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sábado, 11 de junho de 2011

festas juninas


Não existe modo educado, gentil ou sem criar controvérsias para o que eu vou dizer. Acho melhor tirar do meu sistema e aguentar o rojão. 
Lá vai:
Eu ODEIO festas juninas. 
#Prontofalei.
Já me sinto melhor, obrigada. Podem fazer seus comentários e me linchar como se fosse a Geni.
Porque essa emoção toda para tão pouca coisa? Vou te contar.
O primeiro e mais importante motivo: não gosto, mas não gosto mesmo de nada sertanejo, country, forró ou equivalências do tema (será que dá para perceber isso pelo blog?). Adoro uma fazenda, gosto mais ainda de um cabloquinho gostoso (se o caboclinho gostoso estiver me servindo um caboclinho gostoso então nem se fala!), mas na solidão visual pura que a natureza oferece.
O que me faz gostar ainda menos: a obrigação de presenciar minhas crias, devidamente adestradas, fazendo uma dancinha capenga. 
A parte da fantasia até que não me incomoda tanto, até me divirto maquiando e vestindo Fofoquinha e Matraca-Trica, ano passado fiz o vestido de Fofoquinha do zero. Uma hora e meia de preparação, muitas fotos para a posteridade (ou vocês acham que eu ia perder a chance de mostrar essas imagens para os futuros namorados e matá-los de vergonha daqui alguns anos??) para 10 minutos de show.
A parte entre o sair de casa e o abrir a porta dela na volta também não ajuda nada. Perto da escola já começa o trânsito, a perrenha para estacionar, as discussões por causa de vagas com pais estressados e que deixaram a civilidade em casa e a correria porque, lógico, tudo isso atrasou as crianças e elas tinham que estar na concentração vinte minutos atrás. 
Achar, depois de entregar a cria para a professora, lugar para se acomodar entre lugares "reservados" (notaram as aspas?), bolsas e crianças menores e avós e tios e babás, transitando no meio do que eu chamo de Ladeira Porto Geral em véspera de Natal, só para ter vários adultos em pé na sua frente lutando por um bom ângulo para fotografar o filho. 
Lógico que quando chega a vez de Fofoquinha ou Matraca-Trica se apresentarem, estou sempre do lado oposto onde eles estão, e não há zoom na face da terra que me permita tirar uma foto em que dê para saber quem é quem. Vagamente. Já ficaria satisfeita se desse para, pelo menos, reconhecer a cor da roupa. Isso quando consigo assistir alguma coisa, tantos são os pais amontoados fotografando e filmando o evento. Não que eu não faça a mesma coisa.
Para quem gosta de muvuca, filas para tudo, prendas Made in China que quebram só com um olhar mais severo, comida de péssima qualidade e música de gosto prá lá de duvidoso (na minha singela e pessoal opinião, não tenho nada contra), festa junina é um prato cheio. 
Francamente (dá para ser ainda mais franca?), não vejo a hora de passar essa bola adiante e me fingir de morta em uma rede de uma fazenda bem longe da civilização.
Agora você vai me dizer: mas as crianças amam, se divertem de montão. Concordo e não discuto. Elas acham super bacana mesmo.
E porque você acha que, entra ano sai ano, eu pago esse mico?

domingo, 24 de abril de 2011

dia das mães/mother's day


Vou me adiantar aqui no post do Dia das Mães. Recebi uma reclamação interna de que meu blog anda muito "miúdo", onde andam aqueles textos que eu costumava escrever? Hoje à tarde, trabalhando em pleno feriado veio me cumprimentar um sapo que eu achei ter engolido faz tempo mas ele voltou para ser mastigado novamente, ruminante que devo ser. Já que me pediram texto, aqui vai. 
Lá pelos idos de 2002, barriguda com muito orgulho, não ganhei nadica de nada de presente do Dia das Mães. Eu ainda não era mãe. Como assim não era mãe?? Estava gerando o quê, uma raquete de tênis? Um chapéu de palha? 
Pelo raciocínio "Pró-Vida" (que eu discuto largamente, mas no momento veio convenientemente a calhar para eu provar meu ponto), a partir da concepção é ser vivo. Se é ser vivo e está nas minhas entranhas, humm...deve ser filho. Se é filho, sou mãe. Se sou mãe, porque não tinha direito a ganhar presente? Ia ser a única vez em que poderia ter ganho algo que fosse exclusivamente para mim, do meu gosto. Pré-ter a vida virada do avesso. O último par de fuck-me-good Louboutins, quem sabe. A esperança é a última que morre, né? Sobrou o sapo, já que a esperança morreu na praia. 
De 2003 em diante foi aquela parada de mimos pintados à mão ou esculpidos com todo o carinho pelas crias- que eu guardo todos, não se engane. Sigo a filosofia de que os pequenos tem que fazer os presentes, como mencionei aqui, e cada pecinha é preciosa e tem um lugar especial.
Posso estar errada no raciocínio, pode ser que tenha quem discorde de mim. Mas quem, em sã consciência, iria discutir na época com uma bola de hormônios jogando Pinball? E porque?
E você, ganhou presente enquanto estava grávida?

I'll get ahead here on my Mother's Day post. I got an inside complain that my blog isn't what used to be, it lacks the texts I used to write. As I was working this afternoon in the middle of the holyday, a old resentment came back to hunt me. Well, I was asked for more stories, so here's one.
Back in 2002, holding my belly with pride I was, and got ziltch for Mother's Day. I was told I wasn't a mother yet. Excuse me? What do you mean I wasn't a mom yet? What in hell was I nurturing, a racquetball? A straw hat?
If I follow Pro-Life line's of thought -I have lots and lots of reserve about this philosophy, but it comes handy now to help me to prove my point-from conception on it's considered a human life. If it's a human life and it's in my belly, humm, it should mean that she is my baby. If it's my baby, I am a mother. If I'm a mother, why wasn't I entitled to a gift? I was going to be my last chance of something for me and me alone before I had my life turned upside down. My last pair of fuck-me-good Louboutins, who knows.
From 2003 on there was a parade of handmade objects made by my kids with all their love, no less. Don't get me wrong, I love them and kept them all. I have as a rule that gifts by children should be handmade, not store bought.
I may be wrong about this whole thing, but who in their right mind would argue with a Pinball hormone ball at the time? And why, ohh why?
So, did you get a gift while you're pregnant?

