. A dor, no fim, a gente não sente. Primeiro pela anestesia, depois porque tem taaaaaaaaaanta coisa acontecendo com seu corpo e ao seu redor que seu cérebro não consegue processar tudo. Um conveniente presente da natureza.
Lembre-se de que o você está gerando não é o bebê de Rosemary. Saiba que se por acaso qualquer dor tenha sido processada pela sua massa cinzenta, no minuto em que você olhar pela primeira vez para seu bebê, desaparecerá por completo.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

dando as costas para a tv

Achei que tinha acabado com o assunto televisão. Rá, eu nem imaginava o que vinha pela frente.
Saiu -finalmente, para meu alívio- um artigo no New York Times sobre o recall que a Disney está fazendo nos DVDs do Baby Einstein. Quem comprou os DVDs nos últimos 5 anos tem direito a ter seu dinheiro de volta. Deu para perceber que nunca gostei de Baby Einstein, não? Me deu uma vontade infantil de sair por aí dizendo "Eu te disse, não te disse? Eu te disse!", mas vou manter a compostura.
Para quem lê sem problemas as entrelinhas, isso quer dizer que a Disney admite publicamente que os DVDs não fazem nada para deixar seu bebê mais inteligente e não passam de uma babá eletrônica para deixar você em paz por algum tempo. Não se iluda em achar que a Disney teve uma epifania e resolveu fazer o que é certo. A única razão para eles estarem fazendo isso é a de evitar um processo legal gigantesco em suas costas. Foi parte do acordo para não irem parar nos tribunais americanos. Ou você acha mesmo que a Disney, que controla 90% do mercado de midia para bebês em um grosso de 200 milhões de dólares em produtos ao ano ia ser tão legal assim?

Gente, chega mais perto da tela do computador que eu vou contar um segredo para vocês....
Diz o ditado que se uma coisa é muito boa para ser verdade...é porque não é.
Imagine você: o sonho de qualquer pai e mãe é que sua cria torne-se o novo Stephen Hawking. Se for por algum meio que eles possam comprar e sem nenhum envolvimento deles próprios, melhor ainda! E daí que as pesquisas mostram que a TV é prejudicial para crianças menores de 2 anos (o problema só vai aparecer mais tarde, com déficit de atenção aos 7 anos) e a American Academy of Pediatrics recomenda que nenhuma criança seja exposta à telinha antes dessa mesma tenra idade?
A falta de interesse e envolvimento no desenvolvimento do sangue de seu próprio sangue pelos pais já foi levantada aqui no blog. Preciso me estender mais nesse assunto? Acho que não, ninguém deve me aguentar mais escrevendo sobre assunto...tô errada?
Groucho Marx disse uma vez: "I find television very educating. Every time somebody turns on the set, I go into the other room and read a book. (Eu acho a televisão muito educativa. Toda vez que alguém liga o aparelho, vou para outra sala ler um livro)". Da próxima vez que o controle remoto tentar seus dedinhos pense no Groucho, com bigodão, óculos, sombrancelha de taturana e charuto na boca falando isso para você.
Estava aqui pensando em como acabar este post, mas a frase que encerra a matéria do NY Times dita por Mr. Rideout resume com precisão meu pensamento: "To me, the most important thing is reminding parents that getting down on the floor to play with children is the most educational thing they can do" (Para mim a coisa mais importante é lembrar aos pais que brincar com as crianças é a coisa mais educativa que eles podem fazer).


sábado, 4 de julho de 2009

glamour+mom=glamom!

E vou te dizer, já não era sem tempo!

