Outra noite tive que fazer um número que particularmente detesto:tirar minha cria da cama e levá-la ao ambulatório. Ele estava gritando de dor no ouvido, e depois de medicá-lo com anti-inflamatório e não fazer nenhum efeito,às tantas da madrugada, não tive escolha. O ambulatório estava cheio de crianças e pré-aborrescentes. No meio da madrugada. Achei muito triste ver tanta gente pequena doente. Cortou meu coração. A gente sempre se preocupa com o próprio umbigo (e os das crias, no máximo) e não percebe que a situação do vizinho pode ser bem pior. Esperamos uma hora e quarenta minutos para sermos atendidos. Não havia nenhum sistema de triagem, as crianças eram atendidas por ordem de chegada. Uma hora e quarenta minutos depois de assistir mais Big Brother do que sempre quiz-paro aqui para uma observação:em um ambulatório infantil a gente espera que pelo menos a TV esteja ligada em num canal apropriado para a idade das crianças e não a rede Globo, não?-fomos atendidos.
Entrei na sala pedindo desculpas para a pediatra por estar alí num horário daqueles (mais tarde, pensando bem não tem cabimento eu pedir desculpas, mas me senti assim na hora.) e a doutora deu um sorriso quase sarcástico que não entendí. Enquanto ela examinava minha cria (que sim, estava com muitos bunnies dentro do ouvido que precisavam sair da toca) ela foi me contando os casos que ela atendeu antes de nós:um menino com frieira no pé. Uma pré-aborrescente com uma espinha na cabeça. Um menino que estava com 37,5ºC de febre fazia uns 40 minutos. Não, não estou inventando isso, eu não tenho uma imaginação fértil dessas desde que o Tico e o Teco começaram a fazer revezamento para me manter acordada e respirando depois do nascimento da primeira cria . E atrás de nós, acompanhei depois, uma bebéia de semanas que precisava ser internada por algum motivo, também esperando por mais de hora para ser atendida.
A falta de triagem no ambulatório é uma coisa, a falta de bom senso dos pais para estar em um ambulatório no meio da noite é outra. Não interessa se é só porque o convênio paga. Se não é uma emergência, vá ao médico no dia seguinte! Quando a irmã de Paris Hilton (the queen of socialites), Nick, lançou faz uns 2 anos uma coleção de roupas com seu nome, um dos jornalistas de moda escreveu uma matéria de poucas linhas (não precisava nem merecia mais) a respeito e terminou com a seguinte frase: "It's not because you can that you should."
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