quarta-feira, 9 de junho de 2010

ordem e progresso


Quase ordem. Até agora nenhum progresso. 
Hoje eu achei que ia comemorar. Acordei animada, até olhar o jornal e ver que a lei do Contran para regularizar o uso de bebê conforto, cadeirnhas e assentos de elevação para transportar crianças em carros foi adiada até setembro. Isso porque só agora os pais saíram correndo para comprar um assento para seus filhos e não há estoque suficiente para atender a demanda. Só agora eles foram comprar. Só porque é lei e vai custar no bolso.
Já escrevi um post aqui bem malcriado sobre a falta de responsabilidade dessas pessoas para com a vida humana. Isso sem falar no outro sobre crianças em motos, coisa que me dá um nó na garganta até hoje. 
O que me deixou mais boquiaberta do que esses acontecimentos- o Contran levar 1 ano e meio para anunciar as novas regras, os pais relapsos e o adiamento inevitável por razões que a própria razão desconhece- é que tem neguinho mandando carta para jornal indignado, achando que "esse pessoal vive de criar regras" e mal humoradíssimo por essa lei "criar um tal de cadeirinha prá cá, cadeirinha prá lá".
Imagine, segundo o Sr. Roberto Semaneiro, autor da cartinha, que absurdo é a exigência de se obrigar o uso de cadeirinha mesmo para carona. Sei não, mas quando estou com filhos dos outros, normalmente meu cuidado é maior do que com meus filhos. Imagine a situação: meus filhos em seus assentos e Babalu, o amiguinho, solto no banco de trás. Acontece um acidente, todo mundo está bem, menos Babalu. O que você diz para os pais desse menino? Desculpe, ele é o carona, portanto tem que arcar com as consequências? Desculpe, mas sabe como é, não é meu filho portanto me importo menos com ele? Fala sério!
O Sr. Semaneiro termina acrescentando, brilhantemente, "Às vezes, o simples bom senso resolveria muita coisa".
Concordo em gênero, número e grau. Pena que bom senso, nesse país, só vem acompanhado pela obrigatoriedade de uma lei.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

biologia prática e suas consequências

O mau humor inconsciente é como uma longa estrada que corre paralela à rua da ironia. Na verdade, se a gente pensar bem, a maternidade não passa de uma piada eco-cósmica de mau gosto.
Sim, acordei com a pá virada. Deve ser síndrome de final de ano.
Tá difícil de seguir minha linha de pensamento hoje? Eu estava pensando sobre a biologia. Lembra ainda de simbiose, parasitismo, cooperação e comensalismo*? Andei relendo as definições e não pude deixar de notar algumas ironias aplicando as definições à maternidade. Não era bem essa minha intenção, na verdade comecei a escrever este post e o assunto era completamente outro. Espirituosa que sou, fui procurar as definições para uma metáfora qualquer que nem me lembro mais. A ironia foi tanta que não resisti. Se der eu encaixo o outro assunto no novo tema que tomou conta da tela do meu computador. Senão fica para a próxima.
Segundo algumas mulheres pensam (excluam-me dessa por favor), primeiro convive-se com um parasita por nove meses tirando nutrientes vitais para nossa sobrevivência. As mais radicais acreditam que a gente passa mal no começo da gravidez em uma tentativa de sabotar o crescimento do Zé Colméia. Essas são as más línguas.
Parasita expelido, entramos na fase da simbiose. Temos em nossas mãos um titico de gente que não sobreviveria 7 minutos nesse mundo sem nossa atenção e cuidados- o que me faz refletir em como realmente chegamos ao topo da cadeia alimentar se nossa prole não consegue, por exemplo, nem andar em 15 minutos depois do parto. De nossa parte, como era de se esperar pela natureza do sistema simbiótico, não conseguiríamos mais viver sem esse cotoquinho em baixo de nossas asas. Não precisamos nada mais do que o amor dele para nos fazer levantar da cama de manhã. Sabe aquele cordão umbilical simbólico? Pode esquecer, ele nunca será cortado. Não existe tesoura imaginária que dará conta do recado.
Com a simbiose aparece também a cooperação. Essa não entre mãe e bebê, mas entre o casal que a partir de agora tem que se virar para manter o cotoco saudável e feliz por pelo menos 18 anos. Já notou como o nascimento de um bebê faz a gente mudar as metas de vida?
Aonde se aplica o comensalismo, você me pergunta? Tem certeza de que você não sabe? Mesmo?....Deixa eu dar uma dica: como você conseguiu esses culotes que não estavam aí até Zé Colméia ter um ano? Por acaso não foi limpando -com o garfo- o prato dele? Entendeu, né?

* As definições, já que ninguém tem obrigação nem memória de elefante depois de tantos anos fora do colégio:
  • O parasitismo é um fenômeno pelo qual uma planta ou animal sobrevive retirando nutrientes de outro ser.
  • A simbiose é uma interação ecológica interespecífica harmônica obrigatória na qual há vantagens recíprocas para as espécies que se relacionam.
  • Cooperação -Ato ou efeito de cooperar; forma de ajudar as pessoas a atingir um objetivo; onde duas ou mais pessoas trabalham em função de um bem.
  • Comensalismo: Associação em que um indivíduo aproveita restos de alimentares do outro, sem prejudicá-lo.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