Essa sou eu reagindo a uma matéria (tão antiga que nem me lembro aonde li) sobre a glamorização da maternidade. Essa reação ficou engasgada numa gavetinha dentro de um arquivo obscuro na minha cachola até hoje. Tempo demais, começou a cheirar mal e agora sou obrigada a jogá-la fora na lixeira que é esse bloguinho.
Reação um tanto tardia e inflamada, é verdade, mas não vamos entrar em detalhes sobre um eventual acompanhamento psicológico para minha perturbada pessoa. Eu tenho consciência que (de vez em quando) preciso de um-mas isso é outra história!
A matéria explorava a glamorização da maternidade. Negativamente. É para ficar brava, não é? Pois eu fiquei. A matéria dissertava sobre como um ato tão cotidiano, biológico, parte do ciclo da vida e segundo a autora, corriqueiro como dar a luz tornou-se um evento de importância fora de controle nesses dias contemporâneos.
Hummm, por onde começo?
Já sei, começo dizendo que fui picada pelo mosquito feminista-nada que um pouco de creme antiinflamatório não cure. Depois, dizendo que a princípio concordo com ela. Não discuto que nascimentos são parte do grande círculo de vida e morte. A importância deles, sim, eu discordo. 
Até o começo do século passado, mulheres morriam como frangos no abate em partos ou de complicações deles pouco tempo depois. Mulheres não tinham dizer sobre sua própria sexualidade ou direito a querer ou não ter filhos. Mulheres menstruavam uma vez a cada dez anos, com muita sorte se o marido estivesse ausente naqueles dias férteis. O número de mortes no parto ou por complicações dele era a maior percentagem-de longe-na mortalidade feminina, até o começo do século XX. Não vou nem me estender em números de mortalidade infantil...resumindo, por causa da quantidade, a morte (nessas situações) ficou banalizada.
Com a evolução da medicina, tecnologia e sociedade o número de mortalidades caiu vertiginosamente. Hoje em dia, com anticoncepcionais, poluentes, química nos alimentos que ingerimos, stress e vai-se lá saber o que mais; muitas mulheres não concebem-por opção ou incapacidade. A dificuldade para algumas é grande e o processo doloroso. Traumático. Uma gravidez sem maiores problemas e o nascimento de uma criança sadia e com 10 dedinhos são comemorados como vitória de jogo do Brasil em final de copa. E devem ser mesmo. O valor da vida mudou.
Outra coisa: antigamente os homens apareciam, engravidavam as mulheres e partiam para alguma cruzada em terra de infiéis, voltando anos depois. Hoje os homens participam do processo do começo ao fim: engravidam junto, assistem o parto e ajudam a cuidar do filhote desde o primeiro dia. Essa "coisa de mulher" tão misteriosa na cabecinha deles agora só refere-se a TPM. Ficar na sala de espera enquanto a mulher está em trabalho de parto pega mal para xuxu. Homem que é homem tem que ter cojones e ficar ao lado da mulher para ajudar no que puder na hora do vamos ver. Ahh, nada como assistir um parto para criar respeito pela mulher e bebê!
Sociologicamente falando, como a visão masculina sempre dominou o comportamento da humanidade (alguém vai querer discordar aqui?), se a gente somar a ignorância a respeito do processo com a banalização das complicações fatais, temos como resultado o pouco respeito pela vida de todos aqueles que não tem barba feita. Era assim que o mudo rodava antigamente. Hoje no more.
Portanto comemore SIM cada nascimento, cada criança que vem para nos alegrar. Aproveitem que a mídia está do nosso lado e celebra com fanfarra cada bebê nascido de astros e estrelas. Nós todas merecemos a atenção, carinho e ajuda que nos é de direito. E tenho dito.
Agora com licença que tenho que ir até a farmácia comprar o tal do creme antiinflamatório.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

com a cabeça nas nuvens

Eu ADORO viajar-o ato de ir e vir. Gosto mesmo. Sempre gostei de avião, mesmo que no curral-nome carinhoso para aquela classe que não é Primeira nem Business. Não me importo com filas para check in nem esperar calmamente lendo meu livro para embarcar. Não ligo para a comida ruim, nem para o assento apertado, pela falta de posição para dormir ou para a condição prá lá de lamentável que ficam os banheiros depois de 2 horas de voo. 
Continuo adorando conhecer lugares novos, visitar os que já conheço. Começo a ter coceiras em lugares estranhos se fico muito tempo em um lugar só. Me disseram que tenho sangue de cachorro vira-lata correndo nas veias. 
Acontece que agora só quero viajar em teletransporter, mesmo assim com 0% chance de dar alguma coisa errada-porque mesmo capitão Picard de StarTrek Next Generation tinha seus dias difíceis com esses aparelhos volúveis ao bom humor humano. 
As últimas vezes que entrei em um avião notei como, para minha surpresa, estava apreensiva. Um frio na barriga e uma certa incerteza do que estava fazendo ali. Agora passo o tempo de taxeamento pensando em acidentes, remoendo minha própria mortalidade. Cortesia de Matraca-Trica e Fofoquinha. Depois que eles nasceram a minha existência, na minha (L)oca cabecinha, é vital e impressindível. Absolutamente NADA pode me acontecer, senão quem vai cuidar deles? Quem vai amá-los e cuidar de seu bem estar tão bem como só eu sei? Morrer, a essa altura do campeonato, com dois filhos, é inadmissível. Nem te conto como fico nervosa com qualquer turbulênciazinha. Passo mal-muita adrenalina em pouca corrente sanguínea em lugares confinados faz a gente quebrar as unhas apertando o braço do assento.
Vamos combinar que não podemos nos contaminar pelo medo da morte (muuuuito mais fácil escrever do que sentir) senão não viveremos nossas vidas. É fato que nossos filhos sobreviverão sem nossa presença. Mesmo que você resolva não caminhar em direção a luz e ficar por aqui arrastando correntes só para ver se seus filhos estão bem, não existe nadica de nada que você poderá fazer por eles.