essa vai dar pano para a manga: a manga extra


Alguns pensamentos precisam, assim como um bom vinho ou queijo, de certo tempo para amadurecer. Demorei mas costurei a última manga sobre a matéria do Fabio Santos para o jornal Destak. O pano deu certinho, não sobrou um retalho para contar história. Se você chegou agora e não entendeu patavinas saiba que as mangas esquerda e direita estão, respectivamente, aqui e aqui.
Essa manga extra é aquele acidente fashion que pode dar muito errado ou se tornar o must have da estação. Eu tenho pensamentos contraditórios (assim como de qualquer coisa de gosto duvidoso) sobre o que o Fabio escreveu:
"Até parece que eles (os pais) se consideram realmente capazes de conter seus rebentos. Nem os genitores mais conscienciosos, com filhos bem comportados, podem garantir que não haverá gritarias e escândalos. Estamos falando de crianças, que, por natureza, são imprevisíveis....De férias, o casal parece transferir aos outros a obrigação de ter paciência com os humores e travessuras de seus pimpolhos. O mesmo costuma acontecer em restaurantes e outros lugares públicos."
Por mais que me doa escrever, eu tenho que dizer que em um pequeno grau o Fabio tem um tiquinho de razão (para quem não percebeu isso sou eu dando o braço a torcer sem perder a dignidade). As crianças hoje em dia levam uma vida independente dos pais. Passam o dia nas escolas ou com pajens. Atenção para o que vou dizer agora: NENHUM dos dois tem obrigação de educar crianças. A escola ensina. E só. A pajem é uma pessoa que existe para ajudar com coisas práticas.
Com isso os pais não tem a menor experiência no dia-a-dia de seus filhos. Para finais de semana existem folguistas, assim eles não precisam nem saber como trocar uma fralda ou passar a noite em claro acalmando o sangue de seu sangue. O pouco tempo que passam com as crianças é sempre assistido. A consequência disso é ululante: os pais não sabem o que fazer nem tão pouco como lidar com seus filhos naquele dia em que a pajem deu o cano. É muito mais fácil transferir a responsabilidade de seus filhos (que não estão sendo educados por ninguém e se comportam como tal) para terceiros, mesmo que completamente estranhos. Além do mais, tomar conta de crianças é exaustivo. Se você não está acostumado a essa tarefa imagine como seria tentar correr a maratona de New York sem ter treinado um dia sequer. Por mais boa vontade que se tenha, não dá para passar dos primeiros 400 metros.
Isso dito, existem os outros tipos de pais. Aqueles que estão ensinando os filhos a se comportarem em sociedade. Todos nós pagamos o preço por isso, querido Fabio. Quando você assinou o contrato para nascer, estava escrito preto no branco que terias que aprender a se comportar entre outros seres humanos porque é assim que essa espécie existe. Em sociedade. Você assinou um contrato para ser gente, não um peixe Betta macho em um potinho d'água. O preço é bem menos salgado do que o final de semana em um resort. Basta você olhar com os olhos de quem entende- e respeita- para aonde caminha a humanidade.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

sobre reciclagem


Nem pude comemorar a volta as aulas e minha alforria como eu queria. Com tanta coisa a fazer, uma arrumação nos brinquedos era mais do que necessária e comecei por ela. Por acaso alguém tem um armazém para guardar todos os trabalhos (de arte) que vem da escola ou vocês fazem como eu que salvo alguns e o resto vai contribuir para o enchimento dos aterros de lixo?
Joguei muita coisa fora: peças de jogo que já não existem, brinquedos quebrados que não servem para ser doados, pedrinhas catadas no parquinho, pedaços quebrados de plástico colorido que nem imagino daonde vieram ou para que serviam, uma pena de passarinho, barbantes aleatórios, contas de colar perdidas e muita "arte" feita de recilcados. As garrafas PET são as grandes estrelas dessa categoria: vasos de plantas, porta-trecos, retratos ou canetas, bonecos, porta barquinho-no-mar e o que mais a imaginação fértil das tias puder inventar. Como Fofoquinha e Matraca-Trica são dois, vem tudo em dose dupla.
Nem dois dias depois de casa cheirando a limpa e razoavelmente organizada vem a nota da escola: "Por favor enviar duas garrafas PET de 2 litros".
Tias, vamos combinar uma coisa? Eu entendo que a intenção de vocês é a mais pura d'alma para ensinar as crianças do século XXI a reciclar e ajudar o mundinho a ser mais feliz para eles mesmos poderm desfrutar quando vocês estiverem embaixo de sete palmos de terra. Acho louvável e uma obrigação. Mas existe BOA reciclagem e reciclagem INÚTIL. A BOA reciclagem é quando você reusa algum elemento para criar e construir outra coisa que tem uso ou vai ser preservada ad eternum. Por mais que ame minhas crias, os trabalhinhos deles nem sempre correspondem a espectativa. Raras são as peças que vão ficar expostas na sala de estar tempo suficiente para Matraca-Trica e Fofoquinha mo-rre-rem de vergonha por ser meus filhos quando trouxerem os namorados para casa. Isso faz dessa arte toda reciclagem INÚTIL, não é?
É uma questão de menos de um ano para todas essas garrafas PET em versão carro-alegórico-em-desfile-do-grupo-4-de-escolas-de-samba-no-interior-de-São-Paulo (nenhuma delas tem catiguria para encarar uma qualificação melhor) acabarem no mesmo lugar que todas as outras: no aterro. Reciclou-se alguma coisa quando o fim é o mesmo? Pense bem.
Esses bilhetes criam um segundo problema em casa além de testar minha paciência:eu considero nosso lar um passo a frente no pensamento "vamos reciclar" e prefiro eliminar o problema do que lidar com a sobra: o plástico aqui está quase eliminado. Além disso, não se bebe refrigerante em casa. Descolar essas garrafas são um gasto de energia e tempo que não valem a comida que o tatu bolinha come (assumo que todo mundo saiba do que tatu bolinha se alimenta...)
Tias (eu sei que quem vocês são e aonde moram!), ao invés de ensinar as crianças a fazer reciclagem INÚTIL, por que não ensiná-las a eliminar os elementos poluentes de suas vidas para sempre? Se ninguém mais comprar plástico (por exemplo), não vai haver mais produção. Se não houver produção, não vai haver sobra. Se não houver sobra, minha sala de estar não vai ter mais um vasinho de PET sequer para arruinar a decoração.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

essa vai dar pano para a manga: a manga direita

Se você chegou agora, saiba que este é o segundo post sobre um texto entitulado "Sem crianças, por favor" do Fabio Santos no jornal Destak. Para ler a matéria na íntegra, é preciso navegar até ela-coisinha meio chata, mas não tem outro jeito. As instruções para fazer isso estão no primeiro post: essa vai dar pano para a manga: a manga esquerda.
Resumindo um pouco o texto, o Fabio descreve como crianças em público são inapropriadas para quem ainda não os tem (e) que trabalham, como por exemplo em pousadas paradisíacas com ar de honeymoon no meio de quilômetros de areia e coqueiros, aviões e almoços de negócios em restaurantes-enfim, basta ser um lugar público. Fala também sobre como os pais transferem a responsabilidade de controlá-las aos outros-eles que não tem filhos. Como está sobrando pano, esse vai ser tópico para uma terceira manga, a extra. Nossa, como estou me divertindo com o texto do Fabio! Para não confundir alhos com bugalhos, a manga direita vai se deter na primeira parte do texto.
Eu já fui o Fabio. E teria escrito as mesmas coisas que ele-e até um pouco mais, conhecendo meu humor. Eu nunca gostei de crianças e francamente não dava a mínima para elas. Por alguns (muitos) meses, só gostei de Fofoquinha, depois que ela nasceu, porque era minha.
Quer saber? Criança é inapropriada mesmo. Eu fui uma, lembro bem que peste sem classificação eu era. Minha mãe até rogou praga: "Você vai ver, seus filhos vão ser piores do que você foi!". Praga de mãe pega. Matraca-Trica e Fofoquinha são inconvenientes, inapropriados, cansativos, imprevisíveis e barulhentos. Resumindo, são crianças normais. Se não fossem assim eu ia achar que tinha alguma coisa muito errada com elas.
Eu desculpo o texto do Fabio. Já me desculpei também. Ele não é pai, não foi iniciado nessa grande maçonaria que chamo de "o lado de cá". Tudo o que o Fabio quer é curtir o mundo na santa paz e sossego em um mundo acima dos 18 anos. Pensando bem acho que não existe um ser adulto que não queira isso.
Logo no segundo parágrafo,, numa tentativa mixa de salvar a própria pele de leitores que são pais e com certeza mandariam emails de baixo calão, ele escreve: "Não que eu não goste de crianças. Gosto sim, e muito. Tanto que eu e minha mulher estamos em campanha pelo primeiro filho. Mas há lugares e circunstâncias em que crianças são, digamos assim, inapropriadas." Humm, se a linha de pensamento é essa, me dou o direito* de estender a frase dele para "...e circunstâncias em que crianças, cachorros, idosos, chatos, gente que está perpetuamente no celular (e pior ainda, falando alto), quem dirige mal, ri muito alto, usa perfume demais, tem mau hálito, é cafona (por que eu tenho que olhar coisa feia??) ou tem cérebro de galinha são, digamos assim, inapropriados". A lista é bem maior do que esta, infelizmente tive que resumir minha birra com a humanidade em poucas palavras.
Como o Fabio ainda não é pai-queria ser uma mosquinha para contar a todos vocês o dia em que ele estiver sem pajem e tiver que levar a futura cria no banco, na farmácia e no restaurante-ele nem imagina que a gente muitas vezes não tem escolha. Ou leva ou leva. Ele não sabe que as crianças aprendem por observação e vivência. Se nunca forem a restaurantes e viajarem de avião, nunca vão saber se comportar nessas situações. Ele não sabe sobre o grande segredo de "o lado de cá": a paciência divina e (quase quase) ilimitada. Ele provavelmente não lembra da própria infância: imagina se ele tivesse ficado dentro de uma bolha sem sair de casa (a não ser para ir ao playground e escola) até criar espinhas na cara. Acho que ele não teria gostado muito, teria? Saberia ele se comportar em sociedade?
Lugar público é...preciso mesmo explicar? Talvez sim, uma vez que o Fabio termina o texto dele assim: "...se seu objetivo for paz e tranquilidade, melhor se manter distante de qualquer lugar com playgrounds. O contrário também deveria valer. Se não tem parquinho, mantenha as crianças longe."...ou será que deixo ele descobrir por sí só?

* Me dou o direito de seguir sua linha de pensamento. Só isso, pois aprendi como agir em situações como estas quando elas se apresentam: "os incomodados que se mudem" é um moto simples a ser seguido e eu faço grande uso dele.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

essa vai dar pano para a manga: a manga esquerda

Sempre pego esses jornais que distribuem no semáforos. Para mim são o equivalente de revistas em manicures: leitura rasa, rápida e de fácil digestão. Até ler no Destak o "Meu Destak" do dia 30 de julho de 2009 na edição do Rio de Janeiro, na página 15, escrito pelo diretor editorial Fabio Santos (tentei colocar o link aqui mas a página não abre corretamente, a gente tem que navegar até achar dentro do site). A dita cuja intitula-se "Sem crianças, por favor". Deu para perceber, pelo titulo, que eu não iria deixar passar batido, né? Coisinha rápida o que o Fabio escreveu. Ele nem imagina como vou me divertir com a matéria ligeira dele por aqui! Resolvi até dividir meus comentários em posts separados para não cansar a vista de muita gente.
Em um dos parágrafos de seu texto-não vou me estender muito no conteúdo da matéria do Fabio neste momento, uma vez que o titulo é self-explanatory e vou falar mais sobre ela em alguns posts (desconfio que ele vai virar minha piada preferida!)- ele conta que a revista britânica The Economist "faz campanha para que as companhias aéreas tenham voos vetados a quem tem menos de dez anos". E adiciona de punho próprio: "Ninguém é obrigado a pagar os altos preços das passagens aéreas e não conseguir pregar o olho porque a belezura na poltrona de trás esta incomodada com a pressurização da cabine ou resolveu exercitar suas pernas chutando suas costas".
Nem precisei queimar minha cachola por muito tempo pensando no que o Fabio escreveu. Para começar, já que uma revista de tamanho peso ignora os princípios básicos dos direitos humanos e se comporta com tamanha infantilidade, por que não eu? Afinal, antes de Fofoquinha nascer eu acreditava piamente que aviões deveriam ter uma cabine separada a prova de som para acomodar famílias com crianças.
Depois que ela nasceu continuei usando aviões (como se fossem meros táxis) como meio de transporte. Ai de quem abrisse a boca para reclamar qualquer coisa sobre minhas crias! Tá certo, nunca precisei, como minha cunhada uma vez, vir cantando boa parte (umas 4 horas) de um voo internacional, Old MacDonald had a Farm com seus 3 filhos, mas cheguei perto.
Não discuto que as pessoas fiquem incomodadas-eu também ficava. Mas essas pessoas são adultas. São bem grandinhas para lidar com a falta de paz temporária ou uma noite mal dormida. Todos sabemos que aviões são, na verdade, um grande elevador velho com (a cortesia de) cadeiras de sala de espera de repartição pública que leva hooooras sem fim para ir de um andar para o outro.
Resolvi lançar a minha própria campanha. Assim como a The Economist vou encaminhar minha lista de pedidos para TODAS as companhias aéreas.
Abaixo a minha lista de indivíduos que deveriam ter voos separados dos demais mortais:
-Gordos.
-Pessoas que insistem em puxar conversa mesmo vendo que você está com livro aberto e fone de ouvido.
-Pessoas com volume do IPod alto.
-Pessoas que tem CC e/ou perfume ruim forte.
-Pessoas com incontinência urinária que levantam a cada 1 hora para ir ao banheiro no meio do seu filme.
-Pessoas que passam a noite com laptop ligado.
-Bêbados.