                                           Para Mariana. 
Querida, essa passou perto. Muito perto.

domingo, 8 de março de 2009

diário popular

O resumo da notícia: Nos confins do Recife, uma menina de 9 anos, violentada pelo padrasto desde os 6, engravidou e esperava gêmeos. Foi feito um aborto pois os médicos acreditavam que a menina corria risco de vida. A igreja católica excomungou tanto a mãe da menina como a junta médica que interrompeu a gravidez. A menina só não foi excomungada por ser menor de idade. Sobre o padrasto, a igreja não se manifestou.
Hummmm, por onde começar a escrever o que eu acho disso tudo? Meu cérebro de ser humano e mãe não está nem conseguindo colocar ordem em meus pensamentos e meu estômago, embrulhado, está pagando o pato. "Perturbador" não descreve com o mínimo de precisão o que aconteceu.
Só fazendo o "Jogo dos erros" para colocar as idéias em ordem:
  • uma criança de 9 anos é molestada desde os 6 pelo padrasto. 
  • a criança engravida. 
  • a igreja católica perde uma grande oportunidade de ficar quieta e se posiciona publicamente: condena o ato do aborto. Não leva em consideração mais nada, nenhuma circunstância do caso. Abortou, vai para os quintos dos infernos.
  • a igreja católica excomunga os envolvidos por salvar a vida da criança. Repetindo para ficar bem claro, por salvar a vida de uma criança. Espera um pouco, Jesus não nos diz para proteger as criancinhas?
  • a igreja católica não considera que pedofilia e estupro são crimes dignos de penitência-well, vamos combinar que se fosse crime não iria sobrar um padre em pé e as portas das igrejas seriam perpétuamente fechadas. Ahh, quem tem telhado de vidro deveria ser mais cuidadoso....
  • A igreja abençoa o padrasto, alma livre e sem pecados que pode sair por aí cometendo mais atrocidades do mesmo calão.
Quanto mais olho a imagem que escolhi para esse post, mais adequada acho que ela é: uma cruz fora do alcance, longe de tudo e todos, encoberta por um nevoeiro atemporal, a beira de um despenhadeiro.
Agora com licença pois tenho que ir ao banheiro vomitar.



segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

splish splash

Que manhã linda fez ontem! Nenhuma nuvem no céu (até a hora o almoço) e um calor senegalês de fritar ovo no asfalto. Lá fomos nós para a piscina aproveitar o último dia de férias.
Fiquei ocupada o tempo todo brincando e acompanhando as crias no entra-e-sai, pula e mergulha na água. Alguma coisa ficou me incomodando atrás da orelha. A pulga só foi morder à noite, depois que eles foram dormir e a casa ficou silenciosa o suficiente para que eu pudesse ouvir meus pensamentos.
A piscina estava lotada, como era de se esperar. A quantidade de crianças era igual a plateia do sambódromo em noite de desfile do primeiro grupo. A bagunça, no mesmo estilo de pré-aquecimento. Dois salvavidas (é assim que se escreve agora?). Batendo papo. Nessa terra de ninguém, os pequenos se divertiam enquanto seus acompanhantes batiam papo. Ou liam jornais e revistas. Ou estavam no celular. A maioria nem saber aonde a criança estava, sabia.
Tarde da noite, meu sangue começou a ferver. Como pude deixar passar isso em branco por tanto tempo?
Para quem não sabe, a segunda maior causa de mortes infantis é por afogamento. A primeira são acidentes de carro (˝já falei sobre isso aqui). Em um país tropical como este, acho inadmissível o descaso com crianças na água. Não existem alarmes ou redes em piscinas e os sinais sobre as marés em praias não são respeitados. Os adultos responsáveis (ocupados com o churrasco ou em comentar os gols da rodada) confiam cegamente no bom senso e capacidade de tomar decisões de uma criança de menos de 4 anos sem sequer bóia de proteção, deixando-as desacompanhadas em piscinas ou mar.
Oops, escorregou e caiu na água uma criança do meu lado, de uns 3 anos. Se eu não estivesse ali, o que aconteceria? Espero. Espero. Nada de aparecer alguém responsável.  Cadê seu papai ou mamãe?-Pergunto à menina. Estão do lado de fora, alí no banco, olha.-Responde ela. Que maravilha, penso comigo mesma.
Faz algum tempo, Fofoquinha convidou uma amiguinha para ir à piscina. Os pais deixaram e pediram para que ela colocasse as bóias no braço. Ela não queria de jeito nenhum, afinal Fofoquinha não usaria uma também. Eu falei que não havia problema, pois eu e meu marido estaríamos dentro da água com elas o tempo todo. Recebí aquele olhar-que já estou tão acostumada-de quem quer dizer "De que planeta você veio, mesmo?" O pai ainda me perguntou "Vocês ficam com eles na água? O tempo todo?". Ai, ai.....ô paciência.
É sua obrigação como pai ser o salvavidas  de seus filhos-isso quer dizer prestar atenção o tempo todo neles: não estar no celular, lendo ou batendo papo. É sua obrigação não perdê-los de vista nem por um segundo quando estão na água. É sua obrigação brincar, rir e se divertir com eles. E não esqueça de tirar bastante fotos.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

overkill

Vocês conhecem o Manda-Chuva?
Pensando bem, acho que não.
Péra ai, não estou falando do gato Manda-Chuva, aquele do Guarda Belo e do Batatinha dublado pelo Lima Duarte.
Você que tinha certeza absoluta de que era este, não é? Tsc, tsc, tsc.
O Manda-Chuva, na verdade, é um menino. O nome Manda-Chuva foi escolhido só para continuar com a ideia de substituir o nome de crianças de verdade pelos nomes de personagens de desenhos animados.
Ahhh, pensa você. Agora você entendeu.
Pois então, estou aqui agora para descrever para você dois dias típicos na vida do Manda-Chuva que se repetem um atrás do outro. Todo dia ele faz tudo sempre igual....
Manda-Chuva é tirado da cama, quer ele queira, quer não, as 7 e meia da matina. Com muito esforço, as 9 horas da manhã ele está na natação. Assim que a natação acaba ele vai para o judô. Se troca, almoça e vai para a escola no período da tarde. Depois da aula a mamãe dele vai buscá-lo para ir para casa. No caminho ele não pode cochilar para não estragar o sono noturno. Ela faz o impossível para que isso não aconteça, por mais cansado que ele esteja. Manda-Chuva chega em casa, toma banho e janta. Fica esperando o papai chegar lá pelas 9 da noite para brincar um pouco com ele. Escova os dentes e vai dormir entre 10 e 10 e meia. 
No dia seguinte Manda-Chuva é tirado da cama, quer ele queira ou não, as 7 e meia da matina. Um processo que requer algum tempo, por algum motivo ele nunca consegue acordar. As 9 horas da manhã ele tem aula de inglês. Assim que a aula de inglês acaba ele vai para a ginástica olímpica. Se troca, almoça e vai para a escola no período da tarde. Depois da aula a mamãe dele vai buscá-lo para ir para casa. No caminho ele não pode cochilar para não estragar o sono noturno. Ela faz o impossível para que isso não aconteça, por mais cansado que ele esteja. Manda-Chuva chega em casa, toma banho e janta. Fica esperando o papai chegar lá pelas 9 da noite para brincar um pouco com ele. Escova os dentes e vai dormir entre 10 e 10 e meia.
Todo dia, no caminho de volta para casa, na hora da Ave Maria (as 6 da tarde para quem faltou no catolicismo), Manda-Chuva surta. Chora, esperneia e ninguém consegue controlar o menino. Dai para frente é um barraco atrás do outro.
Manda-Chuva é amiguinho do Matraca-Trica. Tem 3 anos.