Para terminar, gostaria de mencionar que uma coisa que filhos nos ensinam-e que o Fabio não sabe ainda- é ter mais compaixão e respeito pelos outros. Olha só a diferença entre a frase "... e não conseguir pregar os olhos porque a belezura na poltrona de trás está incomodada com a pressurização" e "tinha um bebê, tadico, que chorou a noite toda porque estava incomodado com a pressurização". Pergunto: quem é o adulto aqui?

sábado, 4 de julho de 2009

glamour+mom=glamom!

E vou te dizer, já não era sem tempo!

Essa sou eu reagindo a uma matéria (tão antiga que nem me lembro aonde li) sobre a glamorização da maternidade. Essa reação ficou engasgada numa gavetinha dentro de um arquivo obscuro na minha cachola até hoje. Tempo demais, começou a cheirar mal e agora sou obrigada a jogá-la fora na lixeira que é esse bloguinho.
Reação um tanto tardia e inflamada, é verdade, mas não vamos entrar em detalhes sobre um eventual acompanhamento psicológico para minha perturbada pessoa. Eu tenho consciência que (de vez em quando) preciso de um-mas isso é outra história!
A matéria explorava a glamorização da maternidade. Negativamente. É para ficar brava, não é? Pois eu fiquei. A matéria dissertava sobre como um ato tão cotidiano, biológico, parte do ciclo da vida e segundo a autora, corriqueiro como dar a luz tornou-se um evento de importância fora de controle nesses dias contemporâneos.
Hummm, por onde começo?
Já sei, começo dizendo que fui picada pelo mosquito feminista-nada que um pouco de creme antiinflamatório não cure. Depois, dizendo que a princípio concordo com ela. Não discuto que nascimentos são parte do grande círculo de vida e morte. A importância deles, sim, eu discordo. 
Até o começo do século passado, mulheres morriam como frangos no abate em partos ou de complicações deles pouco tempo depois. Mulheres não tinham dizer sobre sua própria sexualidade ou direito a querer ou não ter filhos. Mulheres menstruavam uma vez a cada dez anos, com muita sorte se o marido estivesse ausente naqueles dias férteis. O número de mortes no parto ou por complicações dele era a maior percentagem-de longe-na mortalidade feminina, até o começo do século XX. Não vou nem me estender em números de mortalidade infantil...resumindo, por causa da quantidade, a morte (nessas situações) ficou banalizada.
Com a evolução da medicina, tecnologia e sociedade o número de mortalidades caiu vertiginosamente. Hoje em dia, com anticoncepcionais, poluentes, química nos alimentos que ingerimos, stress e vai-se lá saber o que mais; muitas mulheres não concebem-por opção ou incapacidade. A dificuldade para algumas é grande e o processo doloroso. Traumático. Uma gravidez sem maiores problemas e o nascimento de uma criança sadia e com 10 dedinhos são comemorados como vitória de jogo do Brasil em final de copa. E devem ser mesmo. O valor da vida mudou.
Outra coisa: antigamente os homens apareciam, engravidavam as mulheres e partiam para alguma cruzada em terra de infiéis, voltando anos depois. Hoje os homens participam do processo do começo ao fim: engravidam junto, assistem o parto e ajudam a cuidar do filhote desde o primeiro dia. Essa "coisa de mulher" tão misteriosa na cabecinha deles agora só refere-se a TPM. Ficar na sala de espera enquanto a mulher está em trabalho de parto pega mal para xuxu. Homem que é homem tem que ter cojones e ficar ao lado da mulher para ajudar no que puder na hora do vamos ver. Ahh, nada como assistir um parto para criar respeito pela mulher e bebê!
Sociologicamente falando, como a visão masculina sempre dominou o comportamento da humanidade (alguém vai querer discordar aqui?), se a gente somar a ignorância a respeito do processo com a banalização das complicações fatais, temos como resultado o pouco respeito pela vida de todos aqueles que não tem barba feita. Era assim que o mudo rodava antigamente. Hoje no more.
Portanto comemore SIM cada nascimento, cada criança que vem para nos alegrar. Aproveitem que a mídia está do nosso lado e celebra com fanfarra cada bebê nascido de astros e estrelas. Nós todas merecemos a atenção, carinho e ajuda que nos é de direito. E tenho dito.
Agora com licença que tenho que ir até a farmácia comprar o tal do creme antiinflamatório.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

paciência não é santa


Eu não sei como fazer para responder aos comentários que deixam em meu bloguinho.

nota em lugar inapropriado: se alguém souber, estou toda ouvidos, por favor!
Antes de mais nada, muito obrigado pelo carinho e comentários que vocês (cinco, provavelmente) deixaram. Eles são poucos, dá para contar nos dedos de duas mãos. Já houve quem me perguntasse por que não há comentários no meu blog, se por acaso eu os edito e não os deixo disponíveis. Pois vou te contar o que acontece: quem lê este bloguinho não deixa comentários mesmo. Tenho uma teoria: quem tem filhos não tem tempo nem de descascar preguiçosamente uma tangerina, o que dirá perder precioso tempo escrevendo alguma coisa aqui. Não me sinto ofendida, por favor! Entendo perfeitamente. Eu mesma raramente tenho tempo de deixar comentários em blogs amigos. Fico feliz quando tenho 3 minutos de sobra para ler algo além de bulas de remédio, livros de histórias infantis e informações nutricionais/ingredientes em embalagens de alimentos industrializados. O que também explica a minha ignorância em saber como responder a comentários aqui: não tive tempo de ler a respeito ainda.

Voltando ao assunto: recebi um comentário em um post antigo, a pedra no meu sapato. Gostaria de responder ao meu querido anônimo.
As pessoas gostam desse cantinho porque elas se identificam com minhas peripécias maternais. Eu gosto desse cantinho porque posso ventilar minhas frustrações em certas ocasiões. Sem perder o bom humor jamais! Eu não me levo muito a sério e tão pouco os leitores.
O último parágrafo do texto era (aparentemente não tão) claramente para encerrar o pensamento. Uma piadinha. E sim, tem horas que a gente pensa assim-não damos corda ao horror e a coisa morre ali, naquele nanosegundo. Na hora da frustração suprema, a gente perde a cabeça. A cabeça e só ela. Estou mentindo? Eu assumo que eu perco a minha que já é meio desmiolada, mas a acho em poucos minutos (normalmente em baixo do sofá no banco de trás do carro). Por que somos humanos. O amor incondicional não é diretamente proporcional a paciência. Aliás, na minha cabeça são duas coisas completamente diferentes. Paciência não é santa. O tal do amor é. Paciência, usando uma metáfora pouco inspirada, é como um elástico: quando se alarga além de seu limite, ele se rompe.
Eu acho que as crianças tem que saber sim que nós perdemos a paciência de vez em quando, que o que eles estão fazendo pode machucar, magoar ou nos deixar zangados. São respostas normais, eles também as sentem. Isso estabelece limites, mostra que atos tem consequências. Você não mostra quando está feliz? Então. Não adianta protegê-los ad eternum de reações pouco louváveis dos seres humanos, pois mais tarde eles não vão saber como reagir a elas, não vão saber como lidar com a situação quando ela se apresentar. 
Você perdeu a paciência? Dê o exemplo: acalme-se e peça desculpas a sua cria, para começar. Seja exemplar e conte o que fez para se acalmar e como lidar com a frustração. Usar a si mesmo como rato de laboratório, como instrumento para aprendizagem; isso sim é responsabilidade e amor incondicional.
Pois é, meu querido anônimo, eu gosto de conversar. Acho construtivo. Acho que só podemos crescer quando amadurecemos ideias. Por isso agradeço seu comentário. Ele me fez parar para pensar além de suas palavras. Obrigada!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

elas podem mas não querem

Quem diria Fofoquinha teve a quem puxar no final das contas....hoje vim aqui fazer, ora pois, fofoca. 
Olha só a conversa que tive com uma amiga outro dia:
-Sabia que Fulana, minha prima, separou?
- Não tinha a menor idéia. O casamento andava mal?-perguntei.
-Andava. Ele queria ter filhos e Fulana resolveu que não queria. Parece que isso afundou a relação deles.
-Mas ela tem algum problema de saúde, alguma dificuldade?-continuei a puxar o assunto...ah, a curiosidade feminina...
-Não, está tudo bem. Ela só não quer estragar o corpo.
-Me diz uma coisa, quantos anos ela tem, mesmo?
-Está perto dos 40, se não me engano.

Sabe, já ouvi variações dessa mesma história algumas vezes. Demorou, mas por fim essa pataquada conseguiu me irritar. 
Está certo, sou mulher. A vaidade e nós mulheres temos uma relação das mais íntimas, e a não ser algumas vezes que saio de casa e a esqueço em cima da penteadeira, ela sempre me acompanha. Aonde quer que eu vá. Andamos brigadas  por algum tempo-acho que foi alguma coisa que disse a ela quando Fofoquinha e depois Matraca-Trica nasceram, mas vai saber. Acho mesmo é que foi ciúme dela- mas depois que percebi no que estava me tornando (aqui) e como sentia a falta dela, fiz as pazes e hoje estamos de bem. 
Posso discordar, mas aceito o ponto de vista de mulheres que não querem ter filhos com medo de estragar o corpo. Quando elas tem 20 ou 30 anos. Francamente, por quanto tempo uma mulher beirando os 40 anos acha que vai conseguir manter o corpinho de gazelle? A lei da natureza é cruel, e por mais que a gente tente, tudo cai. Tudo aumenta, até em lugares em que a gente não imaginava que tinha células de gordura. Em 10 anos não vai ter mais como segurar a barra. Pergunto: vale a pena? Acho que nunca vou saber. 

quarta-feira, 13 de maio de 2009

a cegonha chegou

Isso não quer necessariamente dizer que você tem que sair correndo para ver se consegue acenar para ela do quarto da nova mãe na maternidade.
A cegonha vai trazer uma bebéia loguinho para uma amiga. Ela, coitada e barriguda, já fazendo preparativos estressantes para receber as pessoas na maternidade. Eu já avisei: não vou em maternidade. Nem que deem o meu nome ao bebê. Sei que ela vai me agradecer depois.
Não acho educado (não é educado, gente! acordem para a realidade!), não acho necessário e não acho justo com mãe e bebê. Pense bem na situação: você acabou de dar a luz. Uma experiência traumatica, não importa se foi parto normal ou cesárea. Ou você está deitada de lado com uma bolsa de gelo entre as pernas ou cheia de pontos e esperando um monte de gases sairem. De qualquer modo, você está dolorida. Incomodada. Precisa descansar e dormir. Quer conhecer aquela coisiquinha tititica que acabou de sair de você. Precisa desesperadamente de um banho, precisa lavar a cabeça toda suada. Está sangrando abundantemente. Você e bebê estão tentando amamentar. Tem também que aprender a dar banho e trocar fralda. Tenta pentear o cabelo sujo e colocar um pouco de makeup mas não adianta (repito: NÃO ADIANTA! Basta olhar para as fotos depois!) e não dá tempo para processar tudo o que aconteceu porque você é anfitriã de balada pelos próximos dias que ficar no hospital. Jura de pé junto que você quer receber visitas nessas condições? De verdade mesmo? Acho bem difícil acreditar. 
Eu entendo que havia uma urgência antigamente de ver o tal bebê novo, as chances de ele sobreviver não eram grandes. Os tempos mudaram, o costume ficou. Cabe a nós mudarmos. Conversando com algumas mães, elas me disseram preferir que as pessoas vão a maternidade do que em casa. Também não é para ir em casa, pelo menos antes dos 2 primeiros meses. Ponto. O bebê não vai a lugar nenhum, a mãe muito menos. Tenham piedade da nova família, principalmente se for a primeira cria.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