Vou dizer somente duas coisas-prometo.
  • Nosso papel é abrir ao máximo o leque de experiências para que nossos filhos conheçam tudo. Nosso papel é também fazer escolhas e limitar atividades, respeitando o ritmo de cada um. É achar o equilíbrio entre estas duas coisas. É saber que é impossível fazer de tudo ao mesmo tempo, todos os dias.
  • Tempo livre não significa espaço a ser preenchido. Significa tempo livre. Os pequenos precisam de tempo para processar tudo o que estão aprendendo. Assim como nós. Gostaria de saber por quanto tempo você iria aguentar este ritmo de vida do Manda-Chuva sem precisar de remédios, terapeuta ou 12 horas de sono.
Ai, ai. Não sei porque faço promessas que não vou cumprir...aqui vai mais uma: Manda-Chuva tem que esperar o pai até aquele absurdo de hora-principalmente para um menino muito cansado-quando o moleque já deveria estar nos braços de Morfeu. O pai tem boa intenção, não me entenda errado, quer passar um pouco de tempo com o Manda-Chuva. Mas como se diz, até o inferno está cheio de boas intenções. Querer que o moleque siga os horários de adultos é por demais egoista da parte do papai. 

terça-feira, 12 de agosto de 2008

crianças em motocas

-Mas está todo mundo indo, mamãe. Eu também quero! Por favor! Deixa, vai?! PorfavorPorfavorPorFavor, POR FA-VOR!

Essa sou eu, circa 1972. Um pouco mais nova ou mais velha do que Fofoquinha.
Obs: O quê, você achou que eu ia entregar assim minha idade numa bandeja de prata?? Rá.

Minha mãe disse que não e foi não mesmo. Não teve jeito. Nem eu nem minha irmã pudemos dar uma volta na moto nova do vizinho, que estava levando todas as crianças ao redor do quarteirão. Duas vezes. As duas únicas crianças da rua. Fiquei tão inconformada que nunca esqueci. Só fui perdoá-la depois que Fofoquinha nasceu-esta e muitas outras coisas.
Ahhh, então foi por isso que ela não deixou, penso comigo mesma. Agora passei para o mesmo lado da cerca que ela está. E concordo com absolutamente tudo o que ela fez.

Voltando ao assunto: todo dia vejo um pai chegar na escola com um filho, de moto. O moleque não tem mais do que 5 anos. Ora, não se preocupem, ele vai de capacete. Daqueles para bicicleta.
Obs: Estou sendo sarcástica. Não tenham dúvida alguma.

Meu coração vem à boca toda vez que vejo a cena. Não pense que não tentei impedir, eu ajo do mesmo modo que escrevo (especialmente se estou com TPM). Aparentemente existe um limite até onde posso ir. Infelizmente. Me disseram que não se pode fazer nada, a não ser dar um flagrante e para isso a polícia tem que estar lá na hora que eles chegarem. 
A legislação brasileira (país da piada pronta) diz apenas que é ilegal transportar crianças menores do que 7 anos em motos. SETE anos. Por acaso uma criança de 7 anos consegue se defender em caso que acidente? Acho que eles escolheram esse número num bingo. Poderia ser 2, 9, 16. Caiu a bolinha do sete e sete ficou. Ou era o dia do aniversário da esposa do vereador que escreveu a proposta de lei, quem sabe foi o pai-de-santo que escolheu, sei lá.
Em caso de acidente um adulto sai varrendo o asfalto com a própria pele. A moto pode cair em cima dele. Sem falar no escapamento flambé. O mesmo acontece com a criança. Mas não se preocupe, ela vai estar com um capacete. Daqueles para bicicleta.

Francamente.
O fato deste pai não achar um capacete para moto para a idade de 2 a 5 anos para comprar não foi suficiente para ele perceber que tem alguma coisa errada com esta idéia brilhante? 
Eu nem sei bem como começar a escrever sobre como transportar crianças de qualquer idade, mesmo aborrescentes, em motos é perigoso. Mortal. Na minha cabeça eu nem precisaria escrever sobre o assunto, pois todos os pais tem bom senso. Tadica da minha cabeça, tão pequenina e iludida. 
Obs: Não se preocupem, já desci do bonde da ilusão e estou com os dois pés no chão...e o coração na boca. Bobagem minha, afinal a criança está com capacete. Daqueles para bicicleta.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

toys'r'us


Comecei anotar que Fofoquinha adorava brincar nas caixas de papelão das encomendas que chegavam em casa quando ela tinha uns 16 meses. Ela passava 3 minutos inteirinhos entretida: entrava, saia, abria e fechava as abas, se escondia, usava como meio de transporte du jour e levava a caixa com brinquedos dentro para passear dentro do apartamento. Com o tempo comecei a fazer janelas e portinhas nas caixas e ela começou a brincar de casinha, carrinho, a esconder bonecas e brinquedos dentro e tantas outras invenções. E eu com essas caixas de papelão semi-destruidas pintadas em giz-de-cêra com muito carinho e total falta de coordenação motora na minha sala de estar dia sim, dia sim. Ai de mim se a jogasse fora. Coisa que só dava para fazer com a chegada de outra, novinha em folha e de preferência, mais espaçosa.
Pausa para uma informação de utilidade pública: você sabia que a caixa de papelão foi o único objeto a ser incluido no National Toy Hall of Fame dos EUA em 2005 entre 36 outros brinquedos como, ora pois, brinquedo?
Outra coisa favorita em casa, tanto com uma como com outro: a formiguinha. A formiguinha são meu dedo indicador e anular que sobem pelas pernas ou braços para fazer cosquinha embaixo do braço ou pescoço. A formiguinha é minha arme de préférence para entreter crias em salas de espera de consultórios, restaurantes e qualquer outro lugar no qual Fofoquinha e Matraca-Trica não tenham o menor interesse e paciência para simplesmente estar por mais de 2 minutos e 25 segundos:
Eu acho que eu ví uma formiguinha
subindo,
subindo,
subindo prá fazer cosquinha!
Crianças não precisam de um quarto amontoado de brinquedos para serem felizes. De verdade. Não precisam de um trailer (como o da imagem acima), de uma motoca motorizada (!!!!) nem do último lançamento que custa o salário de um mês ou dois da pajem. Brinquedos são bacanas, sim, não sou contra absolutamente. Sou contra exageros que empolgam durante 1 mês e depois ficam coletando poeira por outros 10 até que eles sejam doados. As caixas de papelão e a formiguinha, por exemplo, não sairam de style até hoje, mais de 4 anos depois. O que quer dizer que sim,  ainda tenho uma caixa de mudança na sala de estar, incorporada à decoração permanentemente. Pintada e repintada, com muitos stickers e carimbos, cheia de fita durex, com muitas marcas de dentes e dedos engordurados e com várias abas faltando. Sabe aquela peça de decoração que um parente próximo do seu marido deu e ele faz questão que fique bem à vista (ele adora a tal coisa!) mesmo que seja um abacaxi no meio das graciosas petúnias que você cultivou com tanto carinho? Pois é.
Bom, depois de todo esse passeio pelo meu (in)consciente eu lembrei o que queria dizer e que poderia ter sido resumido em poucas palavras: 
Sabe qual é o melhor brinquedo para uma criança, na minha opinião? Sua companhia e a imaginação deles.


terça-feira, 10 de junho de 2008

closets


Para quem ainda não sabe, eu tenho dois filhos. Fofoquinha é a mais velha, tem 5 anos-quase 6. Matraca-Trica é o mais novo e tem 3 anos. Apelidos carinhosos que mostram bem aonde amarrei meu burro. Tentar achar um espaço vago e silencioso para falar qualquer coisa em casa requer muita paciência. Mas não é sobre isso que quero falar agora.
Ter uma menina mais velha deixa a dinâmica da casa bem interessante. Muito frequentemente vejo Matraca-Trica de batom, unhas pintadas, tiara de contas, glitter e uma grande estrela cor-de-rosa, com um boá no pescoço e seu carrinho na mão que voa para salvar o trem Thomas que está preso embaixo das panelinhas. Imagino a cara de horror de algumas mães que conheço. Matraca-Trica já apareceu na escolinha várias vezes com a boca vermelho-carmim e levou esmalte para brincar com os amiguinhos. E as mães olham torto, tentando disfarçar qualquer movimento facial que entregue com sinceridade o que elas acham (que horror!), na minha cara. 
Momento fofoca (tá, admito: é de família...por favor contenha seu sorriso sarcástico): uma delas não deixa a filha brincar com meninos, nem os da mesma sala da escolinha quando estão fora dela. Outra não deixa os filhos brincarem com nenhum brinquedo que não seja remotamente "de menino" (panelinhas, vassouras, carrinhos de boneca, etc).
Eu sempre me coloco na posição do Matraca-Trica quando quer brincar com alguma coisa da Fofoquinha: minha irmã está passando uma coisa gosmenta e vermelha na cara. OBA! Também quero!
E porque não iria querer?
As pessoas, quando lidam com crianças, deveriam colocar todos seus pré-conceitos em uma caixa fechada e atirá-la no rio. Mesmo porque se um de seus filhos tiver uma orientação sexual definida, não vai ser um esmalte que vai mudá-la.
Vou um pouco mais longe e penso no futuro, digamos daqui uns 15 anos. Imaginou se essa menina resolve namorar outra menina e se um desses meninos sai do closet? Como essas mulheres vão lidar com isso?
Em casa as portas dos closets estão permanentemente abertas. Pensei muito sobre o assunto e cheguei à conclusão de que meus filhos são meus filhos. Qualquer que seja a orientação sexual que eles escolham, eu não só aceito como darei força e apoio. Com excessão de cabras e pedofilia, of course.