noia

...e foi assim, meus queridos amigos, que eu me tornei uma chata de galochas. Arre, tem dias que nem eu mesma me aguento.
Oops, fiz de novo, não foi? Comecei pelo final. Então, já que faz parte da chatice repetir-se algumas vezes (mesmo que dentro de sua própria cabeça), vou contar minha saga (novamente):
A vida andava calma e em rotina-que agora morro de saudades-e um dia em que eu não coloquei tampões nos ouvidos, o relógio biológico começou uma lavagem cerebral em mim, uma cantiga doce e suave em ritmo de narrador de histórias para fazer boi dormir. Não precisou muito tempo para que eu ficasse a mercê de meus hormônios, e como uma doutrinadora fervorosa das Testemunhas de Jeová fui bater na porta de minha cara metade. O que poderia fazer o coitado? Em um ato de pura insanidade momentânea ele achou a idéia ótima e no mês seguinte Fofoquinha retirou a placa de "Vacancy" de meu útero. O resto é história.
A maternidade não é para todas, agora (e só agora, quando é tarde demais) eu sei. Um Matraca-Trica depois, perdi o que restava de meu senso de humor, minha leveza d'alma e meu espírito esportivo. Ganhei outras coisas em troca-muitas delas maravilhosas-mas o assunto não é esse agora e sim das coisas que não tenho orgulho algum, como stress e chatice. O ovo e a galinha. Ganhei TPM também, que antes não tinha e por isso vocês estão lendo esse texto agora. 
A chatice vem quando a gente transforma nosso lar em QG do exército: "Eu disse A-GO-RA! Escove bem os dentes, você esqueceu o lado de cima! Guarde os brinquedos no lugar deles! Hora de dormir!" etc. Não preciso me estender muito aqui, todas nós conhecemos mui bien essas frases. Alguém já viu algum militar rir? I rest my case.
Li outro dia que a mulher fala, em média, 3 vezes mais do que o homem. Deve ser porque a gente tem que repetir a mesma coisa 3 vezes antes que alguém nos ouça e obedeça.
Imagine você (no caso de não ter filhos ou ser homem) se comparar com uma vitrola quebrada dia sim, dia sim. Depois de alguns anos, no que isso transforma a gente?


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

evolução da espécie humana

Honestamente eu não entendo como a raça humana chegou ao topo da cadeia alimentar. A começar, nossos filhotes não são capazes de levantar-se segundos após o parto-francamente nem nós que parimos-e sair andando para não ser devorado por uma hiena que espreita atrás do matinho. Nunca ouvi falar de gatos, baleias, hipopótamos ou qualquer outro mamífero que poderiam se engasgar com o leite materno e morrer se for colocado no berço sem um bom tapinha nas costas para arrotar. 
Ou nós somo geneticamente muito fortes ou muito burros. Falo isso por que entre tantas outras coisas, nossas crias chegam perto dos 4 anos e se recusam a comer qualquer coisa que as faça crescer fortes e saudáveis. Detalhe: eles comiam de tudo até então. De repente deixam de gostar de uma série de coisas que já são familiares. Isso não é burrice genética? Na minha cabeça a seleção natural deveria ter eliminado essas pequenas mulas empacadas que só comem macarrão na manteiga ou salsicha (sem pão) a favor dos pequenos que sabem se alimentar equilibradamente para manter o império no topo da pirâmide.
Matraca-Trica está nessa fase. Ele jamais sobreviveria no meu mundo imaginário e geneticamente correto. Não se engane, meu mundo não se parece nem um pouco com Gattaca, e sim com um episódio do Discovery Channel. A minha pequena mula agora só quer comer carninha com arroz branco. Como eu sou uma mãe que não tem medo de mandar filho para cama com fome- lembrem-se que este não é meu primogênito-estou sacaneado o bichinho: arroz, em casa, agora é batizado: misturado com lentilha a maneira árabe, com cenoura ralada, brócoli picadinho, misturado com arroz integral. 
Ouço diariamente o drama das mães par tentar que os filhos comam uma garfada de tomate, de couve flor ou qualquer coisa que não contenha salsicha ou pasta. A briga na hora das refeições são constantes e o mau-humor de ambos é visível horas depois do acontecido. Situação chatinha que não aconteceria se eles soubessem-assim como sabem andar, respirar e morder os outros- que verduras, legumes e farinhas integrais são saudáveis e gostosas. Se eles pelo menos experimentassem para saber! Mas vá lá tentar dar uma colherada de vagem ou almeirão refogado. Vá.
assinado: mãe inconformada que faz refeições saudáveis com os filhos para que eles vejam e aprendam a se alimentar corretamente; e até agora conseguiu muito pouco em retorno pela paciência que tem com eles.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

novelão



O CHOQUE! O HORROR! O PÂNICO!
E mesmo assim não consigo desgrudar meus masoquistas olhos da tela. Isso porque meus sádicos dedos ligam toda semana a TV e colocam no canal Sony para que eu, quer queira quer não, assista mais um episódio de Desperate Housewives.
Por que tamanho escândalo por causa de um seriado? Porque cheguei a conclusão de que sou Gabrielle Solis, a personagem de Eva Longoria Parker.
Tá, exagerei um pouco. Para começar, eu sempre fui uma pirua normal. Para quem é pirua. Nem um pouco perto da pirua high maintenance que era a personagem- por pura falta de dinheiro. Tivesse eu dinheiro, seria igual com certeza. Gabrielle tinha cabelão, dinheiro, carrão, maridão, tempo para fazer compras e morava em cima de tacanos lejones. Eu, a versão não turbinada disso tudo. Mas também via a vida de cima para baixo, em cima de meus Guccis, Pradas e Manolos. Que custavam metade do meu salário. Eu nem ligava.
Então, 5 anos depois nesta temporada, Gabrielle teve 2 filhas. Transformaram-na em mãe. Com corte de cabelo de mãe. EU TENHO UM CORTE DE CABELO MUITO PARECIDO!!!! O descaso com a manutenção é o mesmo. Estão começando a entender meu desespero?
E as roupas "confortáveis" que ela usa, então?! Ô medo. Eu também uso. Perdi a vergonha de antes só usar esses trapos entre minhas 4 paredes, em dias de TPM e absolutamente sozinha .Quando dou por mim estou no supermercado, sacolão, banco e farmácia vestida assim. Na frente de outras pessoas. EM PÚBLICO.
Garotas, que isto nos sirva de lição. O balde de água fria serviu para eu acordar desse pesadelo e sair por aí procurando minha piruice perdida. BUCHO, não mais!
Eva Longoria Parker, depois de um dia de trabalho brincando de dona de casa falida, volta a ser ela mesma nos braços do maridão rico gostosão.
Nós, que assistimos, só temos uma vida.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

splish splash

Que manhã linda fez ontem! Nenhuma nuvem no céu (até a hora o almoço) e um calor senegalês de fritar ovo no asfalto. Lá fomos nós para a piscina aproveitar o último dia de férias.
Fiquei ocupada o tempo todo brincando e acompanhando as crias no entra-e-sai, pula e mergulha na água. Alguma coisa ficou me incomodando atrás da orelha. A pulga só foi morder à noite, depois que eles foram dormir e a casa ficou silenciosa o suficiente para que eu pudesse ouvir meus pensamentos.
A piscina estava lotada, como era de se esperar. A quantidade de crianças era igual a plateia do sambódromo em noite de desfile do primeiro grupo. A bagunça, no mesmo estilo de pré-aquecimento. Dois salvavidas (é assim que se escreve agora?). Batendo papo. Nessa terra de ninguém, os pequenos se divertiam enquanto seus acompanhantes batiam papo. Ou liam jornais e revistas. Ou estavam no celular. A maioria nem saber aonde a criança estava, sabia.
Tarde da noite, meu sangue começou a ferver. Como pude deixar passar isso em branco por tanto tempo?
Para quem não sabe, a segunda maior causa de mortes infantis é por afogamento. A primeira são acidentes de carro (˝já falei sobre isso aqui). Em um país tropical como este, acho inadmissível o descaso com crianças na água. Não existem alarmes ou redes em piscinas e os sinais sobre as marés em praias não são respeitados. Os adultos responsáveis (ocupados com o churrasco ou em comentar os gols da rodada) confiam cegamente no bom senso e capacidade de tomar decisões de uma criança de menos de 4 anos sem sequer bóia de proteção, deixando-as desacompanhadas em piscinas ou mar.
Oops, escorregou e caiu na água uma criança do meu lado, de uns 3 anos. Se eu não estivesse ali, o que aconteceria? Espero. Espero. Nada de aparecer alguém responsável.  Cadê seu papai ou mamãe?-Pergunto à menina. Estão do lado de fora, alí no banco, olha.-Responde ela. Que maravilha, penso comigo mesma.
Faz algum tempo, Fofoquinha convidou uma amiguinha para ir à piscina. Os pais deixaram e pediram para que ela colocasse as bóias no braço. Ela não queria de jeito nenhum, afinal Fofoquinha não usaria uma também. Eu falei que não havia problema, pois eu e meu marido estaríamos dentro da água com elas o tempo todo. Recebí aquele olhar-que já estou tão acostumada-de quem quer dizer "De que planeta você veio, mesmo?" O pai ainda me perguntou "Vocês ficam com eles na água? O tempo todo?". Ai, ai.....ô paciência.
É sua obrigação como pai ser o salvavidas  de seus filhos-isso quer dizer prestar atenção o tempo todo neles: não estar no celular, lendo ou batendo papo. É sua obrigação não perdê-los de vista nem por um segundo quando estão na água. É sua obrigação brincar, rir e se divertir com eles. E não esqueça de tirar bastante fotos.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

sou uma mãe problema

Sabe aquelas mães que todo mundo diz "Hiiii, lá vem ela, vamos disfarçar e andar para lá antes que ela veja a gente"? Sou uma delas. Isso acontece principalmente com diretoras e secretárias de todas as escolas (de esportes, música, arte, ensino básico etc) que meus filhos passam,  ou com as outras mães que preferem passar longe de encrenca e levar uma vida entediantemente bege. Porque eu arrumo encrenca- o que é muito diferente de armar barraco, diga-se de passagem. Aliás, fiquei famosa na escolinha por isso. Quando a diretora me vê aproximando ela olha para todos os lados procurando uma saída rápida e sempre faz cara de "Ai meu Deus, o que ela quer desta vez?" quando não consegue. Não dá para não rir.
Não é porque faço parte da AMPROPOA (post do dia 29 de maio de 2008). Da AMPROPOA já me graduei faz algum tempo. Não sou daquelas mães que fica aborrecendo os outros com picuinhas relacionadas ao próprio umbigo e ao de seus filhotes. Bom, a não ser que pisem nos nossos respectivos calos. Então eu subo nas tamancas.
Me torno, mais cedo do que tarde, persona non grata porque eu questiono. Tudo. Tudico. O tempo todo. As pessoas nem sempre tem respostas. Não dou descanso enquanto não receber uma. Pior ainda, se eu não gosto da resposta não me conformo e tento mudar as regras. Forço mudanças. Isso faz de mim uma chata de galocha. Vamos combinar que é muito mais cômodo fingir que não está vendo o que está acontecendo e aceitar tudo o que ouve como uma verdade absoluta. Principalmente se for um "não" seguido de uma explicação tosca. Ahh, a preguiça....também tenho de vez em quando, confesso. Então lembro-me que tenho dois filhos. Eu quero um mundo melhor para eles. E para mim. Tenho certeza que dando o exemplo para a eles, quando crescerem,  se tornarão pedras no sapato de muita gente. Para mim será um motivo de orgulho.
Não é por nada não, mas se as pessoas se comportassem um tiquito como eu, o mundo hoje seria um lugar beeem melhor.