sábado, 26 de abril de 2008

os bebês-bolha

Alguém lembra de um filme com John Travolta quase-quase-chegando-ao-estrelato em que ele era um menino que vivia dentro de uma bolha? The Boy In The Plastic Bubble foi feito para TV em 1976, quando a maioria de vocês estava aprendendo a andar ou segurar a colher sem ajuda e eu e minha irmã assistíamos Sessão da Tarde escondida da minha mãe comendo grissini com requeijão. O pote inteiro. Ela ficava uma fera quando chegava em casa e ainda por cima via que a gente não tinha feito nada da lição de casa...  
O filme foi baseado em uma história real em que o menino não podia viver fora de uma bolha estéril pois não tinha sistema imunológico, qualquer contato com um bicho-geográfico ou ácaros poderia matá-lo. Qualquer coisa assim, não reli a sinopse por pura preguiça. Aliás, peço desculpas por não achar uma imagem menos baranga para colocar no post. Nesse tempo John Travolta era brega, o filme era brega, o corte de cabelo dele então é um clássico da cafonalha.
Toda vez que vejo uma pajem lidando com um bebê na rua com aquela máscara para pintar parede tenho vontade de rir. Vai ver que a mãe acha que no Terminal Capelinha tem mais germes no ar do que na pracinha perto daonde ela mora-as patroas sempre dizem a mesma coisa:"A gente não sabe aonde essa gente anda"*. Tem mãe que não deixa a gente pegar no filho se não estiver com as mãos recém-lavadas. Outras que nos fazem tirar o sapato para entrar no quarto do bebê, como se este não fosse limpo 3 vezes ao dia. Outras que não deixam os parentes que estão visitando usar o mesmo banheiro ou chuveiro que os filhos. Chupetas que são esterelizadas se tocam qualquer superfície. Não falta criatividade na tentativa de colocar a bolha de plástico no bebê. Mesmo quando ele deixa de ser bebê.
Nunca esquecí do olhar de um menininho no parquinho perto de onde morava. Todas as crianças brincavam juntas todos os dias no tanque de areia e o menininho não podia nem chegar perto por que a mãe achava que a areia era suja. Ela não levava ele embora não, ele tinha que ficar lá brincando afastado sozinho. Tadico
Não tem nada mais gostoso para crianças do que pular em poças d'água depois de uma chuvona daquelas que alagam a marginal. Minhas crias colocam uma camiseta velha e vão se divertir. Eu também, observando os olhares de surpresa das pessoas passando-essa louca deixa as crianças se molharem??!!Deixo. Deixo também ficarem cheias de lama, cheias de areia, deixo sujar a roupa e o cabelo. Minhas crias são sempre as mais sujas da pracinha. São também as mais felizes.
Nunca esquecí do que o pediatra me disse uma vez: a única maneira de uma criança criar anticorpos é entrando em contato com os germes. 
No final do filme, bubble boy se revolta com sua vidinha 100% esterelizada e num ato de coragem kamikase sai da bolha para encarar os germes do mundo e um por-do-sol em technicolor-não me lembro muito bem da cena, a essa altura eu e minha irmã estávamos chorando tanto de emoção que os olhos ficaram embaçados e a gente perdeu a cena final do filme. 

*O que me faz perguntar: se a moça não é "asseada" ao gosto de Madamme, o que está fazendo lá tomando conta do bebê?